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“A revisão de um PDM está nas mãos de 27 entidades sem rosto”
Ricardo Gonçalves Presidente da Câmara Municipal de Santarém

“A revisão de um PDM está nas mãos de 27 entidades sem rosto”

A revisão de um PDM exige pareceres de 27 entidades que têm a “faca e o queijo na mão” para fazerem o que quiserem. Os presidentes de câmara e vereadores têm rosto e são sufragados a todo o momento enquanto esses decisores passam despercebidos e não fazem o menor esforço para interpretar a Lei num sentido mais lato, contribuindo para melhorar a vida dos cidadãos.

Continuo a ter a mesma motivação que tinha quando comecei a trabalhar por Santarém, colaborando na construção de um concelho cada vez com mais futuro. Santarém tem condições para ser um dos melhores concelhos para se viver em Portugal. Esse é um foco constante.

Com o exercício do cargo descobri em mim uma capacidade de resiliência superior àquela que julgava ter. Foi uma qualidade que se mostrou muito importante, principalmente, durante a crise pandémica que, em conjunto, tivemos de aprender a ultrapassar.

Em 2000 estava a fazer um estágio profissional em Santarém mas já tinha um convite profissional para regressar a Lisboa no ano seguinte. Como esse ano fui candidato à Junta de Freguesia de Azóia de Baixo e ganhei acabei por ficar em Santarém. Nas autárquicas seguintes, fui candidato a vereador à Câmara Municipal de Santarém. Depois foi uma evolução natural.

A minha formação académica tem sido determinante para as funções que tenho desempenhado, principalmente quando estivemos ao abrigo do PAEL (Programa de Apoio à Economia Local). Contudo, sem o apoio da minha família e da minha equipa, que sempre estiveram a meu lado, certamente não teria tido o mesmo percurso.

Acredito que a liderança é uma qualidade inata. No entanto, é sempre possível trabalhar no desenvolvimento pessoal por forma a ser um melhor líder. Mas só se consegue ser líder reconhecendo erros, sendo humilde para os corrigir, dando o exemplo de que quem está em cima é igual a quem está em baixo.

Sou muito exigente com os que me rodeiam, mas, por via das funções que me foram confiadas pelos escalabitanos, sou ainda mais exigente comigo mesmo. Estou agradecido por três vezes ter sido escolhido para ficar à frente dos destinos de Santarém e isso é de uma tremenda responsabilidade, que me obriga diariamente a aumentar a exigência comigo próprio. A paternidade trouxe-me uma responsabilidade acrescida e, com isso, um grau de exigência maior, mas também uma nova e melhor perspectiva de tudo o que me rodeia.

Há decisões que os cidadãos julgam ser da responsabilidade das autarquias, mas que estão na esfera de muitas outras entidades do Estado. A revisão de um PDM exige pareceres de 27 entidades que têm a “faca e o queijo na mão” para fazerem o que quiserem. Os presidentes de câmara e vereadores têm rosto e são sufragados a todo o momento enquanto esses decisores passam despercebidos e não fazem o menor esforço para interpretar a Lei num sentido mais lato, contribuindo para melhorar a vida dos cidadãos.

O recrutamento na função pública é um processo complexo e rigoroso e só são seleccionados os melhores candidatos. Mas hoje em dia vivemos circunstâncias diferentes porque há falta de mão-de-obra e há funções às quais já quase ninguém concorre, como coveiro, calceteiro, electricista ou canalizador.

O sistema de avaliação geral dos trabalhadores da função pública (SIADAP), a que os funcionários do município estão sujeitos, é um sistema bastante complexo e, infelizmente, muitas vezes, injusto.

Considero que o excesso de burocracia é um dos maiores entraves à concretização dos objectivos do executivo camarário. Mas as verbas disponibilizadas às autarquias locais, quer por parte do Governo quer através de fundos comunitários, são também factores que pesam na obtenção dos melhores resultados.

Dedico 24 sobre 24 horas ao que faço e desde que exerço o cargo nunca mais consegui desligar-me. Penso que isto acontece com todos os que estão presidentes de câmara ou presidentes de junta.

A minha família é o meu porto de abrigo, a minha motivação e o meu equilíbrio. Os abraços dos meus filhos dão-me uma energia inesgotável. Sem o apoio e compreensão da minha família seria impossível estar presidente da câmara.

“A revisão de um PDM está nas mãos de 27 entidades sem rosto”

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