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Ambiente na Europa (LIFE)

No fim, o bom estado do Tejo, expressão que todos compreendem, não é mais que o resultado do somatório das ações de todos os utilizadores.

Há muitos anos que o financiamento mais importante na Europa para a área do ambiente se consubstancia no programa LIFE. O LIFE tem tradição e, atualmente, um nível de exigência bastante grande. Ou seja, não é qualquer grupo de amigos que se junta, tem uma ideia, esboça um programa de trabalhos e consegue um financiamento. Diga-se, ainda em jeito de informação geral, que os montantes do LIFE são na generalidade significativos; projetos acima de um milhão de euros são comuns. Um milhão de euros é dinheiro que, se bem aplicado, pode traduzir-se em consideráveis benefícios.
Imagine-se que casualmente me veio parar à mão um folheto, daqueles elaborados para efeitos de comunicação e marketing a que todos estes projetos obrigam, sobre um projeto LIFE que visa a “luta contra as espécies invasoras nas bacias dos rios Tejo e Guadiana na Península Ibérica” (INVASEP); nada mais nada menos, coisa importantíssima. Julgo que todos os leitores têm uma noção da importância do assunto. É curioso, mas nada me admira que assim seja, que a liderança deste projeto seja espanhola e atrevo-me a dizer que a participação portuguesa é marginal e mais, provavelmente, só existe porque é necessária para os requisitos de elegibilidade do projeto no programa LIFE.
É impressionante saber que as Espécies Exóticas Invasoras (EEI) são responsáveis por 39% das extinções conhecidas; basta este dado para compreendermos a importância deste projeto que se iniciou em 2012 e termina no próximo mês de dezembro.
Muito importante é a relevância do objeto de estudo, designadamente o efeito nefasto das EEI nas relevantes atividades de desportos náuticos, pesca e aquacultura. Acima disto tudo está, naturalmente, a boa qualidade do estado da massa de água, isto é, do rio. As boas práticas são um dos resultados do projeto e nesta matéria, como em tudo na vida, o utilizador é responsável pelas consequências da sua prática. No fim, o bom estado do Tejo, expressão que todos compreendem, não é mais que o resultado do somatório das ações de todos os utilizadores.
Mas vamos ao que interessa: ando muito distraído ou são mais uns milhões de euros que na prática se vão traduzir em nada? Era muito bom que pudéssemos compreender qual o efeito positivo de cada um dos euros dos quase três milhões do orçamento do INVASEP. É tempo que estudos deste tipo sejam consequentes e a eficácia deste tipo de investimentos tem de ser medida, transparente e conhecida. Só assim o Tejo pode melhorar e nós todos termos uma melhor qualidade de vida.
Carlos Cupeto
Universidade de Évora

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