“Não há nada mais injusto que tornar igual o que é diferente"
Deverá haver um maior equilíbrio entre tempo disponível e tempo verdadeiramente útil. Perdemos muito tempo com o acessório, com o supérfluo, limitando, em muito, a produtividade.
O que o motivava quando iniciou as actuais funções e o que o motiva actualmente?
A causa pública. O poder contribuir para o desenvolvimento do concelho de Sardoal e para o desenvolvimento da nossa região.
O que descobriu sobre si próprio e que desconhecia ao longo do tempo que tem exercido o seu cargo?
Todos os dias me “descubro”. Este cargo para ser exercido com rigor exige uma reflexão diária dando assim lugar a uma análise introspectiva sobre a forma como lidei ou reagi a determinadas situações do dia-a-dia. Descubro muitas vezes que poderia ter sido diferente.
Qual o peso da sua formação académica no seu sucesso?
A formação académica é um complemento à formação pessoal e social. Podemos ter bons líderes sem uma extensa formação académica, dificilmente os teremos sem uma base sólida de formação pessoal e social, muitas vezes chamada de “berço”. No meu caso, tenho muito orgulho nos valores que me foram transmitidos, complementados com a formação académica e a que a vida nos vai dando.
É muito exigente consigo mesmo?
Sempre fui exigente comigo! A idade molda-nos adaptando-nos às circunstâncias da vida.
E é tão exigente com os outros como é consigo mesmo?
Reconheço que por vezes o deveria ser mais com os outros. No entanto, existe uma coisa muito importante chamada tolerância e as pessoas não são todas iguais. Há uma grande diferença entre capacidade e vontade sendo sobre estas duas realidades que a tolerância, ou não, deve incidir. Por outro lado, não há nada mais injusto que tornar igual o que é diferente.
As regras da sua instituição permitem um eficaz reconhecimento e uma adequada compensação do mérito das pessoas que lá trabalham?
Tento que assim seja. No entanto, há quem se auto-avalie unicamente com base nas virtudes esquecendo que os erros e o mérito têm de ser reconhecidos com base numa avaliação ponderada entre o mérito e o erro.
Quais são os maiores constrangimentos à concretização das ideias que considera serem as mais eficazes?
Deverá haver um maior equilíbrio entre tempo disponível e tempo verdadeiramente útil. Perdemos muito tempo com o acessório, com o supérfluo, limitando, em muito, a produtividade.
Quanto tempo dedica ao que faz? Consegue desligar-se por completo alguma vez?
Dedico o tempo necessário para que não fique nada para trás. Normalmente começo a trabalhar entre as 7h00 e as 7h30 mas quando chego a casa, normalmente por volta das 19h00 entro num mundo completamente diferente, o meu mundo, o da minha família, dos meus amigos, só interrompido por motivos urgentes e inadiáveis.
Está satisfeito, ou conformado, com a política económica do Governo?
Sempre tive para mim que as pessoas que ocupam estes cargos (governativos) fazem-no da melhor forma possível procurando sempre o melhor para o nosso país independentemente do partido político que representam. A forma como o fazem é que pode ser discutível, associada às diferentes conjunturas. Nas últimas décadas nem sempre as opções foram as melhores.
O que aprendeu com a pandemia?
A pandemia obrigou-nos a rever as nossas interacções profissionais e sociais. Nada vai ser como era e teremos de descobrir uma nova normalidade. Mas, se quiser uma resposta mais “material”, descobrimos que é possível realizar reuniões à distância. Quantas vezes fazíamos duas ou três horas de viagem para reuniões que duravam pouco mais de meia hora?.