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Autarcas, empresários e ambientalistas unidos contra novo açude no rio Tejo
Autarcas, empresários e várias entidades de Constância e Vila Nova da Barquinha estão contra a construção de um novo açude no rio Tejo e alertam para os prejuízos que o projecto pode ter na região. Criticam também o facto de nunca terem sido consultados para participar num projecto desta dimensão.
Os municípios de Constância e Vila Nova da Barquinha promoveram uma conferência de imprensa para debater os impactos que o novo açude no rio Tejo, a ser construído na Praia do Ribatejo, pode ter em ambas as localidades e na região ribatejana. A conferência realizou-se no dia 14 de Fevereiro e contou com a participação e apoio das juntas de freguesia de Constância e Praia do Ribatejo, do Fluviário “Foz do Zêzere” e do proTEJO – Movimento pelo Tejo.
Em causa está a construção de um novo açude, na zona definida como “Constância Norte”, estando a decorrer o período de discussão pública do projecto até 28 de Fevereiro, no âmbito do estudo da “Valorização dos Recursos Hídricos para a Agricultura no Vale do Tejo e Oeste”. Os responsáveis alertam para os prejuízos que o projecto pode causar, não só para as localidades, mas também para região, em termos económicos, turísticos e ambientais.
O presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira, afirma que um dos impactos negativos do novo açude pode ser a perda da praia fluvial de Constância e “todo o estacionamento que serve a baixa da vila”. O autarca salienta ainda que as consequências ambientais e económicas do açude põem em causa os últimos 20/30 anos de estratégias de desenvolvimento económico, turístico e social que tem seguido em prol da “valorização dos rios” do concelho.
O presidente da Câmara da Barquinha, Fernando Freire, acrescenta que em nenhum momento os autarcas foram consultados sobre o novo açude e que outra das consequências é o corte do início do Trilho Panorâmico do Tejo. “É um açude de grande dimensão, que rondará perto de dois a três quilómetros de extensão, com uma cota de 20 metros de altura e 400 metros de comprimento e que terá um impacto significativo no território” refere. Paulo Constantino, do Movimento ProTejo, acrescenta que para além do corte no trilho, este empreendimento deverá também prejudicar os pescadores da região e “amputar” a ilha do Castelo de Almourol, pois o ambientalista não acredita que “haja volume de água para o Castelo de Almourol continuar a ser uma ilha”.
Entretanto, foram anunciadas várias iniciativas para sensibilizar para a importância de impedir a construção do açude. A 15 de Março, em Constância, decorre uma sessão pública de esclarecimento à população e a 26 de Abril vai ser realizado o 12º Vogar contra a indiferença – Por Um Tejo Livre, uma descida de canoa pelo rio Tejo entre Constância e Barquinha e que este ano terá o mote “Não ao novo açude no rio Tejo em Constância/Praia do Ribatejo (VNB)”. A 26 de Maio, o assunto será também o tema central do 2º Encontro Nacional de Cidadania em Defesa dos Rios e da Água, um evento que visa mobilizar a população a lutar pela protecção de rios e propor alternativas à construção de novas barragens e açudes prejudiciais ao meio-ambiente.
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