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Associação de Póvoa das Mós quer colocar aldeia no mapa
Novos dirigentes do Centro de Cultura e Convívio da Póvoa das Mós querem criar dinâmicas novas e colocar a localidade do concelho de Santarém no mapa

Associação de Póvoa das Mós quer colocar aldeia no mapa

Direcção do Centro de Cultura e Convívio da Póvoa das Mós tomou posse este ano e tem como objectivo criar dinâmicas que demonstrem que viver nas aldeias mais isoladas é uma vantagem e não uma contrariedade. No entanto, os jovens confessam estar preocupados com o envelhecimento da população e com a desertificação da localidade pertencente ao concelho de Santarém.

No alto da freguesia de Pernes, concelho de Santarém, uma direcção composta por 15 elementos, a maioria jovens entre os 18 e os 30 anos, trabalha para colocar a aldeia de Póvoa das Mós no mapa. Guilherme Pereira, Ângela Batista, Tiago Coelho e Rodrigo Ruivo fazem parte, desde Maio deste ano, da equipa do Centro de Cultura e Convívio da Póvoa das Mós que recebeu O MIRANTE numa tarde de sexta-feira para falar sobre os desafios que têm pela frente.

Para chegar à localidade é preciso percorrer um caminho sinuoso, com curvas e contra-curvas, até chegar ao topo da aldeia que tem menos de uma centena de habitantes, quase todos idosos, e que se atravessa por uma única rua. A falta de comércio é uma realidade que tem atrasado, na opinião dos jovens, o seu desenvolvimento; actualmente a aldeia tem apenas, com as portas abertas, um café, que só funciona da parte da tarde para receber os habitantes que trabalham nas localidades vizinhas, e uma oficina de mecânica que, contra todas as expectativas, tem muita clientela.

Os quatro amigos, à semelhança de quase toda a população activa de Póvoa das Mós, vivem na aldeia, e querem continuar a viver, mas são obrigados a trabalhar noutras vilas e cidades. Guilherme Pereira, presidente da associação, trabalhava na área das instalações eléctricas, mas vai abraçar um negócio familiar de produção de enchidos; Ângela Batista trabalha na restauração em Santarém; Tiago Coelho é funcionário de uma grande empresa de Santarém que fabrica mobiliário e sofás; Rodrigo Ruivo faz parte dos quadros de uma empresa de produção de bebidas e produtos alimentares sediada em Pernes.

A desertificação das aldeias do interior é um tema que os preocupa, mas confessam que ainda têm esperança que as pessoas apostem nas localidades rurais para constituírem família, mesmo que tenham de trabalhar noutros sítios.

FESTA DE SÃO BENTO LEVA CENTENAS À ALDEIA

Guilherme Pereira assumiu a presidência da associação em Maio com o objectivo de a reorganizar e criar mais dinâmicas e actividades que seduzam mais pessoas a visitar a aldeia. Um dos objectivos, que ainda não conseguiram cumprir devido à pandemia, é abrir o bar da colectividade. “Queríamos ter o bar da associação aberto aos fins-de-semana, mas não existe poder de compra suficiente. A única forma de contrariar esta tendência é apostar nos eventos sociais e culturais”, afirma.

A associação, que esteve inactiva durante cerca de uma década, voltou em 2016 a organizar a festa anual em homenagem ao padroeiro da aldeia, São Bento. O evento é no mês de Julho e realiza-se dentro do pavilhão com várias actividades ligadas à gastronomia e à música. Para conseguir pôr a festa de pé a comissão conta com patrocínios de empresas “amigas” que acreditam que o futuro das populações do interior depende da força do seu associativismo. Na última festa, por exemplo, o Centro de Cultura e Convívio da Póvoa das Mós conseguiu cerca de sete mil euros de lucro que tem sido utilizado em obras de melhoramento do edifício e no planeamento das próximas iniciativas.

Infelizmente, na opinião dos dirigentes, o movimento associativo nas aldeias não é suficiente para dar seguimento a projectos vencedores. “Quando pensei formar os órgãos sociais falei com muita gente que me disse que não tinha tempo para ajudar. Hoje as pessoas estão sempre a fazer alguma coisa e normalmente não é em prol do bem comum. O associativismo é essencial para que as localidades mais isoladas não desapareçam num piscar de olhos”, vinca Guilherme Pereira.

Nos próximos meses a associação vai investir em convívios trimestrais, nomeadamente almoços e jantares para divulgarem os produtos tradicionais da região. As caminhadas na natureza também estão na lista uma vez que as pessoas cada vez precisam mais de se desligarem da azáfama dos centros urbanos. Guilherme Pereira, em jeito de despedida, convida os leitores de O MIRANTE a aparecerem na Póvoa das Mós em Julho de 2022 para a Festa de São Bento e verem com os próprios olhos como ainda assim, com dedicação e amor à terra, se consegue fazer omeletes sem ovos.

Associação de Póvoa das Mós quer colocar aldeia no mapa

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