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Modelos jovens e roupa para todos os gostos

Casa das Peles apresentou as suas criações num desfile na ExpoCartaxo

São quase dez da noite de Sábado. O desfile de moda da Casa das Peles no Cartaxo está para começar. No palco instalado no pavilhão de exposições da ExpoCartaxo já está estendida uma alcatifa azul e há projectores estrategicamente espalhados pelo chão. Nos camarins a azáfama é grande. A roupa acabou de chegar e os onze modelos contratados apressam-se a separar as suas peças para que na hora de vestir não haja confusão. Blazer’s, camisas, calças, blusões. Tons de terra, beges, castanhos escuros, pretos. A colecção de inverno é versátil e atraente. Quente, quente.

Lucinda Lobo dá as últimas indicações. Percorre o espaço reduzido dos camarins a passo apressado e avisa para que os fumadores tenham cuidadinho com os cigarros. Uma queimadura numa peça de vestuário e lá vão umas dezenas de contos ao ar. “O importante é que se cruzem no palco. Quando um vem a sair o outro tem que entrar. Cada um faz duas passagens, não se esqueçam...”, vai relembrando a responsável pela coreografia do desfile que por sinal é de Alcanena, terra de onde sai muita matéria prima para a Casa das Peles. Os modelos conhecem bem Lucinda Lobo. Seis raparigas e cinco rapazes, a maior parte não tem mais de 18 anos de idade. São quase todos de Alcanena e costumam trabalhar com a empresa de som e luz, a TNT. O tempo começa a escassear. Dão-se os últimos retoques na maquilhagem, executada por profissionais da Look Atelier do Cartaxo. Algumas modelos têm o desenho de um olho ao lado do olho verdadeiro. Nelson Afonso, de 18 anos, está há pouco tempo neste mundo, mas demonstra um grande à-vontade fruto também de um curso de manequim que frequentou. “Comecei a desfilar há um ano. tenho tido alguns contactos com agências de moda, mas ando nesta actividade mais pelo convívio”, explica o modelo, que está a frequentar o curso superior de Reabilitação Psicomotora. Na parede do camarim, ao lado dos fatos, está afixada uma folha com a ordem de entrada de cada um. Nessa folha está também indicada a estrutura do desfile. Primeiro passam os fatos vermelhos, depois os bejes, seguem-se os azuis. Há ainda os fatos de motard, os clássicos e os visons. Por último desfila o vestido de noiva. “A roupa foi escolhida por cores e dentro do que era do interesse da Casa das Peles em mostrar. Fizemos uma selecção desde o convencional ao extravagante, também para dar algum impacto em termos de espectáculo. Os fatos também foram escolhidos em função dos modelos, que já trabalham comigo há algum tempo e sendo assim é mais fácil organizar as coisas. Basta fazer fazer uns ajustes tendo em conta as condições do local”, explica Lucinda Lobo. Patrícia Modesto é a mais nervosa do grupo. Tem 16 anos e foi eleita este ano a miss Alcanena. “Em todos os desfiles acontece-me isto. Fico com as pernas a tremer e um nó no estômago. Mas passa assim que entro em palco.”. A Jovem diz que passa qualquer tipo de roupa. Podem ser vestidos compridos os “trapos” mais vaporosos. Até mesmo mini saias. “Nua é que não desfilo. Nem que me paguem muito bem. Faço isto só para me divertir e para desfilar preciso sentir-me bem com a roupa”, Confessa. No recinto centenas de pessoas esperavam pelo início do desfile que acabá por começar por volta das dez e meia. A primeira manequim entra vestida de bruxa. É noite de Halloween. As colegas aguardam concentradas a sua vez. Estão perfiladas pela ordem de entrada em palco, não há enganos nem confusões.Lucinda Lobo ainda tem tempo para um último aviso: “assim que saírem despem logo a roupa e vestem a próxima, nem que tenham de ficar muito tempo à espera”. A indicação é seguida à risca. Assim que acabam de desfilar e mal entram nos camarins começam a tirar as peças de roupa ainda em andamento, que depois são colocadas numa enorme caixa de cartão. Não há tempo para grandes arrumações. O público assiste com atenção aos modelos que vão passando pelo palco em forma de T. Primeiro as peles vermelhas, depois as bejes, as azuis e por aí fora. Na altura de passar a roupa de motards entram em palco três manequins em conjunto. Dois rapazes e uma rapariga bem agasalhados em “fardas” próprias de quem anda de mota.A fechar o desfile a miss Alcanena aparece em palco com o vestido de noiva em pele e uma rosa vermelha na mão. Depois entram todos os modelos para os aplausos finais e a despedida. Há sorrisos e boa disposição. O público está entusiasmado.Nos camarins faz-se o balanço do trabalho. Foi hora e meia de espectáculo. Dá-se atenção ao que falhou. Há sempre coisas a corrigir e com os erros é que se aprende. A pressão e o nervoso miudinho já lá vão. A Casa das Peles tem razão para estar satisfeita com o trabalho feito.António Palmeiro

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