uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Estranhas transacções bancárias

Carlos Matias não se conforma com a atitude da Caixa Geral de Depósitos

Um empresário de Alcanena viu a CGD, sem qualquer autorização para isso, debitar 15,56 euros da conta da sua firma para alegadamente pagar ao BCP anuidades de dois cartões de crédito que nunca teve. Aconteceu em Outubro e, apesar de muitos telefonemas, algumas idas ao banco e o envio de duas cartas, o assunto ainda não foi resolvido e não há qualquer explicação por parte da instituição bancária. “Mais vale voltar a pôr o dinheiro debaixo do colchão”, diz revoltado Carlos Matias.

Quando Carlos Matias, gerente da Combustalca – Combustíveis de Alcanena, recebeu há cerca de três meses o extracto da sua conta bancária sediada na Caixa Geral de Depósitos (CGD) da vila ficou espantado e indignado. Espantado porque lhe tinham debitado, por duas vezes, 7,78 euros sem especificarem a origem e indignado porque a instituição bancária aprovou o débito sem que estivesse autorizada a fazê-lo.Há três meses que o gerente da bomba de gasolina da Elf em Alcanena anda aos trambolhões, de instituição para instituição, sem que o seu assunto seja resolvido. “Os bancos entraram no jogo do empurra mas eu não desisto”, diz Carlos Matias acusando o procedimento do Banco Comercial Português (BCP), banco que debitou a quantia, de “abuso inqualificável” e de “negligência” a CGD, entidade pagadora.No início de Outubro, ao receber a descrição de movimentos efectuada pela sua firma na conta da CGD, Carlos Matias estranhou o débito de 15,56 euros (duas vezes 7,78 euros), ainda por cima quando na coluna descritiva da natureza do pagamento apenas estava escrito “recibo”. Deu voltas e voltas à cabeça até ter a certeza que não tinha feito qualquer débito daquele valor. E rumou à agência da CGD de Alcanena, onde a conta está sediada, para obter explicações. Costuma-se dizer que quem tem boca vai a Roma mas Carlos Matias não teve a mesma sorte. Depois de algumas visitas e muitos telefonemas sem êxito, ao balcão da instituição foi uma funcionária que o aconselhou “a escrever uma cartinha” à gerência da Caixa de Alcanena. O que fez, a 27 de Novembro.No início de Dezembro, ainda por sugestão da dita funcionária, o gerente da Combustalca escreve nova missiva, desta vez à administração da CGD, em Lisboa, sem obter até hoje qualquer resposta. Do balcão de Alcanena chegou, entretanto, resposta à sua primeira carta. “Cumpre-nos informar que os dois débitos efectuados, no valor de 7,78 euros cada, se reportam ao pagamento das anuidades dos vossos cartões do Banco Sotto Mayor”. Carlos Matias pensou que estivessem a brincar com ele, uma brincadeira de mau gosto, é certo, mas uma brincadeira. Como é possível ter de pagar anuidades de cartões de crédito que nunca possuiu? Ele, que o único cartão de crédito que tem é um visa da rede Unicre, alusivo ao Sporting...“Nunca na minha vida trabalhei com o Banco Sotto Mayor”, diz Carlos Matias. Mas para este empresário, isso nem é o pior. “Mais grave que tudo isso é a CGD prontificar-se a fazer um débito para qual não está autorizada por esta firma”, diz, questionando-se de seguida – “agora os bancos já fazem coisas destas, já fazem pagamentos sem haver qualquer autorização para tal por parte do titular da conta?”.A quantia é irrisória mas Carlos Matias não desiste de saber o que se passou. “É uma questão de princípio, foram 7,78 euros duas vezes mas podiam ter sido 778 euros vezes dois e eles pagavam na mesma”, diz, adiantando que vai gastar mais dinheiro do que o que foi debitado para apurar a verdade mas irá até ao fim.“Com esta concorrência desenfreada nós já esperamos tudo dos bancos, eles já fazem autênticas surpresas como pagarem sem autorização de débito”, diz o empresário, adiantando que afinal, “os velhinhos parecem ter razão ao arrecadarem o dinheiro debaixo do colchão”.A nossa reportagem acompanhou Carlos Matias até ao balcão da CGD de Alcanena para, mais uma vez, tentar obter alguma explicação para o sucedido. Apesar do gerente da agência estar apenas há uma semana no cargo já estava minimamente ao corrente situação mas, apesar de afirmar que irá fazer tudo o que estiver ao seu alcance para saber o que se passa e resolver a situação, disse sentir que também “está de mãos atadas”, uma vez que o assunto é tratado na sede, em Lisboa.“O que sei é que a CGD lhe irá mandar brevemente uma carta”, refere, embora não saiba o seu conteúdo. “Não há explicação para a Caixa autorizar aquele débito, a única coisa que há a fazer é reconhecerem o erro, pedirem desculpa e reporem o dinheiro, com juros de mora”, diz Carlos Matias. Que deixa um último alerta a todos os portugueses com contas bancárias – “olhem sempre os extractos com olhos de ver porque onde eles puderem ir buscar vão e muitas vezes nem se dá por isso”. Quem avisa bom amigo é....Margarida Cabeleira

Mais Notícias

    A carregar...