Exposição do centenário do inconformista Leocádio do Vale de Alpiarça
Militante do PCP, natural de Alpiarça, foi preso político durante oito anos. Tinha como lema antes quebrar do que torcer e sonhava com uma sociedade nova.
A exposição do 1º centenário do nascimento de Leocádio Teodoro do Vale, na Biblioteca Municipal de Alpiarça, com a curadoria de Ricardo Hipólito, está patente até 17 de Novembro das 10h00 às 17h00 nos dias úteis.
Leocádio do Vale nasceu em Alpiarça em 20 de Outubro de 1923, sendo o primeiro filho do casal Joaquim do Vale e Joaquina Teodoro, ambos trabalhadores do campo, tal como ele o viria a ser. Teve uma infância, em termos de saúde, difícil, ressentindo-se fisicamente, a que não foi alheia a sua má alimentação.
O seu interesse pelo mundo que o rodeava levou-o prematuramente a interessar-se pela política e, mais tarde, pelas ciências agrícolas, pela arqueologia e pelas artes, particularmente a cénica. Já adulto, foi um pensador, um filósofo. “Investigava, escrevia, filosofava, passando longas horas na biblioteca da SFA 1º de Dezembro (onde também fez parte de órgãos directivos, da comissão cultural e do grupo cénico), na Biblioteca Municipal de Alpiarça e no seu intimista antro doméstico”, refere Ricardo Hipólito.
O curador salienta que Leocádio do Vale era um sonhador e um inconformista. Sonhava com uma sociedade nova, entendendo que tal seria atingido apenas com o comunismo, aderindo ao PCP nos anos 40. “Viria a pagar politicamente bem caro essa sua vontade de transformar o mundo”. Passou cerca de oito anos preso nas prisões do regime salazarista. O seu lema sempre foi antes quebrar do que torcer.