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Na Charneca dos Santiagos a qualidade do azeite depende da família e amigos
Na Charneca dos Santiagos, em Alpiarça, a apanha da azeitona faz-se entre familiares e amigos

Na Charneca dos Santiagos a qualidade do azeite depende da família e amigos

A Charneca dos Santiagos, em Alpiarça, tem um olival sustentável com variedades seleccionadas, destinadas exclusivamente à produção de azeite de qualidade superior. O MIRANTE conversou com Mário Santiago, proprietário do olival, que explicou as etapas de um processo que é realizado pelos familiares e amigos mais próximos.

Na Charneca dos Santiagos, em Alpiarça, a apanha da azeitona faz-se entre familiares e amigos num olival que o proprietário, Mário Santiago, considera sustentável por não consumir mais recursos do que aqueles que necessita. A reportagem de O MIRANTE foi provar a colheita deste ano e garante que, tendo em conta a qualidade do azeite, as oliveiras da Charneca dos Santiagos não foram vítimas dos ataques da mosca da fruta, situação que tem obrigado os produtores a iniciar a safra mais cedo e que tem colocado em causa a qualidade do azeite em Portugal.

Mário Santiago, 51 anos, reside em Alpiarça e é director financeiro de um grupo de empresas sediado nas Caldas da Rainha. Acumula as funções com o trabalho no sector da olivicultura através de um projecto que tem oito anos de existência e que fazia parte do seu imaginário de adolescente. A agricultura fez sempre parte da sua vida porque cresceu a ver o seu avô e pai como referências na área da viticultura. Optou por enveredar por outro ramo de negócio e neste momento é dono de uma propriedade com cerca de 800 oliveiras de várias espécies. Afirma que, embora leve muito a sério a actividade, não quer expandir o negócio nem começar a trabalhar com os grandes supermercados porque, na sua opinião, só visam o lucro e não valorizam o azeite do produtor de menor dimensão.

Segundo a Associação de Olivicultores da Serra de Sicó em 2021 a qualidade do azeite vai ser inferior devido ao ataque da mosca da fruta que tem obrigado os produtores a apanhar a azeitona mais cedo. Embora as suas oliveiras não tenham sido vítimas do mal, Mário Santiago explica que a picada do insecto faz com que a azeitona perca qualidades e que a acidez do azeite aumente. O empresário atribui a sua “sorte” ao facto de ter plantado as oliveiras com um grande espaçamento, algo que não acontece nos olivais de produção intensiva.

O SUCESSO DE UM PROJECTO FAMILIAR

O processo de produção de azeite, segundo explica Mário Santiago, começa quando as azeitonas são prensadas para extrair o líquido, seguindo-se o processo de centrifugação para separar a gordura (azeite) da água. O empresário espera colher este ano cerca de 16 toneladas de azeitona que, prevê-se, vão resultar em cerca de 2.500 litros de azeite. O seu azeite é extraído a frio dando-lhe um sabor mais intenso por conservar as vitaminas e proteínas que contém, embora lhe confira um tom mais escuro que muitas pessoas associam a pouca qualidade.

As novas tecnologias também trouxeram muitas vantagens uma vez que, por exemplo, dão em tempo real informações que permitem saber a quantidade de nutrientes que cada árvore precisa para produzir boa azeitona. A rega gota-a-gota é outro dos sistemas que considera muito importante para a qualidade do produto.

Na Charneca dos Santiagos trabalham sobretudo familiares e amigos mais próximos. O gestor assume que gerir um projecto familiar é muito mais fácil quando todos estão em sintonia e lutam pelo sucesso e qualidade do seu produto. Para quem não precisa da agricultura para viver, diz, a actividade pode ser vista como um passatempo que também pode funcionar como terapia. “Gosto de vir para aqui aos fins-de-semana para pôr as ideias em ordem e pensar no futuro. O convívio também é um dos factores muito importantes neste trabalho. É uma tradição almoçarmos juntos e descontrairmos para enfrentar o resto da jornada de trabalho com outra disposição”, afirma com um sorriso no rosto.

Aprender a ler um rótulo de uma garrafa de azeite

Quando se lê num rótulo de uma garrafa que o azeite é virgem significa que não sofreu mais nenhum processo de tratamento ou refinação após a extracção no lagar. Se for azeite virgem extra significa que tem uma acidez inferior a 0,8. Se no rótulo estiver escrito apenas “azeite” significa que o produto teve que ser alvo de tratamentos ou refinamentos para melhorar a sua qualidade.

A cor e a qualidade do azeite

Um dos erros mais comuns que se comete em relação ao azeite é achar que quanto mais transparente for o azeite melhor é a qualidade. Há três factores que marcam a qualidade do azeite: o cheiro, o paladar e a sensação que provoca na garganta. A cor não determina a qualidade do azeite, aliás, os provadores usam habitualmente um copo baço e escuro que não permite ver a cor do produto.

Na Charneca dos Santiagos a qualidade do azeite depende da família e amigos

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