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Cidadãos temem abate indiscriminado de árvores junto a estradas nacionais
As azinheiras junto à EN362 são imagem de marca em Outeiro da Alfazema. São muitos os avisos afixados em árvores e postes na EN 144 no concelho de Rio Maior

Cidadãos temem abate indiscriminado de árvores junto a estradas nacionais

A Infraestruturas de Portugal vai realizar operações de desmatação ao longo de troços das estradas nacionais 114 e 362, nos concelhos de Rio Maior e de Santarém, respectivamente. Há quem alerte para o risco de serem eliminados alguns exemplares que são marcas na paisagem.

A empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP) afixou avisos nas bermas das estradas EN114, no concelho de Rio Maior, e EN362, no concelho de Santarém, onde informa que vai proceder a trabalhos de limpeza e desmatação, até 10 metros da faixa de rodagem, que podem implicar o abate de árvores “sempre que necessário”. Os avisos fizeram soar os sinais de alarme junto de alguns cidadãos mais preocupados com as questões ambientais, que receiam ver desaparecer árvores que marcam a paisagem. É o caso das emblemáticas azinheiras existentes junto à EN362, em Outeiro da Alfazema, no troço que liga Santarém a Alcanede, recentemente marcadas com tinta branca, o que pode indicar estarem na lista para abate.

“O abate das árvores marcadas, maioritariamente protegidas por lei, a ocorrer, configurará, pelo seu valor ecológico e paisagístico, um grave e irreparável atentado ao património natural local, levado a cabo por entidades públicas, com a conivência daqueles que deveriam contribuir para a sua preservação e valorização”, diz o cidadão Adelino Madeira, que dá ainda o exemplo dos carvalhos dispersos ao longo da EN362 nas imediações de Outeiro de Alfazema.

Adelino Madeira, morador em Tremês, refere que a maioria das árvores marcadas nessa zona são espécimes isolados, não integrando qualquer povoamento florestal. E reforça alegando que a legislação invocada pela IP para estas acções é aplicável a áreas florestais, o que não é o caso de grande parte desse troço de 20km da EN362 que atravessa as uniões de freguesias de Romeira e Várzea, Azóia de Cima e Tremês, Achete, Azóia de Baixo e Póvoa de Santarém e a freguesia de Alcanede.

Uma situação que não é muito diferente ao longo do troço de cerca de 20km da EN114 que vai ser intervencionado no concelho de Rio Maior. Das imediações de São João da Ribeira até Rio Maior encontram-se afixados numerosos avisos sendo vários os troços onde o arvoredo é um elemento marcante à beira da estrada. “Preocupo-me com os critérios subjacentes ao corte. Será possível garantir que não levam tudo a eito?”, questiona outro cidadão, João Correia, residente em Ribeira de São João, que também fez chegar a sua preocupação ao nosso jornal.

O assunto foi também abordado na última reunião de câmara de Rio Maior pelo vereador Miguel Paulo, tendo o presidente do município, Filipe Santana Dias, ficado de contactar a IP para tentar assegurar que não vai ser feita uma “limpeza cega”.

Avisos aos proprietários

Os avisos da IP informam que a empresa pública vai proceder a trabalhos de limpeza da carga combustível nas faixas laterais de terrenos confinantes com as vias até um limite de 10 metros da faixa de rodagem. Sempre que os terrenos sejam privados, estes devem facultar o acesso às entidades que procedem às operações.

“Os trabalhos constam da limpeza de matos, desramação e abate de árvores, sempre que necessário”, explica a IP, acrescentando que, até à data de início dos trabalhos, os proprietários podem realizar essas intervenções procedendo ao abate e poda das árvores e limpeza do mato.

O MIRANTE contactou a Infraestruturas de Portugal para tentar obter mais alguns esclarecimentos não tendo recebido resposta até ao fecho desta edição.

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