Desde que a nova administração do Hospital de Vila Franca de Xira começou a gerir a unidade que o ambiente laboral é semelhante a uma “panela de pressão”, com gente a trabalhar para lá do seu horário sem ser pago por isso. As carreiras não são valorizadas e o banco de horas não corresponde às necessidades e direitos dos trabalhadores, dizem os profissionais de saúde daquele hospital que fizeram ouvir a sua voz na greve que realizaram na manhã de 12 de Novembro, reclamando por mais condições de trabalho, valorização das carreiras e uma melhoria da gestão liderada por Carlos Andrade Costa.

Segundo a Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, a greve teve boa expressão na unidade hospitalar e participaram auxiliares, assistentes técnicos, técnicos superiores de diagnóstico e até alguns médicos, enfermeiros e farmacêuticos.

“Nem podemos dizer que houve serviços mínimos porque neste hospital as equipas são tão reduzidas que os serviços estão sempre nos mínimos”, lamenta a O MIRANTE Elson Oliveira, dirigente sindical que aderiu ao protesto. Quem ali trabalha quer a valorização do Serviço Nacional de Saúde e a implementação das 35 horas semanais que, segundo Elson Oliveira, “é praticado noutros hospitais mas não em Vila Franca de Xira”.

Outros trabalhadores queixam-se de terem sido pressionados pelas chefias, na véspera, para não aderirem ao protesto. “As pessoas ainda vão tendo alguma qualidade nos serviços graças ao esforço dos profissionais. Temos muita gente a fazer horas a mais que não são pagas. O número de auxiliares de acção médica é claramente insuficiente. Já apelámos à administração mas dizem-nos que não têm disponibilidade para reforçar o quadro”, lamenta Elson Oliveira.

É urgente, diz o sindicato, rever o acordo colectivo e as carreiras de quem trabalha no hospital. Já há luz verde da tutela para isso mas o processo ainda não avançou. “Quando um conselho de administração diz que não é importante termos trabalhadores satisfeitos neste hospital isso é sinal que a qualidade prestada ao utente também não é importante. E isso reflecte-se nas pessoas. São sempre os utentes os prejudicados. E não podemos pactuar com isso”, critica o sindicalista.

O MIRANTE contactou a administração do Hospital de Vila Franca de Xira para obter uma reacção a algumas destas queixas mas não obteve qualquer resposta até ao fecho desta edição.