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Guerras da política chegaram à cultura

Exposição de homenagem a Mário Viegas gera polémica em Santarém
A direcção do Centro Cultural Regional de Santarém (CCRS) está indignada com a atitude do pelouro da Cultura da Câmara de Santarém, que “desviou” para a Casa do Brasil uma exposição de pintura de homenagem a Mário Viegas inicialmente prevista para o Forum Actor Mário Viegas, espaço tutelado pelo CCRS.Os dirigentes da associação enviaram mesmo uma carta a todos os membros do executivo camarário, precisamente na data de inauguração da exposição, 17 de Janeiro, onde lamentam o ocorrido e dão conta do seu desagrado. Uma missiva que até agora esteve no segredo dos deuses e que, segundo a presidente do CCRS e anterior vereadora da Cultura, Graça Morgadinho, não obteve qualquer resposta até à data.A exposição de pintura, com quadros de Mário Alberto, esteve prevista para Novembro último para o Fórum Mário Viegas, ao abrigo de um protocolo existente entre o CCRS e a câmara, que prevê a cedência desse espaço para actividades promovidas pelo município.Só que entretanto a autarquia decidiu desmarcar a exposição, por razões que a direcção do centro diz não lhe terem sido explicadas. Mas a maior surpresa estava para vir dois meses depois, em Janeiro de 2003, quando os dirigentes do Centro Cultural Regional ficam a saber que a exposição havia sido transferida para a Casa do Brasil, propriedade da autarquia, através dos convites que lhes foram endereçados para a inauguração da mesma.Graça Morgadinho recusa-se a comentar a atitude de Idália Moniz, sua sucessora à frente da pasta da Cultura e sua camarada no PS, mas o vice-presidente do CCRS e antigo vereador da CDU na Câmara de Santarém, Vicente Batalha, não tem dúvidas em atribuir a situação a incompatibilidades pessoais e a guerrilhas partidárias.Vicente Batalha, que foi um dos mentores da ideia de trazer a exposição de homenagem a Mário Viegas até Santarém quando ainda era vereador, diz que o que se passou foi “transportar para a política cultural problemas de índole pessoal e questões não resolvidas partidariamente” entre Idália Moniz e Graça Morgadinho.Afirmando que “a câmara substituiu-se às instituições e fez a política que quis”, Batalha vai mais longe e declara que se tratou de “uma utilização abusiva de Mário Alberto e do nome de Mário Viegas”. Para ele, “cultura é abertura e disponibilidade e não guerras de capelinhas”.“Sinto-me chocado. Isto só pode provir de pessoas que não gostam de cultura, nem de teatro, nem de pintura, nem de artistas”, afirma Vicente Batalha que, tal como Graça Morgadinho, acha que o espaço que tem o nome de Mário Viegas seria “o mais natural” para a realização do evento. E que, caso isso não fosse possível, o Centro Cultural devia pelo menos ter sido ouvido e envolvido nessa iniciativa.AS EXPLICAÇÕES DA CÂMARA DE SANTARÉMO MIRANTE tentou falar com a vereadora da Cultura, Idália Moniz, mas as explicações por parte da câmara acabaram por ser dadas por Duarte Pinto da Rocha, responsável pela programação cultural da Casa do Brasil.Pinto da Rocha garante que foi dado conhecimento ao Centro Cultural da desmarcação da exposição prevista para o Forum Mário Viegas e de que a autarquia não pretendia manter a reserva do espaço para esse efeito. A mudança de planos, diz, deveu-se ao facto de, na mesma altura, ter estado patente na Casa do Brasil uma mostra de escultura de uma artista brasileira. “Foi dado conhecimento ao Forum que não conviria à câmara ter mais exposições nessa altura e decidimos avançar logo no início de Janeiro com a exposição de Mário Alberto”. Só nessa altura, diz Duarte Pinto da Rocha, ficou definido, através de “insistência” do artista, que a exposição teria o carácter de homenagem a Mário Viegas, tendo o pelouro da Cultura decidido realizá-la na Casa do Brasil.Duarte Pinto da Rocha só não nos explicou porque é que a câmara optou por mudar o local da exposição em cima da realização da mesma, dando a entender que essa decisão não passou por ele.João Calhaz

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