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“Tenho uma mente inquieta e isso aumenta o meu grau de exigência”
Ramiro Matos Presidente do Conselho de Administração da Águas de Santarém

“Tenho uma mente inquieta e isso aumenta o meu grau de exigência”

Devemos estar sempre focados no melhor, no óptimo, antecipar problemas e oportunidades e não nos contentarmos, apenas, com o bom.

Sempre vivi com uma máxima presente de que a aprendizagem é diária na nossa vida. Nessa aprendizagem engloba-se o auto-conhecimento. Tenho descoberto os meus limites, a gerir melhor o tempo e a nunca abdicar da minha profissão de base e da vivência da família.

O que eu faço é ser advogado. E isso escolhi quando tinha 14 ou 15 anos e continuo hoje convicto da assertividade da escolha. Faço o que sempre gostei e continuo a ter uma paixão enorme pela minha profissão. A gestão veio ao longo do tempo, quer com a constituição de algumas empresas minhas, quer com convites que foram surgindo para integrar órgãos de administração de outras empresas. A advocacia tem uma forte componente de planeamento e os resultados da nossa acção são compensadores ao nível da realização. Na gestão soma-se uma componente muito importante: a gestão e a motivação das equipas e um posicionamento comercial constante, que são grandes desafios.

Acredito mais que liderar tem uma base inata e que se deve desenvolver. Existem pessoas que têm imenso valor nas suas áreas, são excelentes técnicos e profissionais, mas que ao liderar são desastrosos. Para liderar bem temos de estar constantemente a aprender, a ouvir, a estudar e a adaptarmo-nos aos novos desafios e exigências. A liderança tem de se adaptar ao mercado da sua actividade, às características da equipa – idade, instrução, formação – e à evolução da sociedade e da tecnologia.

Sempre fui muito exigente comigo. Não poderemos exigir dos outros sem antes darmos o nosso melhor. Temos de ter método, foco e disciplina. Ao longo dos anos, com a idade e experiência, sempre foi aumentando a exigência que impus na minha actividade. Sobretudo, comecei a entender os meus limites e a saber dizer que não, a objectivar a intervenção e a gerir o stress. Procuro ser exigente, no bom sentido, com as minhas equipas. Mas sempre doseado com tolerância e apreciação casuística. Reconheço que tenho uma mente demasiado inquieta e que, por isso, o meu grau de exigência para com os outros é acima da média.

Em muitas organizações existem resistências ao avanço, à modernização, aos novos desafios, por falta de objectivos organizacionais ou pessoais. Isso leva a que muitas pessoas entendam que se ninguém reclama e a actividade segue o seu curso normal é porque estão a fazer bem. Porém, a constante mutação da sociedade, a diversos níveis, quer económico-financeiro, tecnológico, ambiental, familiar impõe que nos sejam impostos desafios constantes. Devemos estar sempre focados no melhor, no óptimo, antecipar problemas e oportunidades e não nos contentarmos, apenas, com o bom.

Na escolha das pessoas para trabalharem comigo valorizo a motivação e a abertura para aceitarem desafios. O currículo e a experiência vão-se adquirindo e há muita gente nova cheia de valor e que apenas precisa de uma oportunidade. Ao longo da minha vida profissional apostei em pessoas sem currículo ainda e que rapidamente se transformaram em profissionais de topo.

A adequada compensação do mérito poderia ser melhor na AS caso a empresa não estivesse tão “presa” a regras públicas. A rigidez das políticas salariais que nos são impostas são um entrave ao verdadeiro reconhecimento do mérito. Porém, temos de saber trabalhar dentro destes limites e estabelecemos um conjunto de regras e benefícios para premiar o bom desempenho e o mérito com recurso a formação, apoio na saúde, direito a folga no dia de aniversário, actividade física custeada pela empresa, apoio aos filhos menores, entre outras, que têm sido essenciais para o reconhecimento da equipa e a sua motivação.

Não estou satisfeito com a política económica do Governo. Faço, portanto, parte da maioria. O que se vive actualmente em Portugal é péssimo na conjuntura que atravessamos. Não só a pandemia, que nem podemos apelidar ainda de pós-pandemia, mas os desafios do aproveitamento dos fundos de recuperação e resiliência para uma retoma eficaz da economia e a devolução de condições às famílias, não se compadecem com as políticas deste Governo e que estavam manifestadas na proposta de Orçamento do Estado para 2022.

O aumento de preços de matérias-primas, de transportes, da energia e combustíveis está a sufocar as empresas assim como a elevada carga fiscal está a tirar qualquer qualidade de vida que restava às pessoas sobretudo à classe média. A gestão do SNS tem sido desastrosa, a política laboral e o apoio social devem envergonhar a maioria que tem governado o país. Tanto assim é que a Assembleia da República foi dissolvida importando que os cidadãos sejam chamados, de novo, a escolher os seus governantes.

“Tenho uma mente inquieta e isso aumenta o meu grau de exigência”

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