Lar da Parreira com conflitos internos e problemas financeiros
Técnicos da Segurança Social deslocam-se diariamente para o Centro de Apoio Social da Parreira depois da directora técnica cessante e o familiar de um utente terem apresentado queixa contra a instituição. Dívida de cerca de 40 mil euros acentua cenário de crise.
O Centro de Apoio Social da Parreira (CASP), no concelho da Chamusca, vive numa situação delicada causada pelo aumento da dívida, que ronda os 40 mil euros, e por conflitos internos entre a direcção, presidida por Jorge Ferreira, a directora técnica e o familiar de um utente. Segundo fonte próxima da instituição, que pediu para não ser identificada por recear represálias, a directora técnica deixou de se apresentar ao serviço subitamente, e sem se justificar, e apresentou uma queixa na Segurança Social contra a instituição. Nas últimas semanas os técnicos da Segurança Social têm aparecido quase todos os dias para realizar auditorias, verificar se as contas batem certo e ver como funciona a instituição. “Até agora não há nada a apontar, mas é uma situação perfeitamente evitável numa altura em que as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) estão a rebentar pelas costuras”, refere a mesma fonte, acrescentando que a situação piorou ainda mais depois do familiar de um utente ter apresentado nova queixa por motivos ainda não conhecidos.
A directora técnica, que entretanto foi substituída no cargo por uma funcionária do lar com habilitações para o cargo, trabalhava há cerca de um ano e meio na instituição. Segundo apuramos mantinha uma relação conflituosa com quase todos os funcionários, existindo frequentemente discussões acesas. “Sempre foi muito criticada por todos os funcionários pela sua postura altiva. A direcção também estava desiludida com as suas atitudes porque queria mandar na instituição sem ter competências e legitimidade para isso”, refere a mesma fonte, adiantando que nos últimos meses, com o teletrabalho e um pedido de baixa, foram muito poucas as vezes que apareceu no edifício do centro social para trabalhar presencialmente.
PANDEMIA FEZ AUMENTAR DÍVIDA
À semelhança do que acontece em quase todas as IPSS a pandemia colocou as contas do CASP abaixo da linha vermelha. Contactado por O MIRANTE, o presidente Jorge Ferreira revelou que o Centro de Apoio Social da Parreira tem uma dívida de cerca de 40 mil euros, que se justifica pelo aumento das despesas e quebra das receitas. “Fazem muita falta as festas familiares que realizávamos todos os anos, como a da sardinha assada, por exemplo. Conseguíamos fazer sempre três ou quatro mil euros de lucro em cada uma que ajudava no equilíbrio financeiro”, explica.
Sobre o conflito entre a direcção e a ex-directora técnica, o dirigente confirmou a sua existência, mas preferiu não prestar declarações porque o assunto está em fase de resolução. “Aquilo que mais me preocupa neste momento é dar resposta aos nossos utentes, que são perto de meia centena, em ERPI (Estrutura Residencial para Pessoas Idosas), Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário (SAD). Também estamos a fazer um esforço muito grande para reduzir os custos e tentar equilibrar as contas do CASP”, sublinha.
À margem
Dirigentes políticos da Chamusca vão de férias e cada um que se amanhe
As dificuldades que o Centro de Apoio Social da Parreira atravessa foram discutidas de uma forma muito ligeira na reunião de câmara da Chamusca de 17 de Agosto. A vereadora Gisela Matias (CDU) questionou a vice-presidente, Cláudia Moreira (PS), sobre se tinha conhecimento do que se estava a passar na instituição e que medidas e apoios iriam ser dados para ajudar a resolver o problema. Segundo a autarca explicou a O MIRANTE, Cláudia Moreira limitou-se a afirmar que estava em periodo de férias e que ainda não se tinha debruçado sobre o assunto.
Quem perceber a dificuldade na gestão de uma instituição com cerca de meia centena de utentes fica a perceber melhor o que valem alguns autarcas no exercicio das suas funções. A resposta as difilculdades que se vivem no lar da Parreira não são iguais às do lar da Carregueira mas o comportamento dos autarcas é similar nos dois casos.