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Bloco central na Câmara de Santarém para garantir estabilidade governativa
Acordo entre PSD e PS vai proporcionar pelouros a vereadores socialistas na Câmara de Santarém

Bloco central na Câmara de Santarém para garantir estabilidade governativa

Acordo entre PSD e PS foi anunciado durante o discurso de tomada de posse do presidente do município, Ricardo Gonçalves. Social-democratas, com maioria relativa na câmara, partilham lugares e poder com os socialistas num acordo inédito entre os dois partidos em Santarém.

Em contraste com a crise política que se vive a nível nacional por falta de sintonia entre os principais partidos em torno do Orçamento de Estado, em Santarém o PSD e o PS entenderam-se num acordo inédito para garantir estabilidade na governação do município nos próximos quatro anos. Uma partilha de poder e de lugares entre dois adversários habituais que, à partida, vai permitir enfrentar sem grandes sobressaltos um ciclo político repleto de desafios para as autarquias. Recorde-se que PSD e PS têm 4 elementos cada no executivo camarário, havendo ainda um vereador do Chega.

Na noite de segunda-feira, 25 de Outubro, no seu discurso de tomada de posse, o presidente de câmara reeleito com maioria relativa, Ricardo Gonçalves (PSD), confirmou o entendimento, embora sem detalhar os termos do mesmo, que devem ser conhecidos até final desta semana.

Pela cidade fala-se que o PSD vai ceder uma fatia de poder ao PS, consubstanciada num vereador a tempo inteiro e outro a meio tempo, com pelouros atribuídos. Nuno Russo e Nuno Domingos são os nomes badalados para assumirem essa responsabilidade. Os socialistas devem também ter lugar nos novos conselhos de administração das empresas municipais Águas de Santarém e Viver Santarém e poder nomear alguns assessores políticos para os seus eleitos.

Certo é que o acordo entre PSD e PS já produziu efeito na composição da mesa da assembleia municipal, que continua com o socialista Joaquim Neto como presidente, tendo agora o social-democrata Carlos Marçal como primeiro secretário e a socialista Helena Vítor como segunda secretária. Até agora, a mesa era exclusivamente composta por eleitos do PS.

Mandato recheado de desafios e oportunidades

No seu discurso, Ricardo Gonçalves lembrou que já em anteriores mandatos, com maioria absoluta ou não, tentara partilhar pelouros com a oposição, então sem sucesso, e congratulou-se com o desfecho agora conseguido. “Queremos unir pessoas e objectivos em prol de Santarém. (…) Juntos, conseguiremos fazer de Santarém um concelho mais desenvolvido, e um dos melhores de Portugal, com um contínuo desenvolvimento económico e social”, afirmou.

Pela frente, o novo executivo vai ter desafios importantes, como as novas competências delegadas pela administração central, o novo quadro comunitário de apoio e o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). No âmbito do PRR, Ricardo Gonçalves anunciou já estar aprovada a candidatura para o Plano Local de Habitação, no valor 21 milhões de euros, que “irá permitir acabar com a indignidade de ainda termos pessoas em Santarém a viver com más condições de habitabilidade”.

Mas o autarca quer mais dos muitos milhões da Europa, como a construção de uma residência de estudantes nos antigos apartamentos da Escola Prática de Cavalaria ou o desvio da Linha do Norte. “Este investimento não colide com a alta velocidade Lisboa-Porto, e é fundamental para a nossa região. Não nos pode ser sonegado por qualquer Governo, seja ele de que partido for”, enfatizou.

O autarca falou ainda de outros objectivos para os próximos quatro anos, como a regeneração da zona ribeirinha e a despoluição do Tejo, a revitalização do rio Alviela, a criação de um grande cluster da saúde em Santarém, a continuação da consolidação das encostas da cidade, a requalificação da actual zona industrial e a criação de novas zonas de desenvolvimento económico e de inovação.

À margem

Salomé Rafael renuncia ao mandato

A socialista Salomé Rafael, que integrava a lista do PS no terceiro lugar, renunciou ao mandato tendo tomado posse, no seu lugar, Sofia Martinho, quinta da lista e que foi vereadora no mandato que agora terminou.

No pedido de renúncia ao mandato, a antiga presidente da direcção da Nersant refere que aceitou integrar a lista do PS à Câmara de Santarém porque acreditava e continua a acreditar, no “projecto de mudança proposto pelo PS, assente numa visão inovadora e diferenciada para o concelho”. E acrescenta que procurou reorganizar a sua vida profissional, de forma a estar mais disponível e poder dedicar-se a esse projecto político. “No entanto, face aos resultados eleitorais, entendi que devo retomar a minha actividade profissional, pelo que informo V. Exa. que pretendo renunciar ao mandato de vereadora”, escreve na carta dirigida ao presidente da Assembleia Municipal de Santarém, Joaquim Neto.

Os óculos ficaram em casa

O presidente da Junta de Freguesia de Arneiro das Milhariças, Paulo Guedes (PSD), protagonizou um dos momentos mais caricatos da noite. O autarca esqueceu-se dos óculos e teve evidente dificuldade em ler a cábula do auto de tomada de posse, que começa por “eu abaixo-assinado...”. Aos soluços, a coisa lá se resolveu...

Inês não ganhou para o susto

A vereadora Inês Barroso (PSD) não ganhou para o susto quando descia do palanque após ter assinado a tomada de posse. Desequilibrou-se nas escadas e por pouco não se espalhava ao comprido. Os reflexos e a destreza da antiga basquetebolista e professora de educação física evitaram males maiores.

No escurinho do convento

A sessão de tomada de posse decorreu num tom de penumbra, dada a escassa iluminação da antiga igreja do Convento de São Francisco. Escapava o palco onde estava a mesa da assembleia municipal e onde os autarcas assinavam a tomada de posse. Um ambiente a fazer lembrar aquela música da Rita Lee, que começa assim: “No escurinho do cinema...”. Não foi bem assim, mas foi quase.

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