Sociedade | 21-10-2017 17:13

Nasceu no ano de inauguração do mercado onde é vendedora

Nasceu no ano de inauguração do mercado onde é vendedora
SANTARÉM
Vida. Jalcemina e a sua filha Maria José são rostos familiares do mercado escalabitano

Jalcemina Portugal é a vendedora mais antiga do Mercado Municipal de Santarém

Sentada num banco de madeira por trás das hortaliças dispostas harmoniosamente na banca de pedra está Jalcemina que tem como apelido o nome do país. Não é só o pouco comum nome da vendedora do mercado municipal de Santarém que marca a diferença do espaço, inaugurado no mesmo ano em que nasceu, há 87 anos. Jalcemina Portugal tem quase o dobro de anos como vendedora no mercado, quantos tem de idade a vendedora mais nova, Alexandra Silva, de 40 anos.


Pessoa de poucas falas, habituada desde os seus 12 anos a vender na praça sem grandes conversas para além das que são precisas na relação com os clientes. Começou a ajudar os pais que também vendiam produtos hortícolas no mercado e há 75 anos que por lá tem feito vida. “Um dia também precisei de arranjar um sustento”, conta. E foi assim que iniciou o negócio com a sua própria banca. Produzia as hortaliças na sua horta. Sempre vendeu só o que cultivava e continua a manter esse espírito, que também transmitiu à filha, Maria José, que a ajuda no mercado e que um dia destes vai seguir as pisadas da família, ficando com a banca da mãe.


Jalcemina já não tem força para fazer tudo sozinha e já é a filha que assume grande parte da produção da horta. Mas faz questão de manter-se activa e não abandonar o que sempre fez na vida. Cultiva o que consegue e continua a levantar-se às cinco da manhã para ir para a banca, que já não lhe dá o sustento que dava em outros tempos. Confessa que o que faz num dia de vendas mal dá para o trabalho. “Vai-se vendendo alguma coisa, mas pouco”, constata, sem desanimar.


Quem assistiu a um mercado cheio de vida, à azáfama de outros tempos, resigna-se agora a um espaço quase morto. “O estado em que está este mercado é uma tristeza, já não aparece cá quase ninguém”. Habituada a lutar na vida, Jalcemina não é mulher de baixar os braços, nem que seja a última resistente. Só a morte a vai tirar do lugar onde diariamente cumpre as rotinas de 75 anos de venda no mercado. O que mais lhe custa é o frio no Inverno. Nada que não se resolva com um xaile pelas costas.

Reportagem completa na edição semanal de O MIRANTE AQUI

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