Há várias situações de discriminação de cidadãos em Portugal. Neste meu comentário refiro a discriminação que é feita entre quem tem médico de família e quem não tem. O Estado não consegue resolver o assunto e a discriminação mantém-se, ano após ano. É inconstitucional e insuportável.

Mesmo quando os doentes são atendidos o médico tem que avaliar sem ter o conhecimento que lhe daria maior segurança no diagnóstico. A situação é mais grave porque há muitos cidadãos com doenças crónicas que saltam de médico para médico. O que está a ser feito com as consultas do desenrasca é também injusto para os médicos que ficam com uma maior probabilidade de erro. Nenhum cidadão deve ser discriminado desta forma. Não podemos continuar a ignorar uma desigualdade tão veemente no nosso Serviço Nacional de Saúde.

E deixo a pergunta: se há médicos sem especialidade de medicina geral e familiar, a assegurarem consultas em muitos centros de saúde, porque não lhes podem ser atribuídos ficheiros de utentes? Pelo menos, da próxima vez que atendessem a mesma pessoa poderiam ter informação sobre ela e as consultas poderiam ser agendadas antecipadamente e a medicação crónica receitada com segurança e avaliada a sua eficácia? Se são bons médicos para nos diagnosticarem e receitarem, uma, duas, três vezes, porque não podemos ser sempre atendidos por eles?

Filomena Godinho França Almeida