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Em Fátima há quem se junte todas as semanas para combater o stress através da arte
Combater o stress e os problemas do dia-a-dia são o objectivo principal da ASPAS

Em Fátima há quem se junte todas as semanas para combater o stress através da arte

A Associação de Pintores Anti-Stress de Fátima existe desde 2020. O grupo com perto de duas dezenas de elementos junta-se todas as semanas para dar asas à imaginação e combater o desgaste e os problemas do dia-a-dia através da arte.

Em pouco mais de três anos de actividade a Associação de Pintores Anti-Stress de Fátima (ASPAS) já realiza um trabalho digno de registo e diferente do que já existe no concelho de Ourém e até mesmo na região ribatejana. Composto por cerca de duas dezenas de elementos, de várias idades, o grupo reúne às segundas e quintas-feiras na antiga EB1 de Moitas Gaiola para dar asas à imaginação e combater o desgaste e os problemas do dia-a-dia relaxando através da arte de pintar. A professora e presidente da associação é Carla Figueiredo, artista plástica. O MIRANTE marcou presença num dos encontros para perceber que ambiente se vive na associação.
Carla Figueiredo, 50 anos, nasceu em Alcanena, mas vive em Fátima há muitos anos. “Cresci a ver o meu pai a pintar. Adorava sujar as mãos na tinta”, conta, bem-disposta. Carla Figueiredo formou-se em Belas Artes e assume que não tem um estilo particular de pintura. Faz retratos a carvão e a óleo e expõe algumas das suas obras nas redes sociais. Dá aulas na sede da associação e trabalha em part-time numa galeria de arte. Explica que a ideia de fundar a associação surgiu quando trabalhava em Leiria. “O grupo começou a juntar-se em 2010, quando dava aulas de Belas Artes em Leiria. Comecei a pintar ao vivo e as pessoas começaram a ficar entusiasmadas e a querer fazer o mesmo”, revela a O MIRANTE. Em 2020 sentiram necessidade de se tornarem associação para garantir melhores condições. Falaram com a Câmara Municipal de Ourém e a Junta de Freguesia de Fátima que lhes cederam a antiga escola primária. A ASPAS começou com nove elementos e está actualmente com perto de duas dezenas de associados. Carla Figueiredo explica que o nome “Anti-Stress” foi escolhido porque a pintura realmente relaxa: “nós quando estamos a pintar sentimos que estamos noutro mundo, há pessoas que trabalham e quando saem do trabalho vêm para aqui para relaxar e desanuviar”, revela.
Alfredo Araújo, de 71 anos, concorda com a professora. Embora esteja aposentado continua a trabalhar. Trabalhou durante muitos anos numa tipografia onde o seu pai era chefe: “foi um castigo porque eu quando andava na escola queria era jogar à bola, então chumbei por faltas e ele meteu-me a trabalhar”, partilha sem mágoa. Depois de ir para a tropa decidiu candidatar-se a um emprego no Banco de Portugal. Conseguiu entrar e por lá ficou até a delegação de Leiria do banco encerrar. Alfredo Araújo conta que viu a professora a pintar em Leiria e desafiou-se a fazer algo idêntico. É um dos alunos que não falha uma sessão semanal da associação. “Às vezes levo os quadros e também pinto em casa, tenho lá uma garagem onde costumo pintar, para mim é um passatempo que me traz qualidade de vida”, vinca.
Quem também não prescinde das aulas é Maria da Conceição, ou irmã Conceição, como é conhecida. Maria da Conceição é freira e tem 70 anos. Trabalhou durante toda a vida no ensino como professora de primeiro ciclo. Explica que aos 21 anos decidiu que queria ser freira, contra a vontade dos pais. Morava na Figueira da Foz com a sua família, mas foi para Cascais sozinha trabalhar para um colégio. “Comecei a ver as freiras tão simpáticas e comecei a mostrar interesse, explicaram-me como funcionava e eu disse que também queria ser freira”, refere. Quando chegou a Fátima sentia-se deprimida e procurou ajuda psicológica. “Quando já estava melhor, numa das sessões com a psicóloga, ela disse-me que tinha que fazer alguma coisa para estar ocupada. Estive a ver com a psicóloga o que é que havia em Fátima, descobrimos a ASPAS, e foi uma grande mudança na minha vida para melhor”, afirma, acrescentando que está sempre ansiosa pelas segundas e quintas-feiras: “quando estou aqui sinto-me relaxada, e não penso nos problemas. Vivemos numa realidade diferente”, confessa, com um sorriso no rosto.

Em Fátima há quem se junte todas as semanas para combater o stress através da arte

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