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“Já me sinto ribatejana mas não sou grande entusiasta da chamada festa brava”

“Já me sinto ribatejana mas não sou grande entusiasta da chamada festa brava”

Ana Almeida nasceu em Loriga e agora é Notária no Cartório de Coruche

Ana Almeida nasceu em Loriga, estudou direito em Coimbra e fez-se notária em Viseu. Depois concorreu e foi colocada em Coruche. Diz que aprendeu a gostar do ribatejo e que já se sente ribatejana. Assiste a manifestações taurinas e até a touradas mas não é grande entusiasta. Gosta muito de fado mas ultimamente tem ouvido mais música infantil por causa do filho de dois anos que diz ser também o seu despertador.

Entrar no curso de Direito em Coimbra foi atingir um sonho que acalentava. Durante os cinco anos de faculdade senti sempre uma grande responsabilidade. Os meus pais fizeram um esforço tremendo para que eu ali estivesse. Estudei mas também vivi a vida académica. Encantei-me pela cidade e pelo curso.
Depois do estágio não exerci advocacia porque comecei a trabalhar no centro de formalidades das empresas. Foi isso que me fez contactar com a área notarial. Depois com o alargamento da rede dos centros de formalidades fui para Viseu. Aí colaborei num Cartório Notarial quando o notariado foi privatizado. Prestei provas para notária e fiz o estágio em Viseu. Quando abriu um concurso nacional, concorri e fui colocada em Coruche.
Tive a sorte de ter nascido em Loriga, no parque natural da Serra da Estrela. Chamam-lhe a Suíça portuguesa. Cresci no seio de uma família muito próxima constituída pelos meus pais, duas irmãs, os meus avós, de quem tenho muitas saudades, a minha madrinha e restante família. Foi num tempo mágico onde com toda a liberdade, brincávamos na rua, as pessoas tinham mais tempo umas para as outras e tudo era mais simples.
Tenho um filho com dois anos, que é a luz dos meus olhos. Tento dedicar-lhe o maior tempo possível. Ele é o meu despertador e por isso começo o dia muito cedo. A energia dele é imensa e exige toda a minha atenção. Brincamos um bocadinho antes de o deixar no infantário. Depois, vou para o Cartório.
Felizmente Coruche é uma vila onde se consegue ter uma boa qualidade de vida. Dada a proximidade entre a minha casa, o Cartório e o infantário não perco muito tempo e o tempo, como se sabe, é precioso.
O que gosto mais nesta profissão é a proximidade com as pessoas. Gosto de sentir que ajudo. Não exerço a minha função fechada num gabinete mas no contacto directo com o público e é aí que me realizo. Aprendo muito com as histórias e as experiências de vida das pessoas.
Adoro o campo, mas como é aí que resido, as férias são em regra na praia. Também gosto de viajar. Gostava de conhecer Florença, a capital da arte italiana. É a cidade dos museus, dos edifícios, das praças.
Aprendi a gostar do Ribatejo. O seu carácter vincado, a sua personalidade forte, a alegria da festa brava, a simplicidade da vida no campo, a etnografia, a nobreza das suas gentes, são de facto notáveis. Já me sinto ribatejana de coração mas confesso que não sou aficionada da tauromaquia. Assisto e tenho respeito pela festa taurina porque faz parte da identidade do ribatejano e admiro a alegria de miúdos e graúdos com a festa brava. Não sou a favor do fim das touradas por decreto.
O que mais faz falta em Coruche é emprego, principalmente para os mais jovens. Mas o problema não é só de Coruche. É do país. Ainda assim existe aqui algum tecido empresarial com muito dinamismo.
Sou uma fã incondicional de fado mas gosto de vários géneros de música. Actualmente a música que mais oiço é música infantil por causa do meu filho. O meu prato preferido é qualquer prato de bacalhau. É sempre bom.
Há uns dias voltei a ver o filme “A Lista de Shindler” e fiquei a pensar que a humanidade não aprendeu a lição. A guerra na Síria que parece não ter fim. A crise dos refugiados que fogem da guerra e encontram tantos entraves à sua integração. Tudo isso me impressiona.
O meu maior sonho é que toda a minha família tenha saúde e seja feliz. O meu maior medo é que assim não seja. Utilizo as redes sociais mas não sou grande adepta. Reconheço que é um bom instrumento de trabalho e que aproxima quem está distante.

“Já me sinto ribatejana mas não sou grande entusiasta da chamada festa brava”

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