Greif pede desculpa aos moradores da Póvoa pelos maus cheiros
Nas últimas semanas quem vive na zona histórica da cidade e quem circula na Estrada Nacional 10 voltou a sentir os odores fortes provenientes da laboração da fábrica. Presidente da câmara critica e diz que as melhorias implementadas no sistema de gases não são suficientes.
Ainda a manhã começou na zona histórica da Póvoa de Santa Iria e Fernando Horta já não consegue abrir a janela da sua casa, situada na Rua das Lezírias, por causa do cheiro acre e intenso que se sente no ar. À mulher, Andreia, os cheiros dão-lhe vómitos e tem sido cada vez mais difícil conviver com o problema.
Um problema que tem sido sentido por toda a comunidade nas últimas semanas, em particular para quem vive ou circula perto da empresa Greif, situada junto da Estrada Nacional 10.
Depois do assunto ter sido alvo de queixas na última assembleia municipal os cheiros cessaram, mas quem ali vive diz que é apenas uma pausa nos tormentos. O presidente do município de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, confirma que o problema se arrasta há décadas apesar de já ter havido contactos com os Ministérios da Economia e Ambiente sobre o assunto, incluindo a Agência Portuguesa do Ambiente.
“Aquela fábrica não devia estar ali há muitos anos”, critica o autarca, explicando que já foi solicitado ao administrador da empresa a sua deslocalização para outro local no concelho mas que tal ideia foi refutada. “As empresas são decisivas para o desenvolvimento do nosso concelho mas têm de ser amigas do ambiente, o que não é o caso. Vamos manifestar mais uma vez o nosso desagrado”, criticou.
Empresa promete novos investimentos
Contactada por O MIRANTE, a Greif lembra que está implantada naquele local há 80 anos e tem contribuído para a valorização da comunidade através da criação de postos de trabalho. “As preocupações ambientais têm sido uma constante e ao longo dos anos fomos fazendo mais e melhor, investindo no sentido de melhorar as condições da nossa produção, adequando-a o mais possível à qualidade ambiental”, explica a administração da empresa.
A Greif produz embalagens de plástico, fibra, contentores, baldes de aço e garrafões de água. Há sete anos a fábrica instalou um RTO, acrónimo de sistema de oxidação térmica e incineração, que permitiu reduzir a emissão de odores em larga escala, e foi deslocalizada 30 por cento da produção para Espanha, para minimizar a emissão de odores.
Presentemente está projectada a instalação de um segundo RTO na fábrica da Póvoa de Santa Iria, prevista para 2022 e que envolve um investimento de cerca de um milhão de euros visando reduzir mais a emissão de odores, informa a empresa, acrescentando que vai também deslocalizar mais 20% da produção para Espanha, medida que tem de ser conciliada com a manutenção dos postos de trabalho.
Já sobre a deslocalização da fábrica, a Greif não enjeita essa possibilidade, “desde que tal venha a ser possível dentro do concelho de Vila Franca de Xira, não só por ser nossa preocupação a minimização do impacto da mudança de local de trabalho dos nossos trabalhadores, como pelo facto da grande maioria dos nossos fornecedores e clientes estarem domiciliados no concelho”.