“Sempre fui exigente comigo mesmo e às vezes a um ponto intolerável”
Quanto maior a responsabilidade que assumo maior a exigência que coloco no que faço e em mim própria. Quero merecer a confiança que me conferem.
O que descobriu sobre si própria, que desconhecia, desde que foi eleita para o cargo?
Achava que já não tinha muito para saber sobre mim própria, mas o que é certo é que a vida nos surpreende e põe à prova em todos os momentos. Descobri uma resiliência que achava que não tinha. Descobri que sou mais paciente e conciliadora do que pensava. Que cheguei a uma altura da vida em que consigo relativizar muito mais o que não é essencial. E que quero muito ser bem sucedida no meu desempenho.
Como escolheu fazer o que faz?
Foi uma evolução natural. Sempre me motivou a causa pública. Sempre me interessaram os problemas das comunidades, do país, do mundo. Sempre quis fazer algo pelos outros. A política foi um caminho nesse sentido. Claro que a confiança que os alpiarcenses depositaram em mim nas eleições autárquicas foi o factor decisivo para cumprir esse desígnio.
O que a motiva na actual situação?
Fazer o melhor que posso e sei pela minha comunidade. Pela terra onde nasci, onde vivo e onde vive a minha família. Colocar tudo o que aprendi ao longo da vida ao serviço dos outros, para melhorar a sua vida e para desenvolver a minha terra. É a maior honra da minha vida exercer o cargo de liderança que hoje exerço!
Qual o peso da sua formação académica no seu sucesso?
A minha formação académica foi importante no meu percurso profissional e no meu percurso de vida e sê-lo-á toda a vida, creio. Felizmente hoje temos em Portugal a geração mais qualificada de sempre. A formação académica dá-nos instrumentos para crescermos profissionalmente. O conhecimento, na actualidade, é determinante. Mas é a educação e a formação pessoal que verdadeiramente nos moldam como pessoas, como cidadãos, e essa, não é a academia que nos dá.
Liderar é algo que qualquer um pode aprender?
Sem dúvida, mas é preciso algo mais. Uma determinação, uma coragem, uma vontade que nascem connosco. Mas, definitivamente, liderar aprende-se, sobretudo exercendo.
Sempre foi exigente consigo mesmo? E o grau de exigência tem aumentado?
Sempre fui exigente comigo mesmo e às vezes a um ponto intolerável. Em que nada era suficiente para me avaliar positivamente. Acho que só melhoramos sendo exigentes connosco próprios e também só assim podemos exigir dos outros. Procurei sempre ser boa no que fazia, muito mais do que ser melhor que os outros. Mas não gosto de perder! Preocupa-me ser um exemplo para os meus filhos. Quanto maior a responsabilidade que assumo maior a exigência que coloco no que faço e em mim própria. Quero merecer a confiança que me conferem.
O bom é inimigo do óptimo como por vezes se ouve dizer ou isso é desculpa para não se fazer melhor?
É desculpa. Serve para nos contentarmos com o suficiente. É uma forma de nivelar por baixo e baixar as expectativas. O foco deve estar em fazer o melhor, o óptimo, o excelente.
O que mais conta na escolha da sua equipa mais próxima?
Conta tanto o currículo como as características pessoais - o carácter, a personalidade, a credibilidade, a rectidão. Gosto de ter ao meu redor uma equipa de gente com quem posso aprender, que me contrarie, que pense de modo diferente. Pessoas capazes de defender aquilo em que acreditam mas com espírito de equipa e de solidariedade. Gosto de gente em quem posso confiar, que veste a camisola. O currículo e a experiência constroem-se à medida que vivemos.
As regras da sua instituição permitem um eficaz reconhecimento e uma adequada compensação do mérito das pessoas que lá trabalham?
Não. Avançou-se alguma coisa com a avaliação dos funcionários públicos mas, infelizmente, continua a colocar-se a tónica nas questões erradas. E a compensação do mérito não pode ser uma pancadinha nas costas ou um diploma pomposo. É necessário uma avaliação mais justa, com parâmetros diferentes e que, no final, se possa efectivamente compensar quem faz mais e melhor.
Quais são os maiores constrangimentos à concretização das ideias que considera serem as mais eficazes para a obtenção dos melhores resultados?
Os principais obstáculos são os que, tradicionalmente, condicionam todo o tipo de desenvolvimento: As mentalidades (a resistência ao novo, ao diferente) e o dinheiro (a falta dele, claro). No sector público acresce um outro obstáculo que não pode ser desconsiderado - o excesso e a complexidade burocrática. Não se justifica.
Qual a importância da família para o seu desempenho profissional?
A família é a minha âncora. O porto de abrigo, onde sempre volto. É fundamental para compensar o stress e as dificuldades do dia-a-dia. Para o equilíbrio que é necessário para continuar todos os dias.