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“Não levo ninguém para onde vou das equipas onde trabalhei”
Casimiro Ramos Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT)

“Não levo ninguém para onde vou das equipas onde trabalhei”

Não desfalco as equipas onde estive e simplesmente procuro criar espírito de equipa para onde vou, com os que já lá estão. E, por mim, trabalho com qualquer pessoa. Só preciso que tenha atitude e um comportamento alinhado com os objectivos que temos para a organização. De resto, mais nada interessa.

Liderar é algo inerente à vida e não é exclusivo dos humanos. Todos somos líderes de alguém em alguma circunstância particular. Mas quando lideramos organizações existem técnicas que ajudam a melhorar os resultados. E essas técnicas podem ser apreendidas com a experiência e com formação. E isso está ao alcance de qualquer um. Depois, como em tudo na vida, umas vezes aplicamos bem e outras vezes nem tanto.

Antes de sermos exigentes com os outros devemos ser exigentes com nós próprios e nunca devemos exigir dos outros mais do que aquilo que nós conseguimos fazer. Por outro lado, à medida que conseguimos o que exigimos de nós, mais somos capazes de fazer. Foi assim que aprendi e é assim que tento todos os dias cumprir.

Para que as coisas nos corram bem, ou seja, para o que façamos corresponda a uma melhoria daquilo que proporcionamos a quem servimos, há três factores fundamentais: obviamente, os conhecimentos técnicos, mas acima de tudo, a capacidade de trabalhar em equipa e de conseguir-se, com um bom relacionamento, fazer as coisas acontecer. Porque, para se obter bons resultados não tenhamos ilusões: ninguém consegue nada sozinho.

O meu percurso profissional, em particular, no desempenho de funções públicas, nunca foi uma escolha pessoal. Sempre que desempenhei funções públicas resultou por apresentar a minha disponibilidade para aceitar desafios. E, na área da saúde em especial, este desafio no CHMT ocorre também num contexto de evolução após outras funções anteriormente exercidas nomeadamente na ARSLVT.

Para alguns dizer que o bom é inimigo do óptimo poderá ser uma desculpa. Para nós não, é simplesmente a justificação do que é possível fazer. Os recursos são sempre escassos e resumem-se a uma manta que tem de cobrir uma área que se estende para além dos seus limites. Quando puxamos de um lado falta do outro. Então, mais do que não fazer nada com essa desculpa decidimos fazer o que é possível com aquilo que temos.

Os constrangimentos que normalmente afectam a implementação de ideias estão relacionados com a própria pessoa. Se as nossas idealizações forem ajustadas aos nossos recursos os resultados que se obtêm dependem somente da dinâmica que nós próprios incutimos nos outros. Apontar outro tipo de coisas como constrangimentos, isso sim, parecem desculpas para justificar que o bom é inimigo do óptimo.

Normalmente não escolho equipas nem levo comigo ninguém para onde assumo responsabilidades. Não desfalco as equipas onde estive e simplesmente procuro criar espírito de equipa para onde vou, com os que já lá estão. E, por mim, trabalho com qualquer pessoa. Só preciso que tenha atitude e um comportamento alinhado com os objectivos que temos para a organização. De resto, mais nada interessa.

Recrutar profissionais de saúde e em particular de acordo com as regras da contratação pública é uma dificuldade sobejamente conhecida. No entanto, graças ao empenho e colaboração dos diversos directores de serviço tem sido possível, dentro dessas regras apertadas, conseguir reforçar o quadro de médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e assistentes operacionais em número significativo permitindo garantir a prestação de cuidados com os níveis que, para já, são considerados adequados.

A tudo o que faço e a tudo o que tenho feito dedico todo o tempo que tenho. Acho que nunca me consigo desligar completamente. Acordo a meio da noite com uma ideia que aponto num papel, na mesa de cabeceira, para voltar a dormir descansado. Vivo bem com isso, aliás nunca soube viver de outra maneira a não ser com paixão por aquilo faço. E o apoio e compreensão da minha família é fundamental para manter a cabeça “limpa”.

Enquanto gestor público não considero que tenha de fazer uma avaliação de satisfação ou de conformismo quanto à política de qualquer Governo. Sei as regras à partida, sei os meios que tenho para gerir e é com esses e com as pessoas que estão na organização que tenho de conseguir alcançar os melhores resultados. A minha insatisfação ou inconformismo é somente para comigo mesmo quando tais resultados não consigo alcançar. Antes de procurar desculpas nos outros procuro saber onde não consegui ainda chegar.

Desde que estou no actual cargo descobri uma capacidade de adaptação a uma região maior da que julgava. No curto espaço de cinco meses sinto-me, nesta região, como se cá estivesse a viver há muitos anos. E isso, só tem sido possível, graças à hospitalidade e simpatia dos profissionais do CHMT, autarcas e da população em geral. Gostaria de dirigir uma palavra de reconhecimento a todos os profissionais por todo o seu esforço e garantir a toda a população do Médio Tejo e da Lezíria que estamos juntos para cuidar de todos.

“Não levo ninguém para onde vou das equipas onde trabalhei”

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