É fácil contratar as pessoas certas para a sua organização?

Não é fácil porque as regras de contratação pública estão pré-definidas. A câmara municipal utiliza os critérios mais adequados e espera que esse processo de recrutamento decorra da melhor forma e possa recrutar o melhor possível. Porém, essas regras, por vezes, impedem-nos de ter os recursos humanos que gostaríamos de ter.

As regras permitem um eficaz reconhecimento e uma adequada compensação do mérito das pessoas?

Efectivamente é um constrangimento para esta área, esse garrote que está no imposto e, concretamente, no que diz respeito ao SIADAP o modelo de avaliação, que é bastante limitativo e que, muitas vezes, é motivo de perturbação na relação que se estabelece numa estrutura como uma câmara municipal. Creio que isto é válido para Benavente e para o resto do país.

O que o motivava quando iniciou as actuais funções e o que o motiva actualmente?

Quando fui desafiado para integrar a equipa da CDU na Câmara Municipal de Benavente o que me motivava era aquilo que eu já tinha na minha actividade extra-profissional, que é servir o interesse público. Na altura desempenhava funções no movimento associativo e considero que o trabalho que é desenvolvido numa câmara municipal tem, de alguma forma, pontos similares com esse tipo de actividade. O que me motivou foi dar o meu melhor em prol da minha terra, da minha gente, sendo que a motivação que tenho hoje é exactamente a mesma que tinha em 1998 quando aqui comecei a exercer funções.

O que descobriu sobre si próprio e que desconhecia ao longo do tempo que tem exercido o seu cargo?

Fundamentalmente a capacidade de tolerância e, durante o exercício de funções que são tão exigentes, a capacidade de auto-controlo perante as necessidades. É determinante para podermos exercer cabalmente as funções como eleito numa autarquia, seja como vereador ou, no caso actual, como presidente de câmara.

Liderar é algo que qualquer um pode aprender?

Julgo que não. Pode-se sempre aprender mais, mas a liderança tem muito a ver com a nossa personalidade e com o que é a nossa forma de estar na vida.

É muito exigente consigo? E com os outros?

Servir a causa pública e representar um conjunto tão vasto de cidadãos, como é o caso, coloca uma exigência extrema. E a exigência comigo próprio é exactamente igual àquela com que iniciei funções. Posso dizer que sou mais exigente comigo do que com os outros, embora procure também passar esta exigência. Mas, como levo a minha exigência ao extremo, percebo que não é possível pedir o mesmo aos outros.

Qual a importância da sua família na sua actividade?

Dedico cerca de 13 a 14 horas por dia à câmara municipal e por vezes também os fins-de-semana. Dificilmente consigo desligar e nos últimos três anos não tive um dia de férias. Isso prejudica a família. Devo muito à minha família neste meu percurso de 23 anos ao serviço da Câmara de Benavente e de toda a população.

Como avalia as políticas do Governo?

Nunca podemos estar conformados nem satisfeitos. No caso presente refiro-me à área da saúde por não haver uma protecção verdadeira do Serviço Nacional de Saúde, já que se permite que os jovens médicos possam sair para o exterior e para a iniciativa provada pondo em causa serviços que são fundamentais para a população. E a importância do SNS viu-se agora na pandemia. Como a saúde há outras áreas onde achamos que poderiam existir outro tipo de políticas que servissem melhor os interesses colectivos.