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Campo Infante da Câmara continua ao abandono, mas projectos não faltam

Campo da Feira continua à espera

Burocracia atrasa requalificação do espaço mais apetecível de Santarém

Para Dezembro último estava prevista a apresentação dos projectos de requalificação do Campo Infante da Câmara, surgidos no âmbito do concurso público entretanto aberto pela autarquia. Para Janeiro de 2003 anunciou-se o lançamento da primeira pedra. Mas até agora, nem novas nem mandadas. O antigo Campoda Feira, no centro de Santarém, continua à espera que se desembrulhem algumas embrulhadas que uns dizem ser políticas e outros consideram ser meramente administrativas.

O Campo Infante da Câmara clama há quase uma década pela atenção dos políticos, mas os breviários de intenções que regularmente se vão debitando tardam em ter correspondência prática naquele espaço central da cidade de Santarém, cada dia mais degradado. Perante a opinião pública, as promessas feitas pelos políticos são, cada vez mais, olhadas com cepticismo. Muito por culpa dos próprios, diga-se...As mais recentes expectativas foram criadas no início do actual mandato, quando a Câmara de Santarém apreciou e aprovou um cronograma de intervenção para o antigo Campo da Feira. Mas as coisas estão a começar mal. Para Dezembro último estava prevista a apresentação ao executivo dos projectos de requalificação surgidos no âmbito do concurso público entretanto aberto pela autarquia. E para Janeiro de 2003 anunciava-se mesmo o lançamento da primeira pedra do empreendimento. Só que, até à data, nem novas nem mandadas.Outro sinal que suscitou alguma desconfiança tanto na opinião pública como nalguns elementos da oposição prende-se com o facto de a câmara, por proposta do presidente, ter retirado do orçamento para 2003, poucos dias depois de este ter sido aprovado na assembleia municipal, 1,2 milhões de euros previstos para a obra.Rui Barreiro garantiu que esse desvio de verbas, destinadas a outras obras já em condições de avançar, seria colmatado em futuras alterações orçamentais, assim que a empreitada do Campo Infante da Câmara pudesse iniciar-se.Mas até lá há que ultrapassar os vários trâmites burocráticos e complicações processuais que, segundo alguns vereadores, estão na origem do incumprimento do cronograma proposto. O MIRANTE tentou também obter alguns esclarecimentos relativamente ao processo junto do presidente da Câmara Municipal de Santarém. As questões - tal como em ocasiões anteriores, após solicitação nesse sentido por parte do autarca socialista - foram colocadas por fax, enviado no dia 31 de Janeiro. Até à data não obtiveram qualquer resposta. Nesse fax perguntávamos quais as razões para os prazos previstos não terem sido cumpridos e pedíamos um ponto da situação do processo. Questionávamos ainda se a transferência orçamental de 1,2 milhões de euros desse projecto para outras obras significava que a intervenção já não arrancaria este ano ou se essa transferência seria corrigida ainda na vigência do actual orçamento. Por último, indagávamos se havia alguma previsão temporal para a selecção do projecto urbanístico na câmara e para um possível início das obras no local. “O TRABALHO JÁ FEITO DEVIA TER SIDO APROVEITADO”Face ao inusitado silêncio do líder do executivo, valeram os esclarecimentos prestados pelos vereadores José Andrade (PSD) e Luísa Mesquita (CDU), que fazem parte da comissão de acompanhamento do processo.“Houve a abertura de um concurso público e há um júri, do qual faço parte, que está ainda na fase preliminar de apreciação da capacidade dos candidatos. Só depois se seguirá a fase de apresentação dos projectos e a sua apreciação”, esclarece José Andrade, que vê na abertura deste novo concurso, já neste mandato - quando já havia na câmara um projecto aprovado para o local - “o adiamento de uma situação que era urgente para Santarém”. “Mantenho-me céptico relativamente a esta situação e disse sempre que este processo de encarar o Campo Infante da Câmara era uma forma dilatória de encarar um problema que era urgente para a cidade de Santarém. O trabalho que já estava feito devia ter sido aproveitado. Até por uma questão de despesas já realizadas”, continua o vereador do PSD.E Andrade prossegue nas críticas, manifestando muitas dúvidas de que as obras avancem em 2003. “As próprias verbas que estavam inscritas no Orçamento para cumprir o cronograma que foi apresentado já foram alteradas e há apenas verbas disponíveis, agora, para eventualmente pagar o projecto. Portanto, o processo do Campo Infante da Câmara não vai ser iniciado em 2003, claramente”.Luísa Mesquita é menos contundente na apreciação e clarifica que o atraso no processo se deve apenas a questões administrativas e não políticas. Mesmo assim está convencida que “está tudo a postos para levar os projectos à câmara”. Depois, diz, “é uma questão de dinheiro” a ditar se as obras podem ou não avançar este ano.Mas não se mostra preocupada com a transferência de verbas dessa rubrica para outras obras municipais, alegando que, dado o tempo que demora o concurso, não faria sentido ter dinheiro ali parado que é necessário noutros lados.João Calhaz
Campo Infante da Câmara continua ao abandono, mas projectos não faltam

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