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Demissão de médicos do Hospital VFX faz colapsar serviços
Urgências no Hospital de Vila Franca de Xira estão a ser um problema para utentes e bombeiros

Demissão de médicos do Hospital VFX faz colapsar serviços

Onda de despedimentos após o fim da parceria público-privada fez colapsar as equipas do serviço de urgência e medicina interna do hospital. Há doentes transportados em ambulância a esperar horas para serem admitidos. As corporações de bombeiros queixam-se da retenção de meios e o Sindicato dos Médicos fala em problema sem solução à vista que já levou mais de uma dezena de clínicos a pedir exclusão de responsabilidades.

As equipas do Serviço de Urgência e de Medicina Interna do Hospital Vila Franca de Xira estão desfalcadas e não cumprem os níveis de segurança necessários, exigidos pelos critérios mínimos. A situação deve-se a uma vaga de despedimentos de clínicos antes do fim da gestão em regime de Parceria Público-Privada (PPP), em Junho último, sem que o quadro tenha sido reposto e que passou até agora despercebida.

A O MIRANTE, fonte oficial da unidade hospitalar refere que o novo conselho de administração está a trabalhar afincadamente na resolução dos problemas reconhecendo que “não há soluções céleres para um serviço hospitalar tão relevante e que perdeu mais de 12 médicos”.

Os constrangimentos têm-se agravado desde então originando filas de ambulâncias com doentes que passam entre duas a três horas à espera de serem admitidos na urgência alegadamente também por falta de macas. O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) já veio apelar ao conselho de administração do hospital, ao Governo e à Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo para que contrate médicos ou para que sejam dadas condições que facilitem a sua contratação.

Fim da PPP marcado
por demissões

A primeira a apresentar demissão foi a directora do Serviço de Urgência Geral, a 31 de Maio, horas antes do início do novo modelo de gestão, por “situações relativas ao período de gestão PPP”. Nessa altura demitiram-se outros 12 médicos e no mês de Agosto “o próprio director do serviço de Medicina Interna apresentou a rescisão de contrato, a que não terão sido alheias as enormes dificuldades que o serviço foi conhecendo”, refere a mesma fonte.

Espelhando as dificuldades que se vivem no hospital, cuja gestão passou há três meses a pertencer ao Serviço Nacional de Saúde, há médicos a entregar minutas de exclusão de responsabilidade disciplinar face ao funcionamento anormal dos serviços. Segundo o SIM, 12 médicos já fizeram chegar a sua minuta ao conselho de administração, para declinar responsabilidade individual por falhas de diagnóstico ou terapêutica, condicionada por mau funcionamento dos serviços.

Bombeiros e ambulâncias retidas durante horas

O problema da falta de pessoal clínico, que consequentemente aumenta o tempo de espera dos doentes, é facilmente perceptível pela anormal concentração de ambulâncias à porta do serviço de urgência. Contactados por O MIRANTE, três comandantes de corporações de bombeiros do concelho confirmam e mostram-se preocupados com a segurança clínica dos doentes e os constrangimentos que a situação está a causar ao reter meios e operacionais durante horas.

“Ao que nos dizem é por falta de macas. Isto obriga a que a ambulância fique todo esse tempo inoperacional”, refere o comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira, Elviro Passarinho, que optou por indicar aos operacionais para aguardarem a libertação da maca no quartel, dada a proximidade com o hospital.

No caso dos bombeiros da Póvoa de Santa Iria e Alverca do Ribatejo os operacionais aguardam entre duas a três horas dentro da ambulância à espera da maca. O comandante da corporação de Alverca, Alberto Fernandes, diz que o tempo de espera fora do normal tem vindo a ser cada vez mais recorrente nos últimos dois meses, sem que haja registo de picos de afluência ao hospital, como acontece todos os anos no Inverno por causa da gripe, ou no último ano devido à Covid-19. “Alegadamente é por falta de macas, é o que nos dizem”, afirma.

Para o comandante dos Bombeiros da Póvoa de Santa Iria, António Carvalho, o problema precisa de uma solução urgente e a vários níveis, inclusive na própria infra-estrutura. “Nem o sistema de as ambulâncias acederem ao hospital nem a triagem funcionam bem”, diz, defendendo que os doentes transportados à urgência em ambulância devem ter um acesso mais rápido à triagem.

Três meses de gestão pública

A gestão pública regressou ao Hospital Vila Franca de Xira a 1 de Junho deste ano após uma década de gestão privada do grupo José de Mello Saúde que o tornou numa das melhores unidades do país. Quando o Hospital Vila Franca de Xira passou novamente para a gestão pública o Governo veio garantir que a assistência prestada à população não seria afectada. Nessa altura, autarcas dos cinco concelhos servidos pela unidade hospitalar mostravam-se apreensivos quanto à manutenção da qualidade do atendimento à população.

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