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Nostálgico Manuel Serra d’Aire

Também eu apreciei a recriação histórica do Portugal da primeira metade do século XX que se pôde ver durante um dia na Feira Nacional de Agricultura em Santarém. A falta de água nas torneiras e o abastecimento a balde e garrafão foram uma ideia bem esgalhada e os campos agrícolas experimentais devem ter sido bem fertilizados com matéria orgânica, já que as casas-de-banho estavam fora de serviço. Os saudosistas de Salazar já podem morrer descansados, pois por um dia voltou-se aos tempos do pé descalço, aos tempos em que os governantes se eternizavam no poder como os homens da CAP se eternizam no CNEMA.

Estou em pulgas para saber se também fazes parte da legião de medalhados pela Câmara de Abrantes por ocasião do centenário de elevação a cidade. Eu escapei, provavelmente, porque há já algum tempo não passo por aquela zona, mas tu, que habitualmente andas ali mais por perto, podes ter sido arrebanhado pela voragem homenageadora da presidente da câmara a que nem um bebé escapou. As más línguas locais dizem que são mais os homenageados do que peixes há no Tejo, mas obviamente que eu não me deixo contaminar pelo ruído. Até porque se muitos foram medalhados agora, muitos outros ficaram de fora. Como o pessoal da oposição, por exemplo, que deve ter ficado de reserva para as comemorações do bicentenário.
Há tempos foram uns senhores da Escola Agrária de Santarém que inviabilizaram um projecto de colocação de um relvado sintético num campo da escola cheio de ervas, numa decisão que deixou muita gente de boca aberta, de espanto e indignação. Depois foi a oposição na Câmara de Santarém a chumbar uma proposta que visava a criação em Santarém de um crematório, coisa que não existe por essas bandas nem arredores. Há anos foi a ida da Nersant para Torres Novas, depois foi a Tagusgás a instalar-se no Cartaxo. O que me parece é que com estes escalabitanos, Santarém não precisa de inimigos.
O incandescente caso do crematório provou que a “geringonça” também funciona pela capital do Ribatejo, pois não só fez valer a sua posição chumbando a proposta dos “laranjinhas” como acabou por ajudar o município socialista vizinho de Almeirim. Aliás, não ficaria mal ao presidente de Almeirim, Pedro Ribeiro, recompensar os seus camaradas escalabitanos por esta benesse, ainda que indirecta, de lhe ter tirado a concorrência do caminho. E se não for com medalhas, dê-lhes pelo menos uns valentes panelões de sopa da pedra.
Sempre admirei a preocupação que alguns autarcas têm com a transparência da sua actividade, mesmo que não olhem a meios para comunicar bem. É aliás por isso que muitas autarquias não prescindem de serviços externos de comunicação e têm sempre ao serviço mais alguns técnicos e assessores com essas funções. Por isso não posso deixar de elogiar a Câmara de Ourém, que contratou por 50 mil euros uma empresa de consultoria e comunicação para prestar serviços no âmbito do Dia da Cidade. Estou certo de que com esta medida não vai haver um só oureense, ribatejano e português que não fique a saber em que dia se celebra a cidade.
E agora vou à vida pois não faltam para aí arraiais, cerveja fresca e caracóis para saborear.

Saudações estivais do
Serafim das Neves

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