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José Romão: “A intolerância é um sentimento que me desagrada”
José Romão nasceu em Alverca e sonha poder concretizar um roteiro gastronómico na freguesia

José Romão: “A intolerância é um sentimento que me desagrada”

José Romão, 48 anos, é um rosto conhecido de Alverca do Ribatejo, cidade onde nasceu, trabalha e vive. Diz guardar grandes memórias da sua infância na cidade, numa altura em que havia menos população e automóveis e quando se brincava na rua. Homem de esquerda, lida mal com o racismo e a discriminação. Tesoureiro do executivo da União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, não tenciona ser político profissional.

Sou orgulhosamente nascido em Alverca. Tenho muito boas memórias da minha infância e de uma Alverca que era muito mais pequena do que é hoje. Lembro-me da zona da Chasa ainda nem sequer estar construída. Lembro-me de brincar no terreno onde hoje está a Igreja dos Pastorinhos. A minha geração foi a geração da rua: fazíamos tudo fora de casa. Era uma vivência própria de bairro onde todos se conheciam. Foi uma infância muito feliz.

Não gosto de estar parado e gosto pouco de dormir mas não sou viciado em trabalho. Comecei a trabalhar na OGMA, primeiro como empregado de armazém e depois como controlador de produção. Ainda estive onze anos na empresa. Foi um orgulho ter vestido a camisola daquela casa. Aprendi muita coisa com os trabalhadores mais velhos e guardo muito boas recordações da OGMA. Entrei para a Juventude Comunista Portuguesa aos 15 anos porque sempre tive o sonho de melhorar a vida dos trabalhadores e da nossa sociedade. Sempre fui um homem de esquerda e comunista convicto. Sou filho de pais operários, trabalhadores rurais que tiveram uma vida dificílima e sem qualquer futuro.

Gosto de ler, ouvir música e ver televisão. Estou a ler o livro do Domingos Amaral, “Assim nasceu Portugal”. Sou um benfiquista daqueles que sofrem com os resultados. Acompanho os jogos sempre que posso mas recuso-me a pagar os canais de desporto, para isso vou ao estádio. Gosto bastante de ouvir o relato na rádio, é um gosto que herdei do meu pai.

Sou dirigente associativo na Associação para a Integração de Pessoas com Necessidades Especiais (AIPNE) e na Associação de Pais da Escola da Chasa. Gosto de contribuir como posso para a minha terra e as associações. Gosto muito de cozinhar e de comer, apesar de não ter um prato favorito. Confesso que gosto muito de sushi. E não renego umas migas de espargos com carne de alguidar. Sou um bom garfo e Alverca é uma cidade de muitos e bons restaurantes.

Tira-me do sério o racismo. É inadmissível. A intolerância com os outros desagrada-me. É daquelas coisas inconcebíveis que já não deviam existir na nossa sociedade. Um dos meus sonhos de vida é ver os meus filhos muito felizes e com orgulho do pai. Basta-me isso e já poderei morrer feliz. Tenho esperança no futuro e trabalharei todos os dias para que o futuro deles seja o melhor possível.

O local que gosto mais em Alverca é o jardim do bairro. É o que me traz melhores memórias e me leva de volta à infância. Incluindo memórias de grandes concertos que ali se realizaram, dos Trovante aos Xutos passando por Rádio Macau e Paulo de Carvalho. Alverca é uma grande cidade e o que precisa é apenas de pontos estruturantes. Sítios para o movimento associativo que permitam que as pessoas possam sair à rua e interagir.

José Romão: “A intolerância é um sentimento que me desagrada”

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