Kátia Sombra tem uma história de dedicação e sucesso ao Judo
Chegou ao Clube de Judo de Torres Novas em 2020 e já cimentou uma posição de atleta e treinadora de sucesso. Kátia Sombra sagrou-se recentemente campeã do mundo em veteranos e dedicou o título aos seus alunos para lhes provar que se treinarem com afinco é mais fácil chegar aos êxitos.
Kátia Maria Sombra da Silva, brasileira, 55 anos, conhecida como Kátia Sombra, é atleta e treinadora do Clube de Judo de Torres Novas e sagrou-se campeã mundial de Judo na categoria de veteranos F6-57 quilos. A prova decorreu a 24 de Outubro em Lisboa e a judoca, natural de Belém do Pará, dedicou este título aos seus alunos, com quem treinou para se preparar para a competição. Diz que este título é para lhes provar que se treinarem tudo é possível.
O MIRANTE foi ao Palácio dos Desportos em Torres Novas conhecer a mulher por trás da atleta. À chegada ao dojo Kátia estava a preparar o início do treino com a turma dos mais novos no clube, cinco crianças que estão no início da caminhada na arte marcial japonesa. Além da competição treinar atletas é uma das suas grandes paixões e considera que é uma vantagem ser uma treinadora tão experiente, porque percebe facilmente como é que os atletas se sentem, onde estão a ter mais dificuldades e como as ultrapassar.
Além deste título, Kátia já venceu três mundiais, em 2003, 2007 e 2008. Confessou ao repórter de O MIRANTE que este título teve um sabor especial. Dedicou-o aos seus alunos para lhes provar que com esforço e dedicação é possível atingir o patamar mais alto da competição. “Desejava muito ter esta medalha. Não só para mim, mas para o clube e para os atletas, para provar que com esforço e treino tudo é possível”, vinca.
Um porto de abrigo em Torres Novas
Kátia Sombra chegou a Portugal em Outubro de 2019. Encontrou em Torres Novas e no Clube de Judo local um porto de abrigo após ter visto o primeiro projecto em que trabalhou em Portugal, na zona de Sintra, fechar portas devido à situação pandémica que se viveu no início de 2020. Diz não pensar em voltar tão depressa ao Brasil porque encontrou em Torres Novas uma família e um projecto de vida.
A judoca é solteira e não tem filhos. Toda a família ficou no Brasil e confessa que a adaptação no início não foi fácil. O facto de ser brasileira causou alguma desconfiança, mas rapidamente ultrapassou isso graças à sua qualidade como treinadora e atleta. Actualmente é treinadora a tempo integral no Clube de Judo de Torres Novas e frequenta o mestrado em Treino Desportivo com especialização em Judo na Escola Superior de Desporto de Rio Maior que lhe dará o grau III de treinadora quando terminar.
Teve o seu primeiro contacto com o judo aos 15 anos quando começou a aprender a arte marcial para fazer demonstrações de defesa pessoal para o seu grupo de escuteiros no Brasil. Gostou bastante e nunca mais parou de praticar. Prefere a vertente de competição do judo, mas diz que já lhe serviu para defesa pessoal. Conta que foi uma vez apenas, para defender a irmã que estava a ser agredida. “Fiz uso do judo apenas dessa vez. Prefiro sempre evitar confusões. Com o conhecimento que tenho rapidamente passo de vítima a agressora e isso não pode acontecer”, explica.
Os pilares de qualquer arte marcial, especialmente as orientais, são o foco e a disciplina. Kátia confessa a O MIRANTE que isso a ajudou a enfrentar os desafios com que se deparou quando chegou a Portugal, sendo um deles, e talvez o maior, a pandemia da Covid-19. A auto-determinação e a disciplina que aprendeu com o judo fez com que não baixasse os braços. Nunca deixou de treinar e explica que, durante esse período de confinamento, o treino era feito recorrendo a bonecos para simular o adversário.
Outra das ferramentas que usava era o casaco do kimono, para treinar o sítio específico onde tem de agarrar os adversários para os derrubar e marcar pontos. Paus de vassoura eram também um objecto que usava no treino, nomeadamente para simular as projecções e a movimentação de entrar no espaço do adversário. Adaptou as mesmas técnicas no treino com os seus alunos enquanto não podia haver contacto físico.
Confessou a O MIRANTE que está a considerar retirar-se da competição para orientar em exclusivo os atletas na competição porque aos 55 anos não há muito mais que possa conquistar como atleta.
Muitos títulos no palmarés
Kátia Sombra é campeã do mundo pela quarta vez na classe de veteranos depois de ter conquistado títulos em 2003, 2007 e 2008. Foi também campeã sul-americana em 2008 e 2013 e campeã Pan Americana em 2013 sempre em representação do Brasil.
Não faltam atletas em Torres Novas
Torres Novas é um dos concelhos do distrito com uma oferta mais diversificada em termos desportivos: triatlo, natação, atletismo, futebol, basquetebol, ginástica, judo, entre outras… Kátia Sombra conta a O MIRANTE que com tanta oferta era de esperar que uma modalidade como o judo, que não tem tanta popularidade, tivesse alguma falta de interessados. O que não é verdade. A treinadora conta que tem tido sempre bastantes atletas e que, apesar de estar há pouco tempo no clube, vê que os atletas são dedicados e decididos naquilo que querem. Não vê muitas desistências e sente que os jovens que ali estão têm vontade de ir longe na modalidade.