Catarina Filipe, de 76 anos, encontrava-se na horta de sua casa, em Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos quando na manhã de terça-feira, 14 de Fevereiro, foi abordada por um falso funcionário da Segurança Social. Depois de ganhar a confiança da idosa, que ficou viúva há dois meses, e de lhe dizer que ia ter direito a um aumento na reforma de 50 euros caso lhe entregasse todas as notas que tivesse em casa porque iam sair de circulação, o burlão, vestido de fato e gravata, seguiu-a, sem esta se aperceber, até ao interior da habitação.
Convencida do discurso do falso funcionário a idosa foi ao quarto buscar duas latas com 101 mil euros em numerário. “Quando estava a mexer no dinheiro aparece mesmo ao pé de mim e disse-me: estou aqui. Pegou no dinheiro e no ouro que tinha dentro de um saco e mandou-me ir buscar a carta da água e da luz. Quando olhei o carro dele já não estava. Foi aí que percebi e comecei a gritar que tinha sido roubada”, conta Catarina Filipe a O MIRANTE, acrescentando que tinha aquele dinheiro em casa por sugestão de um funcionário do banco. “Disse-me que tinha muito e que o devia levar para casa”, relata.
Apesar de ter pedido auxílio aos vizinhos e de ter contactado a Guarda Nacional Republicana (GNR) o burlão que terá cerca de 50 anos e se deslocava, naquele dia, num carro de cor branca continua em fuga. A idosa, que recebe 350 euros de reforma, não tem filhos e vive sozinha desde que o seu marido faleceu, em Dezembro de 2022. Desde o dia do assalto tem recebido chamadas da Guarda. “Sinto-me logo melhor. Os meus irmãos queriam que abalasse daqui, mas não deixo a minha casinha”, afirma a idosa que começou a trabalhar aos 12 anos na agricultura.

GNR alerta para burlas
com falsos funcionários
A GNR tem vindo a alertar para burlas com falsos funcionários explicando que o método utilizado passa normalmente pelo contacto porta a porta, especialmente junto de pessoas idosas residentes em zonas mais isoladas. Os burlões “apresentam-se como profissionais de instituições do Estado Português, iludem os cidadãos sobre existência de prémios e, alegando falsos pretextos para entrega do valor em causa, induzem as pessoas a mostrar o dinheiro de que dispõem nas suas habitações para visualizarem o número de série das notas, como condição para atribuição do mesmo”, refere a Guarda em comunicado, acrescentando que são também conhecidas situações de cobrança de valores indevidamente pagos decorrentes de pensões ou outras prestações.