“A perfeição é inalcançável; temos que fazer o melhor possível”
Enquanto estiver nestas funções, vivo e respiro 7 dias por semana o Poder Local. Representar os outros, ainda mais nossos concidadãos é uma enorme responsabilidade, que nunca esqueço, embora saiba à partida que é impossível agradar a todos.
Sempre foi exigente consigo mesmo? E o grau de exigência tem aumentado?
Sou muito competitivo e não temo as ameaças que alguns, sob a capa do anonimato ou de outra forma, nos dirigem em particular na proximidade de campanhas eleitorais. Exactamente porque sou exigente comigo mesmo e porque sou sério e incorruptível. Essas características dão-me, para além de um bem-estar evidente, uma tranquilidade enorme no exercício das minhas funções.
E é tão exigente com os outros como é consigo mesmo?
Mais do que exigir aos outros procuro motivá-los e implicá-los nas funções e atribuições que incumbem à câmara municipal. Isso explica, de algum modo, a “família” que incorpora os trabalhadores municipais.
O bom é inimigo do óptimo como por vezes se ouve dizer ou isso é desculpa para não se fazer melhor?
A perfeição é inalcançável por isso é importante fazer o melhor que estiver ao nosso alcance num dado momento. Não decidir é sempre a pior das soluções.
O que o motivava quando iniciou as actuais funções e o que o motiva actualmente?
Motivava-me o que hoje me continua a motivar: fazer acontecer para melhorar a qualidade de vida das populações, fazer obras, fazer acontecer cultura, alargar a rede de auxílios económicos aos mais necessitados, apoiar e valorizar o trabalho das juntas de freguesia, das associações e das IPSS’s.
O que descobriu sobre si próprio e que desconhecia ao longo do tempo que tem exercido o seu cargo?
A maturidade e experiência necessárias para resistir a ataques de honra e de carácter que os adversários da direita protagonizaram durante o período de campanha eleitoral. A resiliência e a auto-estima são qualidades que desenvolvi no combate à extrema-esquerda. A ponderação e motivação foram incrementadas no combate com as forças partidárias da direita e extrema-direita.
Qual o peso da sua formação académica no percurso?
A minha formação e profissão como engenheiro, a par do facto de ser funcionário público municipal, faz-me conhecer o município, os seus colaboradores, limitações e méritos, contribuindo para a sua valorização e motivação e para o trabalho que desenvolvemos em prol das populações.
Liderar é algo que qualquer um pode aprender?
Liderar aprende-se, mas na vida e na prática, com bom senso e equilíbro.
As regras da sua instituição permitem um eficaz reconhecimento e uma adequada compensação do mérito das pessoas que lá trabalham?
O reconhecimento do mérito na administração pública é uma das tarefas mais complexas.
Quais são os maiores constrangimentos à concretização das ideias que considera serem as mais eficazes para a obtenção dos melhores resultados?
A legislação e a desconfiança que as entidades de inspecção e policiais têm em relação aos autarcas, a par do populismo da extrema-direita e da extrema-esquerda, que criam, em particular nas redes sociais, cenários de que é possível prometer tudo a todos, baixar impostos e fazer mais obra, uns e outros na lógica de acesso ao Poder, alguns convictos de que não é preciso cuidar dos mais frágeis entre nós.
Quanto tempo dedica ao que faz? Consegue desligar-se por completo alguma vez?
Enquanto estiver nestas funções, vivo e respiro 7 dias por semana o Poder Local. Representar os outros, ainda mais nossos concidadãos é uma enorme responsabilidade, que nunca esqueço, embora saiba à partida que é impossível agradar a todos.
Está satisfeito com a política económica do Governo?
O Governo do PS reforçou o apoio aos municípios e isso foi muito importante. Já não estou tão satisfeito com o facto de o anterior Governo PSD/CDS ter dividido as câmaras bunicipais de tal modo que tiveram PEDU’s (Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano), financiados 5 a 10 vezes mais que as que tiveram PARU’s (Plano de Acção para a Regeneração Urbana), como foi o caso do concelho de Salvaterra de Magos. Foi uma relevante anormalidade na aplicação de fundos do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), que deviam promover a coesão territorial e fizeram o inverso.
O que gostaria de acrescentar?
Que não aprecio muito o protagonismo valorizando antes o voluntarismo e a discrição. Embora perceba o trabalho dos jornalistas de conhecer melhor aqueles que num dado momento exercem funções públicas, seja na política ou nas empresas, não me sinto confortável com este tipo de entrevistas.