Não acontece muitas vezes, mas este ano a armada portuguesa conseguiu ombrear com a estrangeira, e a tradicionalmente forte esquadra africana foi mesmo suplantada pela europeia. Em masculinos o pódio foi maioritariamente europeu. Em primeiro ficou o russo Dmitry Maximov, que mostrou grande categoria e surpreendeu tudo e todos, no segundo lugar ficou José Dias, um português da Conforlimpa, que tinha vencido a prova no ano anterior. Só no terceiro lugar aparece o africano Korir Kemi, do Quénia.O russo Dmitry Maximov, não só venceu e convenceu como também mostrou que à prova de Torres Novas não vêm só segundos planos, também aqui estão presentes atletas de grande gabarito, que tornam a corrida num espectáculo emocionante e cheio de alegria.O tempo obtido pelo atleta vencedor foi de excelente categoria. Para isso contribuiu a forma como os principais favoritos entraram na corrida. Dmitry Maximov, José Dias, Korir Kemi, Edwin Ribet, Ricardo Ribas, Stephen Bwide vieram para a frente e imprimiram um ritmo muito forte que rapidamente fez a selecção dos melhores.A meio da primeira volta ao percurso, o grupo da frente ainda era numeroso, com cerca de duas dezenas de atletas. Mas à passagem para a segunda volta, o russo esticou um pouco a sua passada e a selecção começou a fazer-se.Aos cinco quilómetros, metade do percurso, o grupo da frente já só tinha dez atletas, os seis magníficos, mais Carlos Calado, Euclides Oliveira, Vítor Cordeiro e António Travassos. Este grupo caminhou unido até cerca dos sete quilómetros, altura em que Dmitry Maximov deu mais um esticão, a que ninguém conseguiu responder, e o grupo acabou por se desfazer por completo, ficando na frente isolado Maximov e mais atrás os dois quenianos, o tanzaniano e José Dias.A partir daqui foi um passeio do atleta russo até à meta onde chegou com mais de cem metros de avanço sobre o português José Dias, que à entrada da recta da meta atacou forte com um sprint longo, ultrapassando os três africanos que com ele seguiam. HELENA SAMPAIOFOI A MAIS FORTENo sector feminino, a vitória da campeã portuguesa Helena Sampaio foi muito mais fácil. Helena esteve na frente desde o primeiro momento e à passagem do quinto quilómetro já levava um bom avanço em relação à russa Natália Volgina e à ucraniana Svetlana Nekhorosh, que seguiam muito perto uma da outra. Beatriz Cunha outra portuguesa a realizar uma boa prova, seguia também muito perto.Mais à frente, quando eram corridos cerca de sete quilómetros, a diferença da atleta portuguesa era ainda maior e a espanhola Tina Ramos e russa Natália Cherepanova tinham-se aproximado de Beatriz.No entanto, até à meta nada se alterou e Helena Sampaio fez uma caminhada triunfal, ganhando quase um minuto à russa e à ucraniana, que, entretanto se tinha distanciado de Beatriz Cunha, que apesar de ter visto Tina Ramos aproximar-se perigosamente conseguiu manter o terceiro lugar.ORGANIZAÇÃO TAMBÉM MERECE O PÓDIOO fim de tarde com uma temperatura amena e sem chuva, ajudou a manter o entusiasmo dos milhares de pessoas que encheram as ruas da cidade torrejana, que ao longo de toda a prova não se cansaram de incentivar os mais de mil e quatrocentos atletas que participaram na corrida.A organização da prova a cargo da Secção de Atletismo da União Recreativa e Desportiva da Zona Alta de Torres Novas, esteve, mais uma vez, impecável em todos os aspectos. Foi mesmo um dos aliciantes da prova e nem mesmo uma falsa partida dos atletas, a que a foi totalmente alheia, mancha a forma correcta como tudo foi planeado. Por isso seria justo que estivesse também no lugar mais alto do pódio da prova, que é cada vez mais uma das melhores e mais bem organizadas, que se realizam em Portugal.No entanto, a excelente organização técnica da prova liderada por Raul Santos merece nota alta, mas é também de destacar o apoio de toda a estrutura da Associação de Atletismo de Santarém e também da Câmara Municipal de Torres Novas, Bombeiros Voluntários Torrejanos e Polícia de Segurança Pública, que se tornam indispensáveis para que uma corrida desta envergadura seja torne num êxito.Classificações: Seniores masculinos – 1º Dmitry Maximov, Rússia; 2º José Dias, Comforlimpa; 3º Korir Kemi, Quénia; 4º Edwin Ribet, Quénia; 5º Eduardo Ribas, Maratona; 6º Stephen Bwide, Tanzânia; 7º º Carlos Calado, Gémeos Castro; 8º Euclides Oliveira, Queijas 1º de Dezembro; 9º Vítor Cordeiro, C. A. Portalegre; 10º António Travassos, Maia Atlético Clube.Seniores femininos: 1ª Helena Sampaio, Maratona; 2ª Natália Volgina, Rússia; 3ª Svetlana Nekhorosh, Ucrânia; 4ª Beatriz Cunha, Odivelas Futebol Clube; 5ª Tina Ramos, Clube de Atletismo Artyneon Espanha; 6ª Natália Cherepanova, Rússia; 7ª Rosário Pais, Boavista Futebol Clube; 8ª Vitorina Mourato, Clube de Atletismo de Portalegre; 9ª Natalina Coelho, Pasteleira; 10ª Aureliana Edmundo, Pasteleira.Nas restantes categorias os vencedores foram: Benjamins, masculinos – Filipe Vitorino, Clube de Natação de Rio Maior. Femininos – Nádia Mendes, Sport Clube da Reboleira. Infantis, masculinos – Tiago Dias, União Atletismo Povoense. Femininos – Bebiana Soares, Futebol Clube de Penafiel. Iniciados, masculinos – Richard Marques, Recreativo de Estarrreja. Femininos – Catarina Neves, Águas Belas. Juvenis, masculinos – João Lopes, Clube de Natação de Rio Maior. Femininos – Ana Fonseca, Recreativo de Estarreja. Juniores, masculinos – Sérgio Dias, Maratona. Femininos – Marlene Ferreira, Odivelas Futebol Clube. Veteranas – Lucília Soares, Sport Lisboa e Benfica. Veteranos I – Arlindo Macedo, Constrolândia. Veteranos II – Domingos Barroso, Sport Viseu e Benfica. Veteranos III – Vasile Nicolaev, U.R. Dafundo. Veteranos IV – Jaime Gonçalves, Ingleses Futebol Clube. Veteranos V – Carlos Silva, Boavista do Pico.Classificação colectiva: Masculinos - 1º Associação Cultural de Vale de Cambra; 2º Grupo Desportivo da Reboleira/Acoril; 3º Maratona Club de Portugal; 4º União Recreativa do Dafundo; 5ª Clube Atletismo Gaiense/Toyota.Femininos: 1ª Associação Desportiva da Pasteleira; 2ª Odivelas F. Clube; 3ª Sport Lisboa e Benfica; 4ª Clube de Atletismo de Ferreira do Zêzere; 5ª União Recreativa do Dafundo. Dmitry Maximov um atleta satisfeitoUma prova à parteDmitry Maximov, o vencedor da São Silvestre de Torres Novas, é um dos melhores fundistas europeus da actualidade. No seu palmarés de atleta regista várias vitórias internacionais, em competição com os melhores atletas da Europa.No final da prova torrejana, o atleta não escondia o seu contentamento, e com alguma dificuldade de entendimento, que só foi possível ultrapassar com a ajuda de um seu companheiro que já domina com alguma qualidade o português, garantiu: “Não foi uma vitória fácil, sentia-me bem e quando a meio da prova estiquei e vi que os meus adversários não reagiram, fiquei mais à vontade e fiz uma prova calma. Estou muito satisfeito com esta vitória, não só porque aconteceu logo na minha primeira participação, como porque venci um grupo de excelentes atletas”.Maximov fez questão de confessar o seu entusiasmo pela prova de Torres Novas e também agradecer a forma como foi recebido e acarinhado, numa cidade “muito bonita e com pessoas muito acolhedoras, fiquei fã e de certeza que vou voltar”.José Dias, ficou em segundo“Face ao valor dos estrangeiros este lugar é excepcional”José Dias, que terminou no segundo lugar, defendeu que este lugar é uma vitória, porque conhecia os adversários, que lutam de igual para igual com os melhores europeus. “Conhecia bem os adversários e por isso não vinha muito confiante, tenho corrido muitas provas e vinha algo desgastado e só percebi que podia ganhar na parte final, mas depois do esforço que fiz para não deixar fugir muito o Maximov, fiquei sem forças e optei por dosear as minhas forças de modo a defender o segundo lugar, que já foi muito bom”.O atleta português, que se confessou algo distante da sua equipa. A Comforlimpa, garantiu que a prova excedeu todas as suas expectativas, quer ao nível da organização, “que foi impecável”, como ao nível do número e valor dos participantes, por isso “o meu segundo lugar é uma vitória”.“Estou na Conforlimpa até Junho de 2003, mas por razões que não quero explicitar a ligação é muito curta, vim a Torres Novas por opção minha, e foi uma aposta ganha. Vou continuar a minha carreira, com humildade e vontade de trabalhar e de ganhar”, afirmou o atleta. Helena Sampaio, a vencedora feminina“Foi muito bom ter vencido”A campeã Helena Sampaio não escondia a sua satisfação pela vitória conquistada. “Não foi uma vitória fácil, o circuito não era nada fácil, tinha muitas subidas e descidas, e foi aí que eu senti maiores dificuldades”, referiu a atleta que veio do norte do país.“Estou muito contente . Foi muito bom ter vencido. Quero dar os meus parabéns à organização da prova, que foi excelente. Torres Novas ganhou uma fã, não só da prova como da cidade”, fez questão de referir Helena Sampaio, que confessou ter sido uma opção sua a vinda à São Silvestre de Torres Novas, “Conhecia as minhas adversárias, e tinha algum receio, porque fiz a São Silvestre do Porto, onde fiquei em terceiro, mas acabei por me sentir bem e venci com à-vontade”.Raul Santos, o rosto da organização“Os elogios dos atletas são um grande incentivo para continuarmos a trabalhar”Em jeito de balanço, Raul Santos, o rosto da organização, considerou a prova bastante positiva a nível competitivo e ao nível da participação de atletas. “Temos em Torres Novas talvez a maior corrida de São Silvestre que se realiza em Portugal. Ao nível de participação somos neste momento a maior, e ao nível da qualidade dos participantes este ano excedeu todas as nossas expectativas e isso deixa-nos muito satisfeitos”, referiu Raul Santos.Por outro lado, o êxito da organização mostrado pelos elogios dos atletas em prova, deixou Raul Santos e todo o staff da corrida com um sorriso nos lábios. “É muito importante que o nosso trabalho seja reconhecido, são muitas as pessoas que trabalham de dia e de noite para que nada falte aos atletas e para que tudo esteja pronto a tempo e horas, e assim tornarmos esta prova no maior acontecimento desportivo que se realiza anualmente em Torres Novas. O trabalho da câmara municipal e os elogios dos atletas só nos dão alento para continuarmos a trabalhar”, concluiu Raul Santos.