Leonor Serrão, 12 anos, nunca tinha visto uns patins mas, aos seis anos, o seu tio incentivou-a a experimentar um treino de patinagem e nunca mais quis outra coisa. Há cerca de um mês sagrou-se campeã distrital em iniciados. Em 2019 também conquistou o mesmo título, mas no escalão de infantis. Maria Teresa Serrobeco, 15 anos, começou por praticar patins em linha. Quando experimentou os de rodas adorou. Também se sagrou campeã distrital, em cadetes, assim como Leonor. Ambas são atletas do clube Os Corujas - Ginásio Clube de Coruche.

A equipa de patinagem do clube participou no campeonato regional de patinagem livre com 11 atletas, em Outubro, em Constância. Além de Leonor e Teresa também Salvador Amorim conquistou o primeiro lugar em iniciados masculinos e Laura Pereira sagrou-se vice-campeã distrital em juniores. No escalão infantil, Teresa Potier conquistou a medalha de bronze.

Carla Costa, vice-presidente d’Os Corujas, explica que os bons resultados devem-se ao facto de terem atletas muito trabalhadores, que não faltam a um treino e que querem sempre mais. Em Julho mudaram de treinador, o que veio dar um novo ânimo ao grupo. João Sousa e Bruna Almeida são um casal que vive em Óbidos e faz o esforço, ele nuns dias ela em outros, de treinarem os atletas de patinagem em Coruche.

As mais recentes campeãs distritais do clube trabalham todos os dias para alcançarem mais títulos. Sagrarem-se campeãs nacionais e serem chamadas à selecção nacional são dois dos sonhos. “É para isso que treino todos os dias. Sou muito competitiva e dou sempre o meu melhor. Quando não consigo fico chateada mas faz-me treinar ainda mais para conseguir atingir os meus objectivos”, afirma Teresa Serrobeco a O MIRANTE.

Leonor Serrão já participou num campeonato nacional quando estava no escalão de infantis e quer repetir. “O ponto mais alto é quando vencemos. É uma satisfação enorme e o concretizar de um objectivo para o qual tanto trabalhei. Quero sempre repetir a vitória”, confessa momentos antes de mais um treino no pavilhão municipal de Coruche. Tanto Teresa Serrobeco como Leonor Serrão estão apuradas para o torneio nacional da modalidade que se realiza no último fim-de-semana de Novembro, na Guarda.

LEVAR O HÓQUEI ATÉ À 1ª DIVISÃO

Os Corujas têm duas modalidades: patinagem e hóquei em patins. Na patinagem têm cerca de meia centena de atletas que se divide em três grupos: formação, pré-competição e competição. No hóquei têm também cerca de 50 praticantes, com atletas desde os quatro anos até ao escalão de veteranos. A equipa de seniores e sub-23 disputa a 3ª divisão nacional. A equipa de veteranos também compete nos escalões nacionais.

O objectivo do clube, que comemora 36 anos a 5 de Dezembro, é apostar nos escalões de formação em ambas as modalidades. Em relação ao hóquei em patins ambicionam colocar a equipa sénior na 1ª divisão nacional em três ou quatro anos.

A vice-presidente do clube explica que não tem sido fácil captar atletas para o clube e, em particular, meninos para a patinagem. “Temos uma boa equipa nas duas modalidades mas temos dificuldade em captar meninos para a patinagem. Vêm para a formação e normalmente os meninos optam por ir para o hóquei. A patinagem ainda é considerada uma modalidade feminina mas queremos mudar mentalidades e gostávamos de ter mais rapazes na patinagem”, afirma Carla Costa.

Apesar da pandemia conseguiram manter o mesmo número de atletas e notam que as crianças e jovens estão sedentos de voltar a praticar desporto. Mantiveram treinos online mas foi muito difícil captar a atenção.

A ligação de Carla Costa ao clube começou quando a filha mais velha, actualmente com 17 anos, começou no ballet - numa altura em que Os Corujas tinham essa actividade. A filha mais nova tinha quatro anos quando experimentou a patinagem e, aos 13 anos, mantém a paixão pelos patins de quatro rodas.

Carla Costa começou por ajudar como todos os pais fazem e entretanto foi convidada para integrar os órgãos sociais. Esteve no conselho fiscal e há cerca de um ano assumiu a vice-presidência da patinagem. O vice-presidente do hóquei é Hugo Abreu e o presidente do clube é José Capricho.

O clube é conhecido como ‘a família Corujas’ por se considerarem uma família e serem unidos. Os pais, além de levarem os filhos aos treinos, também acompanham nas competições. Durante a pandemia foi difícil não ver os filhos competirem. Agora regressaram em força às bancadas para apoiarem os atletas. “O que queremos é que os nossos atletas sejam felizes. Se não forem felizes não vão conseguir atingir os objectivos. Essa é a nossa ambição e fazemos tudo para lhes proporcionarmos o melhor bem-estar possível”, sublinha Carla Costa.

Segundo José Capricho, o orçamento do clube em 2021 foi de cerca de 60 mil euros. O principal apoio é da Câmara de Coruche, 29 mil euros, mas não chega para todas as despesas. Todos os anos tem que ser feita uma ginástica orçamental para o dinheiro chegar para tudo. Os treinos dividem-se pelo pavilhão municipal, onde está a sede do clube, e pelo pavilhão da Escola EB 2,3 Dr. Armando Lizardo, em Coruche.