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Museu ferroviário em causa!

António Pinto Pires
Não deixa de ser fortemente preocupante o facto de o Museu Nacional Ferroviário, com a sua sede no Entroncamento, se encontrar desde Agosto sem os seus órgãos executivos em funcionamento, isto é, uma comissão executiva instaladora, nomeada como que à força, sem quaisquer objectivos definidos, e por caricato que possa parecer, ainda não funcionou uma única vez.Este facto pode significar muita coisa, ou se formos directos ao assunto, o fim do próprio museu, enquanto projecto nacional, processo que em 1996 foi reiterado pelo governo de então, mas da parte do actual, ainda nada foi dito sobre o assunto.E a questão ganha contornos cada mais estranhos uma vez que tudo fazia pressupor o contrário, pelas empenhadas campanhas de Miguel Relvas, Morais Sarmento, Paula Carloto no apoio demonstrado ao actual presidente da autarquia do Entroncamento, Jaime Ramos. Da minha parte, confesso que me senti deveras satisfeito, era a garantia de que o processo ia prosseguir depois da apatia sentida sobretudo no último mandato do governo socialista que retirou o apoio a José Pereira da Cunha.Independentemente das pessoas ou cores políticas, o que importava era o processo em si, com ou sem Pinto Pires, fosse com quem fosse, prosseguisse de acordo com os objectivos definidos! Ou não foi esse o propósito e entusiasmo colocado quando em 1996 tiveram lugar as primeiras jornadas para a defesa e promoção do Museu? Indubitavelmente, esse evento configurou de novo este projecto museológico na cena nacional e internacional.Por todo o lado se voltou a falar do Museu Nacional Ferroviário, na sua dimensão nacional, por isso se estabeleceram contactos com todas as autarquias envolvidas no processo, na ocasião dez, e todas fortemente interessadas, de modo a dar corpo ao que estava estipulado, um museu polinucleado com a sua sede nacional no Entroncamento.Porém nem tudo foram rosas, não obstante ser essa a cor predominante, e demonstrei por diversas vezes, por a mais b, que a forma como a comissão executiva tinha sido configurada, fortemente dependente da CP e Refer, constituía um forte entrave ao avanço deste processo, o que foi constatado pela forma como decorreram o processo de lançamento de obras por parte da CP, que tudo protelou para as calendas sem lhe imprimir qualquer celeridade, facto que pode ser provado num dos edifícios ainda embargado. No entender da então CEI/MNF o órgão que por excelência deveria tutelar o museu, deveria ser o seu Presidente, respectivo Secretário e Conselho Geral, dando cumprimento ao estipulado na Lei 59/91 que cria o Museu. Essa constatação e promessa de implementação, chegou a ser reiterada pela actual Secretário de Estado da tutela, no seu próprio gabinete e à anterior comissão executiva, na presença do presidente da Câmara do Entroncamento.O actual Governo que com o consentimento da mesma Câmara demitiu a 1ª Comissão Executiva Instaladora, nomeada em 1996, não foi ainda capaz de pôr prática a referida lei, não obstante as empenhadas promessas, que não passaram de tal, os estudos económicos solicitados, projecto de decreto regulamentar, com a agravante de não conseguir pôr em funcionamento a própria comissão nomeada, decorridos quase seis meses.E mais preocupante ainda é o facto de se reconhecer por parte dos responsáveis que o envolvimento de todas as entidades referidas apenas terem empatado este processo, mas por outro lado se afirme a necessidade de envolver, para além do Ministério das Obras Públicas e Transportes, o Ministério da Cultura, Habitação e das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, sem tão pouco se saber o que se está a afirmar ao pretender integrar o Museu na rede de museus nacionais dependentes do Instituto Português de Museus. Em face da Lei, o Museu depende das Obras Públicas e Transportes, o que não foi decidido ao acaso, uma vez que os parceiros envolvidos, CP e Refer, entidades que devem participar na feitura do Museu, dependem da mesma tutela o que em princípio facilitaria a implementação do mesmo. Agora, estar a pretender envolver mais entidades, não claramente definidas na Lei, significa matar este processo submetendo-o à tormenta dos pareceres que apenas irão travar a dinâmica de o mesmo se conseguir implementar.Não deixo porém de me indignar com a ausência de uma corrente de opinião pública que defenda acerrimamente o MNF e pasmar ante esta paz podre e de indefinição que se vive mais uma vez no Entroncamento face a um dos projectos mais nobres para o país.Apenas ao dr. Luís Filipe Lopes reconheço essa preocupação, pessoa que me acompanhou durante quatro anos e que numa publicação de amigos do caminho de ferro salientou essa preocupação, que de forma académica procurou fundamentar, mas que duvido venha a surtir os devidos efeitos.* Ex-presidente da Comissão Executiva Instaladora do Museu Nacional Ferroviário

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