Por cada novo especialista têm que ser contratados três ou quatro não especialistas
Em alguns serviços da função pública, nomeadamente no SNS, como não há aumentos nem progressão nas carreiras, a solução para ter melhor remuneração é fazer uma especialidade e trabalhar como especialista. Calculo que seja assim, por exemplo, para os enfermeiros.
A partir daí, como o especialistas vai ter um trabalho mais exigente e que exige mais tempo, vai ter que ser contratado outro profissional para o fazer. O serviço melhora porque tem um novo especialista, numa qualquer área que é importante, mas piora se não entrar alguém para fazer o que deixou de ser feito. E quando alguém ocupa um cargo de chefia e deixa de fazer o que faz, passa-se o mesmo.
Não é por acaso que no Serviço Nacional de Saúde onde, segundo a Ministra da Saúde, foram contratados desde 2015, mais 29.000 profissionais, dos quais 11.000 enfermeiros, cada vez faltam mais enfermeiros. E os doentes não aumentaram assim tanto (tirando as piores alturas da covid), nem foram criados mais hospitais ou centros de saúde. Ela diz que é um problema de organização. Quem sou eu para a desmentir.
Luís Carlos Monteiro