PS, AD e Chega dividem deputados por Santarém
O PS voltou a ganhar as eleições legislativas no distrito de Santarém mas quem pode cantar vitória é o Chega, que passou de um para três deputados, tantos como socialistas e a coligação PSD/CDS/PPM. A abstenção reduziu significativamente.
PS, AD e Chega repartiram equitativamente os nove lugares atribuídos pelo círculo eleitoral de Santarém na Assembleia da República, nas eleições legislativas deste domingo, 10 de Março, o que constitui um resultado inédito. Os deputados eleitos por Santarém foram os seguintes: Alexandra Leitão (PS); Hugo Costa (PS); Mara Lagriminha (PS); Eduardo Oliveira e Sousa (AD), João Moura (AD), Isaura Morais (AD); Pedro Frazão (Chega); Pedro Correia (Chega); Luísa Costa Macedo (Chega). Nas eleições legislativas de 2022, recorde-se, o PS tinha eleito cinco deputados por Santarém, o PSD três e o Chega um.
Nestas eleições, nos resultados correspondentes ao distrito de Santarém, o Partido Socialista ficou à frente com 27,83 % (69.745 votos), seguindo-se a coligação Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM) com 27,29 % (68.391 votos) e o Chega com 23,33 % (58.469 votos). Bloco de Esquerda com 4,46 % (11.185 votos) e CDU com 4,12 % (10.323 votos) foram as outras forças políticas que ficaram acima da fasquia dos 10 mil votos, mas mais uma vez não conseguiram eleger deputados por Santarém, à semelhança do que já tinha acontecido em 2022.
Já a Iniciativa Liberal (IL) alcançou 3,78%, o Livre conseguiu 2,46%, o PAN 1,56% e o ADN 1,40%. As restantes cinco forças políticas que se candidataram por Santarém ficaram com valores abaixo de 1%. De acordo com os dados da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, nas eleições legislativas de 10 de Março a abstenção no distrito de Santarém baixou dos 42,3% de 2022 para os 33,45%. Estes números correspondem a uma participação de 66,55%, tendo votado 251.064 dos 377.261 eleitores inscritos, num distrito marcado pelo envelhecimento e pela perda de população (o número de deputados eleitos pelo círculo de Santarém passou dos 13 em 1976 para os nove em 2015).
O PS venceu na maior parte dos concelhos do distrito e a AD em municípios que o PSD gere sozinho ou em coligação, como Rio Maior, Ourém, Mação e Alcanena e também em Ferreira do Zêzere. Mais relevante é o facto de o Chega ter sido o partido mais votado em dois municípios tradicionalmente de esquerda: Benavente (CDU) e Salvaterra de Magos (PS).
À margem - opinião
O Chega abalou mesmo o sistema
O Chega deu nestas eleições um valente safanão num espectro político tradicionalmente bipartidário, que só tinha sido abalado em 1985, pelo então novel PRD (Partido Renovador Democrático) que tinha como patrono uma das figuras mais respeitadas e prestigiadas da nossa democracia, o general Ramalho Eanes. Perante este novo cenário, a estabilidade governativa do país parece uma miragem, a não ser que alguns dos protagonistas políticos engulam elefantes e declarações de intenções feitas durante a campanha. O que também não seria a primeira vez, diga-se. O leque partidário alargou-se à esquerda e à direita e os tempos das maiorias absolutas parecem já ter dado o que tinham a dar. Agora resta fazer apostas sobre a data das próximas legislativas e imaginar como o eleitorado vai responder.
João Calhaz