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“As associações estão desejosas de voltar a abrir portas à comunidade”
Ana Cláudia Gomes é uma povoense apaixonada pela sua terra mas confessa que gostava de ver maior atenção na zona histórica da cidade

“As associações estão desejosas de voltar a abrir portas à comunidade”

Ana Cláudia Gomes é vice-presidente do Grémio Dramático Povoense e monitora na Cercipóvoa. É uma pessoa da terra que cresceu junto à comunidade avieira e que diz não se ver a viver noutro local senão na maior cidade do concelho de Vila Franca de Xira. Não tem dúvidas que para tudo na vida é preciso empenho e dedicação.

A pandemia continua a dificultar a vida às associações que estão desejosas de poder voltar a abrir as portas à comunidade e a envolver as pessoas da terra nas suas dinâmicas. A convicção é de Ana Cláudia Gomes, vice-presidente do Grémio Dramático Povoense, e que trabalha como monitora na Cercipóvoa, cooperativa que se dedica a ajudar pessoas com deficiência.

O Grémio é um exemplo disso: de todas as secções que possui apenas o teatro ainda vai funcionando. “Estamos com muita vontade de voltar a abrir as portas e a sair da nossa casa para contactar com a comunidade como acontecia antigamente. Por enquanto as associações continuam limitadas. Mas estão desejosas de poder sair e contactar com as pessoas. Está a custar arrancar”, afirma a O MIRANTE.

Ana Cláudia Gomes é da Póvoa de Santa Iria e os pais e os avós sempre tiveram uma grande relação com o movimento associativo, bichinho que também lhe passaram. Além do Grémio foi também voluntária dos Companheiros da Noite durante seis anos, acompanhando o grupo nas rondas que alimentavam as pessoas sem abrigo. Ainda hoje ajuda também a causa animal. “Gosto de dar um bocadinho de mim a quem precisa”, confessa.

Foi criada na zona velha da Póvoa, perto dos pescadores, e brincava na rua com outras crianças, com um pé nos barcos e outro nas águas do Tejo. “Foi uma infância muito agradável. Gostei de ver o crescimento da cidade mas tenho pena que a Póvoa antiga tenha ficado um bocado esquecida. Vê-se pelos idosos e pela falta de acessos. Há algumas dificuldades”, lamenta.

Quando andava na escola teve alguns empregos em part-time, num pronto-a-vestir e numa agência de seguros, mas aos 18 anos conseguiu entrar na Cercipóvoa e nunca mais saiu. Trabalha nessa cooperativa desde então e é monitora. “Estive muitos anos com os mais pequenos, dos 6 aos 18 anos, na parte educativa e agora acompanho os mais velhos para os ajudar a inserir na comunidade”, explica.

Diz que gosta da sua profissão mas admite que é bastante exigente e exige uma forte bagagem emocional. “É preciso muito estofo e garra”, diz a mulher para quem o lema de trabalho é tratar dos utentes como se dos seus filhos se tratasse. Nenhum dia é igual e é isso que a fascina. “Não gosto de cair na rotina. Quero vê-los sempre felizes e bem com eles próprios”, refere.

A bijuteria como escape

Nem sempre consegue desligar do trabalho mas usa refúgios para não pensar tanto nisso, sobretudo o artesanato, que faz desde pequena. “Faço bijuteria há muitos anos e gosto bastante. Se pudesse vivia apenas dessa paixão”, confessa. As pessoas da cidade já conhecem os seus trabalhos e geralmente não tem mãos a medir para corresponder à procura. “A bijuteria é o meu escape para não pensar no trabalho. Todos devemos ter isso, seja participando numa colectividade ou praticando um desporto. Temos de aliviar a cabeça, é muito importante”, explica.

Não se vê a morar fora da cidade e diz mesmo que a Póvoa de Santa Iria é a melhor cidade do concelho. “Temos tudo o que precisamos à mão e há um grande espírito de bairro”, nota. A sua relação com o Grémio começou ainda jovem quando integrou o grupo de marchas. Na altura, o presidente, Rui Benavente, convidou-a a ficar na direcção e nunca mais saiu. “Gostarmos do que fazemos é o essencial para executarmos bem tudo o que fazemos na nossa vida. Tem de haver honestidade e um compromisso de cumprimento do dever. Sou perfeccionista e exigente comigo própria e sou persistente até conseguir ultrapassar os obstáculos”, conclui.

“As associações estão desejosas de voltar a abrir portas à comunidade”

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