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Trigémeas de Pernes nasceram com o futebol no sangue

Trigémeas de Pernes nasceram com o futebol no sangue

Alexandra, Maria e Sofia herdaram da mãe, Catarina Vedor, a paixão pelo futebol. Nunca brincaram com bonecas e as bolas foram sempre a paixão destas jovens atletas, residentes em Pernes, que jogam actualmente na equipa de infantis da Escola de Futebol de Alcanena.

Alegres, curiosas e destemidas, as trigémeas Alexandra, Maria e Sofia começam a conversa com O MIRANTE de forma descontraída, mas sempre a olhar para o terreno contíguo ao restaurante dos pais, em Pernes, concelho de Santarém, como se de um campo de futebol se tratasse e onde preferiam estar a jogar à bola, a sua paixão assumida. Entre risos vão perguntando à jornalista “se gosta de andar nesta vida de jornalista. Sofia responde prontamente: “Deve ser giro contar as histórias dos outros”.
Ora a história de Alexandra, Maria e Sofia começou no dia 20 de Julho de 2005, um dia muito feliz para Catarina e José Vedor, casal que depois de sete anos conseguiu finalmente ver concretizado o sonho de ter filhos. E logo três em simultâneo.
As meninas cresceram felizes e brincaram sempre em espaços ao ar livre. Desde cedo manifestaram o gosto pelo futebol e havia sempre pretexto para um joguinho entre irmãs e amigos. Alexandra garante que vai continuar a jogar à bola sempre, porque, diz, “se não o pudesse fazer, morria!”. É apenas uma força de expressão atalha Sofia: “Gostamos muito da nossa vida, dos nossos pais, de jogar à bola...”.
Sofia foi a primeira a jogar “a sério” no Atlético Clube de Pernes mas a falta de equipas para defrontar acabou por afastar Sofia do clube da terra. Foi na Escola de Futebol do Concelho de Alcanena (EFCA) que encontraram condições para praticar a modalidade do coração e rapidamente conquistaram os outros elementos da equipa, todos rapazes. No início alguns ficaram surpreendidos com a presença das irmãs na equipa mas tiveram de reconhecer que elas jogavam bem e até marcavam golos aos adversários.
Entre risos, Maria, que joga a médio tal como Sofia, conta que alguns guarda-redes das equipas com quem jogam choram quando uma delas lhes marca um golo. “Acham que é uma vergonha sofrer um golo de uma menina” mas agora já se vão habituando, diz.

Uma mãe especialista em futebol
A mãe, Catarina Vedor, jogou futebol nos anos 90, no União de Almeirim e no Fazendense. Era guarda-redes e a paixão pelo futebol, vive-a agora através das filhas. Maria sublinha que a mãe é especialista em futebol. Só deixou de jogar porque o namorado, agora marido, não gostava que ela fosse “maria rapaz”. O amor pelo futuro pai das filhas venceu a paixão pelo futebol e deixou de jogar. O pai José, garante Sofia, “não percebe nada de futebol mas vibra muito quando nos vê a jogar”.
Sofia, Alexandra e Maria frequentam o 7º ano na Escola EB D.Manuel I, em Pernes, e confessam que só estudam quando têm testes, por isso as notas ficam-se pelos 3 e 4 mas sem negativas. Assumem que não gostam muito de ler, nem ver filmes ou estar em casa. Gostam mesmo é de andar ao ar livre a jogar à bola - “sempre a bola”, dizem a rir - e também a andar de bicicleta e a passear.
As três irmãs nunca se lesionaram e não se preocupam muito com isso, porque quando estão em campo a vontade de vencer é superior a tudo. Durante este Verão tentaram convencer algumas amigas a ingressarem na EFCA para poderem ter uma equipa de futebol feminina mas não foram bem sucedidas. Maria diz que uma até estava com vontade de ir mas a mãe não deixou porque tem medo que ela se constipe e não quer que ela se suje.
As “meninas jogadoras de Pernes”, como são chamadas muitas vezes, já sabem o que querem fazer no futuro. Alexandra, que joga a médio, quer ser cozinheira, para cozinhar no restaurante dos pais, mas também quer tirar um curso de desporto e ser jogadora profissional. Maria quer tirar um curso de gestão de empresas, para gerir o negócio da família e quer ser jogadora profissional. Sofia aposta num curso de gestão de equipamentos de tecnologia e também quer jogar futebol como profissional.
As três irmãs de Pernes já deram nas vistas e por isso foram contactadas pelo Ouriense para ingressarem na sua equipa de futebol, quando tiverem idade. Este ano vão continuar na EFCA com muito gosto. “Ajudaram-nos muito a crescer como atletas”, dizem em uníssono. Para breve está marcada uma ida ao Sporting para fazer testes. “Jogar no nosso Sporting é um sonho, que pode ser possível” , dizem as manas que se entendem só com um olhar e já olham para a jornalista com alguma impaciência. “Outra folha? Não escrevas muito...”.

Uma viagem marcante a Cabo Verde

As irmãs viajam regularmente com os pais. Já foram algumas vezes a Espanha, já estiveram no Luxemburgo e em Cabo Verde, na ilha do Sal, e foi neste país que viveram uma experiência que não esquecem. Jogaram à bola com os meninos locais, que jogavam descalços, e uma menina mostrou-lhes o telemóvel. “Era uma espécie de telemóvel, todo partido, mas mesmo assim ela estava toda orgulhosa de ter um telemóvel” diz a Alexandra a sorrir para esconder uma ponta de tristeza ao recordar o episódio. No Natal, recorda Maria, a mãe mandou-lhes uma “geleira com frutas”, era o que eles queriam, garantem as irmãs, conscientes de que têm uma vida magnífica, com tudo o que desejam, “bolas, chuteiras e tudo o mais que é preciso”.

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