Atletas de Kempo da Póvoa de Santa Iria estão entre os melhores do Mundo
A Michael Team Loyos Fighting Associação é casa de um campeão mundial, dois vice-campeões mundiais e vários campeões nacionais e europeus. Michael Ferreira, fundador do clube, diz a O MIRANTE que acredita no futuro dos seus atletas e no sucesso da modalidade no concelho de Vila Franca de Xira.
Michael Ferreira tem 53 anos, nasceu na Alemanha e chegou a Portugal com sete anos. Licenciado em Informática, é professor na Escola Secundária de Camarate, em Loures, e é instrutor de artes marciais numa associação desportiva fundada por si, em 2013, a Michael Team Loyos Fighting Associação, sediada na Póvoa de Santa Iria.
Durante a juventude começou a envolver-se nas artes marciais; mais tarde recebeu um convite de um colégio onde dava aulas para passar também a leccionar artes marciais como actividade extra-curricular. Decidiu fundar a escola, onde ensina kempo, taekwondo e kick boxing, por achar que na cidade, e no concelho, não existia oferta suficiente para os jovens praticarem modalidades de combate. Ao longo dos últimos oito anos o clube tem crescido significativamente e actualmente conta com a ajuda de alguns dos seus melhores alunos para dar aulas em agrupamentos de escolas do concelho de Vila Franca de Xira e em actividades de tempos livres (ATL).
A associação tem cerca de 120 atletas de várias faixas etárias, sendo que o mais novo tem seis anos e o mais velho 50. O grau de exigência nos treinos depende da vontade dos atletas em seguir a vertente competitiva ou ver na modalidade apenas uma forma de manter um estilo de vida saudável e desligar das rotinas diárias de trabalho.
Michael Ferreira diz que todos os dias os seus alunos colocam à prova as suas capacidades de liderança e de planeamento dos treinos; admite que tem um estilo de liderança democrático, onde todos têm opinião, e que gosta de imaginar que os seus alunos vêem nele um amigo ou, no caso dos mais novos, um segundo pai. “Podiam estar a fazer outra coisa qualquer mas escolhem estar aqui. Por isso tenho a obrigação de criar bom ambiente e, mais do que ensinar técnicas de combate, quero transmitir os valores e princípios que sustentam esta modalidade”, afirma a O MIRANTE, numa conversa realizada no ginásio do clube, minutos antes de iniciar um treino de Kempo.
A Michael Team Loyos Fighting Associação treina num espaço cedido pela União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa. A maioria dos atletas pratica a modalidade para perder peso; no caso das mulheres, segundo o mestre, é para aprenderem as técnicas de defesa pessoal. Dentro do clube as regras são simples; ”ter respeito por todos, ser determinado, ter gosto pela prática desportiva e levar sempre boa-disposição para os treinos”.
Em 2021 a associação acrescentou ao seu palmarés cerca de 40 títulos nacionais, europeus e mundiais. No futuro, e para que o clube continue o seu percurso vitorioso, Michael gostava de ter melhores infra-estruturas e equipamentos para que os atletas se sintam mais motivados e com vontade de atingir voos mais altos. “Já somos muitos, mas há condições para sermos muitos mais. Queremos ser uma verdadeira academia de desporto na Póvoa de Santa Iria e no concelho de Vila Franca de Xira”, sublinha.
UMA CASA DE CAMPEÕES DO MUNDO
A United World Sport Kempo Federation realizou a vigésima quinta taça do mundo de kempo em Budapeste, na Hungria. Nas categorias de Point Kempo e C-Viadal, Tiago Lourenço sagrou-se campeão do mundo e vice-campeão enquanto Beatriz Amorim e Tiago Mercês conquistaram as medalhas de prata e bronze nas respectivas categorias.
Tiago Lourenço tem 19 anos, treina kempo há seis e é já um dos treinadores auxiliares de Michael. Está a terminar o seu curso em Informática de Gestão para entrar no mercado de trabalho, mas afirma não querer abdicar do kempo e de continuar a conquistar títulos. No seu ponto de vista, para se ser um verdadeiro campeão é preciso “nunca desistir, ter garra, treinar muito, fazer muitos sacrifícios, mas, sobretudo, ter paixão pelo que se faz”.
Beatriz Amorim, de 19 anos, é cinturão negro em Taekwondo e Kempo, e pratica artes marciais há 13 anos. Neste momento é a vice-campeã do mundo de Point Kempo. “Quero continuar a treinar, atingir objectivos ainda maiores. Quero ser campeã do mundo e competir no máximo de provas que conseguir”, afirma, com convicção.
A jovem está no segundo ano da licenciatura em Gestão e não hesita em afirmar que é possível ter um emprego estável e conciliar a vida pessoal e profissional com a exigência de participar em campeonatos do mundo. “O alto rendimento tem implícito um factor psicológico que se chama resiliência. Quem for resiliente consegue ultrapassar todos os obstáculos”, conclui Beatriz Amorim.