uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Terceiro tenista nacional de Iniciados

André Caiado é de Rio Maior e joga ténis que se farta

André Caiado tem apenas 11 anos e já demonstra qualidades e resultados na sua modalidade de eleição - o ténis. Natural de Rio Maior, este jovem talento conseguiu chegar ao fim do ano como número três do ranking nacional na categoria de Iniciados. Com sete torneios conquistados desde Fevereiro de 2001, aponta como principal objectivo participar no “Orange Bowl”, uma espécie de Campeonato do Mundo de Iniciados, que decorre em Dezembro de 2003, em Miami, nos Estados Unidos. Assim ajudem os patrocinadores.

Com 11 anos, 1,45 metros, 35 quilos de peso, canhoto, de palavra fácil, bom aluno, entre outras características. É assim André Caiado, uma promessa do ténis distrital em “fase de construção”.A dedicação pelo ténis leva André e o seu pai, António Caiado, a percorrerem cerca de 200 quilómetros por semana para se deslocarem ao campo de treino do Clube de Ténis das Caldas da Rainha (CTC). Um complexo desportivo composto por quatro belos courts de terra batida onde evoluem oito jovens das classes de competição e outros 110 pertencentes às escolas. Com treinos de duas horas às segundas, quartas e sextas-feiras marcados para longe de casa, André Caiado mostra uma grande força de vontade. “Tudo porque em Rio Maior, que dizem que é a cidade do desporto, não há um único campo de ténis”, explica o próprio. De início o esforço era ainda maior, já que o Clube de Ténis de Azambuja era o que ficava mais perto da sua casa.O interesse pelo ténis começou logo aos oito anos quando o pai lhe perguntou se queria levar tudo mais a sério. Mas antes, com dois anos, já pegava na raqueta para “bater umas bolas”, influenciado pelo pai, um praticante assíduo e adepto da modalidade. Os jogos na televisão e, principalmente, o seu ídolo, André Agassi aguçaram a restante curiosidade. “O Agassi tem 33 anos e joga tão bem como o número um do mundo. Ganha torneios, Grand Slams e tem um jogo muito agressivo”, descreve André Caiado.O pai de André já falou com o presidente da Câmara de Rio Maior para formar um clube de ténis, mas do outro lado afirmam que não há dinheiro. “Mas vão fazer bancadas à volta do estádio quando o clube anda na terceira divisão e não precisa de tanto”, dispara o jovem tenista.A evolução e o interesse foram crescendo e, aos dez anos, André Caiado, começou a participar em provas oficiais, já integrado no Clube de Ténis das Caldas da Rainha. O primeiro desafio a sério chegou com o Torneio Fundação, na Marinha Grande, em Fevereiro de 2001. Uma prova em que André Caiado alcançou os quartos de final, em Iniciados.A primeira vitória chegou em “casa”, no Torneio Jovem das Caldas da Rainha em Iniciados, realizado em Abril do ano passado. A senda de vitórias continuou com outras quatro conquistas de torneios ao longo de 2002 (duas em Leiria, Faro e Marinha Grande). No que corre de 2003, André Caiado conseguiu já duas vitórias. Uma na Caranguejeira e a última na Marinha Grande. Segundo explica o atleta, “esta foi a mais saborosa porque nas meias-finais ganhei a um jogador com 13 anos a quem nunca tinha ganho e, na final, com outro jogador que também era forte”.Excelente jogadore aluno exemplarComo André Caiado reconhece, levar o ténis a sério é começar a pôr coisas de parte. “Dantes fazia parte dos escuteiros e agora tenho os fins-de-semana ocupados com torneios. Nos escuteiros reuníamos uma hora e íamos embora. Aqui ganhamos novas amizades, temos sempre coisas para falar”, referiu-nos.De palavra sempre pronta a sair e a saber o que diz, André Caiado revelou-nos que sempre foi um aluno equilibrado, conseguindo que o ténis não prejudicasse os seus estudos. E não prejudica mesmo nada, sendo a prova disso o facto de “não saber” tirar outra nota que não o cinco e nos testes raramente baixar dos 100 por cento. Segundo nos referiu o pai, “no quinto ano foi mesmo o melhor aluno da sua escola com notas máximas a todas as disciplinas”.Dentro do court os seus pontos fortes são as pancadas certeiras, principalmente quando está motivado. Enquanto o ponto fraco é o voley e o smash, movimentos executados mais perto da rede. Tecnicamente, André Caiado considera que se adapta bem a qualquer piso, apesar de treinar constantemente em terra batida. O grande objectivo da temporada que também é um sonho, passa por participar no “Orange Bowl”, a competição mundial destinada à categoria aos melhores iniciados de cada país. A prova disputa-se em Miami (EUA), em Dezembro deste ano, mas cada jogador tem que suportar as suas despesas. Um entrave na opinião da jovem promessa, “tem a ver com a falta de apoios da Federação Portuguesa de Ténis para formar jogadores e uma das razões para não aparecerem mais atletas”.Uma capital do desporto sem campos de ténisPara António Caiado, pai de André, ainda é muito cedo para que o filho decida que quer seguir o ténis, até porque “as condições para o desenvolvimento de um jogador de ténis em Portugal não são nada favoráveis”, constata. Na sua opinião o essencial é que o filho continue a ser um aluno brilhante, escolhendo o seu futuro daqui a uns anos.Uma das situações tem a ver com a falta de campos de ténis e, no caso de Rio Maior, mais grave porque não tem nenhum. “É uma luta que temos vindo a travar desde há três anos com a autarquia e parece haver uma luz ao fundo do túnel, mas quero ver parar crer, como São Tomé”, afirma.António Caiado tem vindo a tentar criar um clube de ténis na cidade para formar alunos para a modalidade e proporcionar aos interessados ténis de manutenção. Quanto à possível participação no “Orange Bowl”, António Caiado dá o exemplo que no ténis prevalece o “patrocínio” em tempo e dinheiro, ou seja, a responsabilidade dos pais em vários aspectos. Por isso, vai começar a contactar entidades oficiais e empresas para recolher alguns milhares de euros necessários à participação do filho naquela competição.Depois do professor Ramiro Martins, na vertente de aprendizagem, André Caiado tem trabalhado desde Outubro passado com o professor Pedro Felner, director técnico do CTC. Para este responsável o André “é um miúdo com bastante potencial, muito competitivo e que tem evoluído bastante”, considerando-o ainda tecnicamente muito bom mas necessitado de trabalho a nível mental. Para isso, refere ser essencial que o jovem tenista mantenha humildade a treinar e a jogar e sabendo estar no desporto. “Espero que saiba lidar com algum sucesso que tem tido”, refere Pedro Felner. Para o técnico, o facto de André Caiado ser canhoto é uma vantagem no ténis. “Além de serem habitualmente muito talentosos, os canhotos costumam confundir os adversários, nomeadamente no serviço”, conclui.

Mais Notícias

    A carregar...