O casal de arquitectos que tem de fazer muitos cálculos para gerir a vida
Pedro Gouveia e Inês Pequeno têm despesas com quatro filhos. O casal almoça na cantina, aproveita a sopa que sobra da refeição para comer ao jantar, não faz gastos supérfluos e para ter férias tem de poupar muito.
Pedro Gouveia e Inês Pequeno são arquitectos de profissão. À partida imagina-se que têm condições para gozar os prazeres da vida. Mas o casal tem de abdicar de várias coisas e poupar para poderem ter férias no Algarve, para onde vão todos os anos. As duas filhas mais velhas a estudarem no ensino superior, uma delas em Bratislava, capital da Eslováquia, através do programa europeu Erasmus, e mais dois filhos, um no 12º ano e outro no 4º, obriga o casal a conter-se nas despesas. Ambos trabalham na Câmara de Santarém. Pedro Gouveia é director de departamento e Inês Pequeno técnica superior.
Como são uma família numerosa o orçamento tem que ser muito controlado. A responsável pelo orçamento caseiro é Inês Pequeno e a maior fatia é gasta com os filhos. A poupança é uma palavra presente em casa e o casal incentiva os jovens a pouparem e foi assim que os mais velhos compraram os seus telemóveis. As duas jovens que estão na universidade são filhas de Pedro, de um anterior casamento. Leonor, de 21 anos, frequenta o 4º ano de Ciências Farmacêuticas numa universidade privada e está em Bratislava. Constança, de 19 anos, está no 2º ano de Design de Comunicação, em Lisboa. Francisco é filho de Inês, tem 18 anos e está no 12º ano. Margarida, a filha de ambos, tem nove anos e está no quarto ano.
Inês Pequeno, 47 anos, impõe uma gestão rigorosa. Está sempre a ver onde pode poupar nem que seja uns trocos. Estuda as promoções dos supermercados e não deixa escapar a oportunidade de renegociar contratos de fidelização, como por exemplo das telecomunicações. Com a alimentação a família tem uma grande ajuda dos pais de Inês Pequeno que cultivam uma horta e ainda beneficia das refeições quase todos os fins-de-semana. Pedro Gouveia conta que os sogros também costumam comprar carne a mais para lhes dar.
Pedro Gouveia, que prefere nem saber das contas, quando quer comprar alguma coisa pergunta sempre à ministra das Finanças lá de casa. Para que o orçamento não fuja do controle o casal deixou de oferecer prendas um ao outro. “Conseguimos ter uma vida confortável, mas isso acontece porque fazemos uma boa gestão do orçamento financeiro, não temos grandes luxos”, explica Inês Pequeno. Raramente vão ao restaurante e almoçam todos os dias na cantina da Câmara de Santarém. Cada refeição custa três euros e muitas vezes trazem a sopa que sobra do almoço para o jantar de ambos ou da filha mais nova.
Quando trocaram de carro optaram por um usado. Nem todos os meses a empregada de limpeza pode ir e aí é o casal quem cuida da arrumação e limpeza. “Temos que fazer uma gestão muito apertada. Se temos gastos inesperados num mês temos que cortar em alguma coisa. Já aconteceu, por vezes, num mês vai o Pedro ao ginásio, no outro mês vou eu ao padel”, sublinha a arquitecta. Nas férias alugam uma casa no Algarve a meias com um casal amigo para gastarem o mínimo possível. As viagens ao estrangeiro, que tanto gostam, estão restringidas. Gostavam de ir em família visitar a filha mais velha a Bratislava, mas as contas não o permitem para já.