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Revisteiros voltam à revista para celebrar 30 anos de teatro

Revisteiros voltam à revista para celebrar 30 anos de teatro

Dez anos depois o grupo de Samora Correia regressa ao género que lhe deu nome. Associação envolve cerca de setenta pessoas, na sua maioria jovens, que dão expressão em palco ao gosto pelo teatro.

São Revisteiros de nome mas não fazem só revista, “aliás há 10 anos que não a fazemos”, afirma o director artístico da associação teatral de Samora Correia que este ano comemora 30 anos de actividade. A data redonda será comemorada em Setembro e, ao que tudo indica, com uma nova revista, como refere a O MIRANTE Joaquim Salvador.
Desenganem-se pois os menos atentos: Revisteiros é mesmo só o nome do grupo. Quanto ao que, fazem, é de tudo um pouco. “Temos feito várias peças, desde comédias de situação, teatro de pesquisa, de intervenção, infantil, teatro de rua, poesia e outros géneros”, sublinha Joaquim Salvador, também um dos fundadores da Associação Teatral Revisteiros.
Natural de Samora Correia, Joaquim Salvador lembra que o pontapé de saída era fazer teatro e não só revista. “Havia o grupo de pessoas mas não havia nome e como estávamos a fazer uma revista alguém disse: ‘põe aí Os Revisteiros apresentam’. E o nome ficou”, conta. O nome começou a cimentar e fidelizar o público e na hora de legalizar a associação houve dificuldade em alterá-lo - “já era uma marca”. Isso implicaria, como admite, começar tudo do zero, embora o director perceba quão redutor é o nome.
Essa primeira revista estreou a 13 de Novembro de 1986. Mas na mesma época os Revisteiros fizeram um espectáculo totalmente diferente, “um teatro do absurdo, muito interventivo, que tinha nus integrais e que falava de canibalismo”, sublinha. Uma peça que foi feita num bar em Samora Correia.

Um teatro que quer criar
No grupo um dos métodos principais para a criação original é o improviso, em que a partir de um tema é trabalhada uma peça. Mas os Revisteiros também interpretam clássicos ou textos de pessoas que escrevem para a associação ou que pertencem à própria associação. “Queremos criar, não queremos ser só um teatro interpretativo”, afirma Joaquim Salvador. O espaço de ensaio é o Centro Cultural de Samora Correia, cedido pelo município de Benavente.
A associação reúne cerca de 70 elementos, dos 15 aos 40 anos, mas com portas abertas para todas as gerações. “Depois é feita uma triagem”, afirma o director artístico que defende o talento e que não diferencia os amadores dos profissionais. Na sua maioria são jovens de Samora Correia, no entanto há também pessoas de Salvaterra de Magos ou de Vila Franca de Xira.
Do grupo, garante Joaquim, já saiu uma deputada para a Assembleia da República e um actor para Londres. E sem revelar identidades, diz que alguns dos membros já estiveram em novelas ou na figuração em televisão.
Por ano os Revisteiros têm garantidos, pelo menos, cinco espectáculos, entre peças infantis, sobre o 25 de Abril de 1974, teatro de rua ou para a Gala Foral de Samora Correia. Nestes 30 anos Joaquim Salvador orgulha-se da criação de uma “relação muito afectiva e muito próxima com o público”. As peças costumam esgotar com público da região e dos concelhos vizinhos. “O teatro é muito respeitado aqui e é muito gratificante ouvir colegas de Lisboa, como a Marina Mota, dizerem que aqui se percebe que as pessoas estão habituadas a ver teatro”, sublinha.
Joaquim Salvador considera que esse trabalho já tem continuadores e que o futuro do grupo não está em risco. “Há pessoas interessadas em continuar com isto e que, a meu lado desde o início ou numa segunda fase, criaram uma grande equipa. é gratificante ver muitos jovens no grupo que, pelo rumo da vida, abandonam mas que depois regressam já com filhos, que também começam a entrar nos espectáculos”, conclui.

Presidente da junta também já andou pelo palco

O actual presidente da Junta de Freguesia de Samora Correia também já passou pelos Revisteiros. Hélio Justino falou com O MIRANTE e referiu que esse episódio aconteceu por volta de 1992, com uma revista de nome “O Miar do Teatro”. O autarca tinha 21 anos e já namorava a sua mulher, na altura com 17 anos, que participava no grupo. E para poder estar com ela, Hélio Justino acompanhava-a nos ensaios para poder levá-la a casa.
“A três semanas do espectáculo houve um elemento que desistiu e como eu já conhecia a peça convidaram-me a fazer aquele papel. Mas eu só desenrasquei”, reforça Hélio Justino, que nunca mais fez teatro, ao contrário da sua mulher que ainda ficou por mais uns anos. Sobre os 30 anos de Revisteiros, Hélio Justino sublinha: “têm tido um papel extraordinário e essencial na freguesia, com uma enorme dinâmica, um trabalho sério e muito profissional”.

Revisteiros voltam à revista para celebrar 30 anos de teatro

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