“O Samba” no Espinheiro
O samba e a festa brava, o exército da Rainha de Copas e o circo foram os temas escolhidos pelos grupos que representam os três cantos da aldeia do Espinheiro, concelho de Alcanena, para o desfile carnavalesco.No domingo à tarde as três “escolas” entraram no largo João Davide Lourenço, no centro da freguesia, para mergulhar na multidão que se juntou na aldeia, onde residem apenas 600 habitantes.Nem o carnaval do Espinheiro escapou à febre brasileira do samba. As Casas de Além abriram o desfile em força ao som do ritmo brasileiro em tons de amarelo vivo e verde intenso. O grupo usou e abusou do tema da festa brava, com sevilhanas e o ambiente quente do Rio à mistura. Duas brasileiras genuínas animaram o carro alegórico, metade touro, com trajes típicos do carnaval carioca. Os fatos demoraram dois meses e muita paciência a criar, atesta Maria Alice, uma das veteranas do grupo, enquanto faz esvoaçar os folhos dourados da saia.A segunda escola a dar colorido à tarde foi a Rua da Comeira. O exército da Rainha de Copas de Alice no País das Maravilhas, com faixas garridas, vermelho e preto, inundaram o largo de ouros, espadas, copas e paus. No meio do desfile uma taróloga tentava adivinhar o futuro. “Vamos conversando dentro do grupo até chegar a algum tema”, explica Manuel Luís, um dos reis do desfile. A preparar o guarda-roupa para as 50 pessoas do grupo estiveram 10 jovens durante dois meses. Para o desfile a Câmara Municipal de Alcanena contribuiu com dois mil euros e a Junta de Freguesia disponibilizou 350 euros que foram divididos entre os grupos. O peditório feito aos visitantes e a contribuição dos próprios foliões ajudou a financiar o carnaval. “Isto é possível porque também há muita carolice”, garante Manuel Luís.“Há um jogo de segredo que se mantém durante os três meses de preparação da festa”, explica Luís Saca, um dos elementos da Casa do Povo do Espinheiro, que também a organiza o carnaval.A companhia de circo do vale ajudou a dar graça ao desfile. Palhaços ciclistas, malabaristas, contorcionistas, artistas de trapézio e bailarinas deram cor ao desfile.“Tentámos escolher um tema mais divertido. Apesar de ser sigiloso conseguimos sempre saber quais são os temas”, confidencia sorridente Glória Martins, a artista que apresenta o circo ao megafone. Foi Glória quem talhou a roupa da companhia. Para que estivesse tudo pronto a tempo a funcionária do Centro de Saúde trabalhou dia e noite nas últimas duas semanas. “Depois das 22h00 é que começava a confeccionar os trajes”, recorda. O carro alegórico do circo passeou-se com três bailarinas. Mas nem toda a companhia se apresentou no largo. O circo tinha também cavalos, burros, cães e ovelhas vestidos a rigor que desistiram de brincar ao carnaval quando ouviram o barulho do samba e da multidão. Quem não pôde arredar pé foi a tenda do circo, apoiada em bases de cimento, que ficou estacionada no largo, enquanto os foliões percorreram a aldeia a semear alegria.
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