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Como peixes na água

Como peixes na água

Diogo, Rita e Rodrigo são irmãos e atletas federados em natação e natação adaptada, no caso de Diogo, que tem Síndrome de Down. No meio das rotinas exigentes dos dias repartidos entre treinos e aulas, juntaram-se com a mãe, Maria, e com o treinador de Diogo, Carlos Matos, para explicarem a O MIRANTE a paixão que os move.

Diogo tem 17 anos, Rita tem 15 e Rodrigo tem 10. Vivem na Póvoa de Santa Iria, são irmãos e atletas federados de natação e de natação adaptada no caso de Diogo, que tem Síndrome de Down. Uma deficiência que não o impede de competir ao mais alto nível, pois em prova recente realizada nas Piscinas de Santo António dos Cavaleiros apurou-se para representar Portugal no Campeonato da Europa de Natação em Paris entre 28 de Outubro e 4 de Novembro.
Também recentemente, Diogo recebeu o troféu de louvor pelo mérito e resultados alcançados em prol da equipa da Gesloures e de Portugal. O treinador, Carlos Matos, reconhece nele potencial para vir a ser o melhor dos melhores: “O Diogo tem, entre os atletas com Síndrome de Down, características muito boas para ir longe. Garantidamente, vai ser o melhor nadador português a curto ou médio prazo”.
Os irmãos Rita e Rodrigo não lhe ficam atrás e também têm percursos invejáveis na natação pura: Rita já foi campeã e vice-campeã regional nas modalidades de 100 e 200 metros costas e 200 metros mariposa e este ano foi vice-campeã nos 200 metros costas. Está há duas semanas na equipa de natação do Sporting Clube de Portugal, num nível mais elevado do que tinha até então na equipa da Gesloures, e vê aqui a hipótese de ir ainda mais longe. Rodrigo também mudou recentemente para os cadetes B da Gesloures e o nível de empenho e resistência exigidos subiram, estando já está apurado para o Campeonato Regional em Junho.

Unidos pela natação
Os três irmãos entraram para a natação por não terem outro desporto em que pudessem participar juntos na Póvoa de Santa Iria. Diogo começou a nadar aos oito anos no Povoense e aos 12 mudou para a Gesloures porque o Povoense não tinha hipóteses de o levar a provas de federados. “A Gesloures é única no sentido em que tem um técnico cuja única função é acompanhar os atletas da equipa de natação adaptada”, explica Carlos Matos. A equipa integra outros três atletas que são acompanhados de perto pelo treinador que está disponível para eles “das 6h00 da manhã à meia-noite e muitas vezes dá-lhes treino duas vezes ao dia”, acrescenta.
Rita começou a nadar aos cinco anos e passou pelas mesmas equipas que o irmão mais velho. Rodrigo também começou no Povoense e juntou-se este ano à Gesloures, na equipa de cadetes B. Os três irmãos nadam todos os géneros dentro da natação e ainda nenhum deles chegou à fase de escolher a especialização que um dia poderão seguir.
Quando não estão a estudar ou a treinar, os irmãos aproveitam o pouco tempo livre para estarem com os amigos e para descansarem. Rita e Diogo estão na mesma turma do 9º ano da Escola D. Martinho Vaz de Castelo Branco, na Póvoa de Santa Iria. Diogo tem um acompanhamento diferente e o seu ensino é mais funcional, com o objectivo de dotá-lo de competências para ser independente no dia-a-dia. Rita está no sistema de ensino normal, vai entrar para o 10º ano em Setembro e quer seguir Economia. Rodrigo, ainda longe da hora de tomar essa decisão, também quer seguir os estudos a par com a natação. Já Diogo tem no desporto uma boa oportunidade de carreira para o futuro.

Mãe acompanha a rotina diária

Maria, a mãe dos três irmãos, deixou de trabalhar para poder acompanhá-los para todo o lado. “Num dia normal, levo-os à escola às 8h15, vou buscá-los às 13h10, trago o Diogo às 14h00 para as piscinas em Santo António dos Cavaleiros, espero que ele acabe o treino, levo a Rita às 16h30 ao Sporting, levo o Rodrigo às 18h15 às piscinas da Póvoa de Santa Iria e depois fico lá com ele à espera que ele termine. Depois o meu marido vai buscar a Rita quando ela acaba o treino”. É uma logística difícil e Paulo e Maria tiveram de fazer ajustes financeiros para os filhos poderem continuarem a competir, mas Maria não esconde o orgulho que tem no percurso deles.

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