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Veraneante Manuel Serra d’Aire

Eu penitente me confesso! Até agora, tenho levado a vida a atazanar beatas, padres, sacristães, pastorinhos e santos mais ou menos milagreiros, mas na última semana vi a luz. Não o estádio dos lampiões (vade retro satanás!) mas sim a revelação de que qualquer coisa existe de transcendente neste vale de lágrimas que faz com que a noite seja escura, que o dia seja claro e que haja mulheres como a Heidi Klum ou a selecção feminina de vólei de praia do Brasil.
Primeiro foi a vitória de Portugal no Europeu de futebol, com uma selecção de retranca, sem grande chama e liderada por um homem que entregou o seu destino e o dos rapazes que comandava nas mãos de Deus. E a verdade é que ganhou a aposta. Nunca a expressão “seja o que Deus quiser!” fez mais sentido. O treinador Fernando Santos usou-a, embora aplicando outras palavras, colocou a pressão nas mãos Dele e Deus foi português, o que só lhe ficou bem... Da minha parte, posso desde já dizer que tem aqui um amigo para o resto da vida. Ele e o Éder, que eu antes comparava a um barrote com dois pés e que afinal até marca golos, de fora da área e tudo... Se não houve aqui intervenção divina, então digam-me onde houve?
E se o milagre da bola já tinha fustigado violentamente a minha costela herética, poucos dias depois novo sinal confirmou que alguma coisa há para lá da dimensão material das coisas. O ministro da Saúde, um senhor chamado Adalberto Campos Fernandes, ficou preso no trânsito na ponte da Chamusca e chegou atrasado à cerimónia de inauguração de uma incineradora de resíduos hospitalares construída no Eco-Parque do Relvão. Cá se fazem cá se pagam, pensei eu com os meus botões e fechos eclair, embora o governante não tenha o pelouro das obras públicas nem seja responsável por estarem há tantos anos na gaveta os projectos para construir uma nova e larga ponte na zona.
Li com atenção a tua dissertação nascida de uma caminhada pela Serra de Aire e lembrei-me do PAN e da sua extraordinária agenda em defesa dos seres vertebrados e invertebrados, com patas e sem patas, com penas e sem penas, com asas e sem asas, com barbatanas e sem barbatanas, com juízo e sem juízo e por aí fora. O PAN é um partido patusco e que tem o condão de me fazer rir de vez em quando, coisa que os outros habitualmente não fazem.
A última do PAN (ou uma das últimas, porque daquele colectivo estão sempre a surgir ideias fantásticas) foi a de defender que sejam proibidos de andar na via pública os veículos de tracção animal, leia-se carroças, charretes e afins. E, porque não há limites para a imaginação, o PAN defende também que o Estado crie incentivos para que quem tenha apenas esse meio de transporte possa comprar um veículo alternativo. Presumo que bicicletas, patins ou skates, pois não estou a ver o partido Pessoas, Animais e Natureza a fomentar o uso de veículos automóveis poluentes. Quantos ao destino dos burros, mulas e outras cavalgaduras que iriam ficar no desemprego se esta ideia do PAN fosse levada a sério, infelizmente ainda nada se sabe. Talvez o PAN pudesse ficar com eles para engrossar as suas fileiras...
Até breve e beijinhos à prima
Serafim das Neves

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