Falta de macas e cadeiras de rodas no Hospital de VFX prejudica utentes e bombeiros
Corporações de bombeiros que precisam de transportar utentes às urgências do hospital chegam a ficar retidas duas a três horas à porta por falta de material do hospital. Falam em situação inadmissível e exigem soluções à nova administração.
A crescente falta de macas e cadeiras de rodas disponíveis para os doentes no Hospital de Vila Franca de Xira está a obrigar as ambulâncias das corporações de bombeiros da região a terem de ficar retidas nas urgências duas a três horas quando transportam doentes ao local.
O alerta é deixado por várias corporações escutadas por O MIRANTE que avisam que a situação pode comprometer o socorro e pedem uma intervenção rápida da nova administração hospitalar. José Nepomuceno, comandante da corporação de Benavente, confirma que já chegou a ter ambulâncias retidas no hospital mais de três horas por falta de macas. “Sempre que isso acontece ligo ao comandante operacional distrital para que se encontrem soluções. Felizmente temos sempre estado em contacto com os bombeiros de Samora Correia para o caso de ser preciso acudir a alguma emergência enquanto as nossas ambulâncias estão lá paradas”, lamenta.
O responsável diz que a situação não é razoável e comporta custos acrescidos para as corporações, que já atravessam dificuldades com o aumento dos custos de combustível. “O que está a acontecer é inadmissível e compete à nova administração resolver este problema da falta de macas e cadeiras de rodas. Quando os doentes precisam de ficar acamados já não conseguimos sair”, critica.
Também na corporação de Alverca, no concelho de Vila Franca de Xira, o problema é sentido há vários meses mas tem-se agravado recentemente. Alberto Fernandes, comandante dos bombeiros, confirma a O MIRANTE ambulâncias à espera “duas a três horas” e alerta para os transtornos operacionais que a situação causa forçando Alverca a recorrer a corporações vizinhas quando há emergências e as ambulâncias estão todas paradas no hospital. “Esta administração tem de olhar para este problema que já perdura no tempo e precisa de ser resolvida”, apela.
“Não somos depósito de material para o hospital”
As queixas sobre o agravamento das condições no hospital vêm também dos Bombeiros de Azambuja, onde Ricardo Correia, comandante dos voluntários daquela vila, se confessa bastante apreensivo com a situação. “Já estávamos à espera disto quando se mudou da gestão privada para a pública, porque a falta de macas não é nova, é algo que tem acontecido com regularidade. Se o hospital já tem esperas elevadas nas urgências em Outubro nem quero imaginar quando chegar o pico da gripe ou uma nova vaga de Covid”, alerta o responsável.
Ricardo Correia confirma que a actual situação compromete o socorro e apela às entidades que o gerem para dotarem rapidamente o espaço de condições. “Os bombeiros não podem ser um depósito de material para o hospital. Tenho esperança que olhem para isto e reforcem o material necessário para que as ambulâncias possam ser libertadas mais rapidamente”, nota.
O MIRANTE contactou a nova administração sobre o assunto mas não recebeu qualquer resposta até ao fecho desta edição.
A nova administração do hospital, unidade que tem doentes internados numa das garagens do edifício e que já mereceu duras críticas da Ordem dos Médicos e Sindicato Independente dos Médicos, já recebeu também críticas do novo presidente da Câmara de VFX, Fernando Paulo Ferreira, que avisou que esta tem de fazer muito mais para garantir um bom atendimento à população. “O atendimento tem de melhorar. Lutámos muito para ter um novo hospital e por isso é preciso que os seus responsáveis consigam garantir os melhores padrões de serviço”, criticou.