O bombeiro toureiro chegou ao Ribatejo. Veio uns dias antes do carnaval mas até foi melhor assim. Houve risota farta antes da folia e, como estávamos às portas do entrudo, quem quis acreditar acreditou e quem não quis, fez de conta. Se ainda não percebeste do que estou a falar, eu passo a explicar. É do Coelhone. Esse mesmo. Ressuscitado, barbeado e tudo. O homem deixou Lisboa e apresentou-se em Santarém no Encontro Nacional de Autarcas Socialistas para um valente puxão de orelhas aos autarcas cá do sítio que andavam a bater palmas ao Governo por causa da separação do Distrito da CCR de Lisboa. Coelhone, que na vida civil é conhecido por Jorge Coelho e desempenha o cargo de Coordenador do PS para as autarquias, demorou meio ano a acordar e por isso não admira que tenha aparecido estremunhado e mal disposto. A presidentes de câmara como Sousa Gomes de Almeirim e António Rodrigues, de Torres Novas, entre outros, chamou “incautos”. Sobre a proposta que eles têm elogiado, de ligação da Lezíria do Tejo ao Alentejo e do Médio Tejo ao Centro disse ser “uma brincadeira pegada”.Mas o melhor estava guardado para o fim. Sem se rir, o que, como deves compreender é difícil, Jorge Coelhone Coelho, disse que o PS, “a seu tempo”, irá apresentar um modelo de descentralização “a sério”. Vê lá tu Serafim, como são estas coisas. O PS esteve uma carrada de tempo no Governo e está há um ano na oposição mas ainda não teve tempo para tratar desta coisa da descentralização. É por isso que eu cada vez me divirto mais com estas carnavaladas da política. Como diria o Jô Soares: “Eu não sou palhaço, mas estão-me fazendo de palhaço”. A seu tempo, disse ele. A seu tempo! Ai que ainda me cago todo de tanto rir. A seu tempo! Este homem é o máximo!O governo avança com uma descentralização da treta, manda com as comunidades urbanas para o meio da confusão. Os autarcas do PS do distrito de Santarém, com raras excepções aplaudem, entusiasmam-se e começam a discutir a coisa. O Jorge Coelho calado que nem um rato lá por Lisboa. E de repente, zás. Aí está ele a bramar. A bramir. Esta gente não é boa da cabeça, não senhor. O PS não terá dinheiro para dar fósfero ferrero às suas cabeças pensantes? A ideia de meter o distrito a martelo no Alentejo e na região Centro é uma fraude e uma anedota mas anedota maior é alguém demorar seis meses a descobrir isso.Eu cá por mim tirava o Coelhone das autarquias e metia lá o presidente da câmara de Abrantes, Nelson Carvalho. Ao menos esse anda há seis meses a protestar contra a descentralização do PSD apesar de ninguém lhe ligar pevide. Eu sei que o homem tem cara de mau e era difícil arranjar-lhe um nome engraçado para a contra-informação mas, caramba, haja justiça!O Coelhone a falar do distrito de Santarém lembra-me aquelas gajas que escrevem artigos sobre educação de crianças nas revistas da moda. Têm cursos, têm jeitinho para a escrita, têm dois palminhos de cara, mas nunca tiveram filhos ou quando os tiveram entregaram-nos de imediato a uma ama. Quanto ao resto percebe-se. A essência da luta política é dizer mal das ideias e das iniciativas dos adversários. Sempre. Quarenta por cento dos eleitores portugueses já o sabem e por isso se abstêm nas eleições. Serafim, voltei a zurzir nos políticos. Cum caraças! Descuidei-me. Esqueci-me que estamos no carnaval. Deixa lá, eu passo já para outra. Para o Reino Unido, por exemplo. O Governo de lá, como não tem um distrito de Santarém em risco de perder fundos comunitários, dedica-se com ardor a outras matérias. E se tu julgas que só em Portugal é que os políticos são patéticos, fica-te com esta. O senhor Tony Blair, provavelmente inspirado nas suas performances sexuais, vai lançar um programa de prevenção da gravidez na adolescência, através do qual os jovens são aconselhados a optar por sexo oral em vez do habitual pimba, pimba, truca-truca! Mesmo antes do Tony se ter lembrado de uma coisa assim, já os portugueses tinham decidido deixar de dar ao rabo para passar a dar à língua. Quem o gritou na primeira página foi o vetusto e insuspeito Diário de Notícias na sua edição de domingo, citando mais um daqueles inquéritos de alto valor científico sobre os hábitos de acasalamento dos indígenas. “Maioria dos portugueses pratica sexo oral”, diz a manchete. E quem somos nós para duvidar!Então, ssshhhhlllléééééppppttttt! Ssshhhhlllléééééppppttttt! E até à próxima.Manuel Serra d’Aire