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António José Torres revisita memórias da Póvoa de Santa Iria
António José Torres nasceu na Póvoa de Santa Iria em 1943

António José Torres revisita memórias da Póvoa de Santa Iria

“Esta Póvoa – Fragmentos” é o título do quinto livro de António Torres. Uma obra repleta de despedidas e memórias de uma Póvoa que já não existe.

Durante a pandemia António José Torres regressou à escrita. Foi com nostalgia que voltou a escrever sobre a Póvoa de Santa Iria “do seu tempo”. Uma terra em que todos se conheciam e onde havia o espírito de vizinhança. Não havia perigo nem roubos. E se havia ninguém dava por isso. “Esta Póvoa – Fragmentos, regresso ao meu contar” é o título do quinto livro do autor e que foi apresentado publicamente na Biblioteca Municipal da Póvoa de Santa Iria.
A obra reflecte o espírito da época. O autor sentiu necessidade de revisitar o passado e a infância, num tempo em que anda tudo agitado. A escola primária, o concurso de hortas, o vendedor de peixe e o ferro velho, vivências que parecem longínquas na Póvoa de Santa Iria da actualidade. “Pouco ou nada resta da minha Póvoa. Restam as 26 ruas que compunham a freguesia, muitas delas que já foram modificadas. Na Rua 5 de Outubro, dos correios, já não está lá nada do que havia”, lamenta.
António José Torres, que nasceu na Póvoa em 1943, tem um olhar crítico sobre a evolução da cidade. Para o autor a freguesia devia ter preservado mais a sua essência e a sua matriz social, apesar de ser um dormitório. Dá como exemplo o marco que foi destruído na sequência da construção de um supermercado, junto à estação de caminho de ferro. No lugar do antigo marco, que assinalava a distância da estação a Arruda dos Vinhos, colocaram uma réplica.
O património religioso da Quinta Municipal da Piedade também já não tem recuperação. Para António José Torres, a quinta onde a Póvoa nasceu, em 1336, merecia mais. “A Póvoa está completamente descaracterizada. Foi absorvida por esta multidão de gente. Não têm habitação e são empurrados para a periferia. Portugal está assim distribuído. A inflação já avançou e na Póvoa velha pedem 600 euros para alugar um T1”, conta com desânimo.
“Esta Póvoa – Fragmentos” pretende honrar os antepassados e está repleto de despedidas. Desde a morte de um amigo às fotografias de família, este poderá ser o último livro de António José Torres. “Sinto isso…mas só Deus é que sabe. O livro termina com dois poemas da minha autoria em que me revejo a mim mesmo e a memória nostálgica da alfarrobeira que partiu”, declarou.

António José Torres revisita memórias da Póvoa de Santa Iria

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