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Quem me explica?

Quando os meus filhos acabaram o ensino obrigatório, já não existiam as Escolas Industriais e nenhum deles se sentia atraído pelo Liceu.Tal como os meus filhos, existem em todo o Portugal, milhares e milhares de crianças neste dilema e, com a agravante de não poderem ser levados a aprender qualquer ofício, por ainda não terem idade para poderem ser recebidos em qualquer oficina, mesmo na situação de aprendizes.Esta tremenda situação para os pais destas crianças, já se vem prolongando desde há muitos anos e não se vê que qualquer Ministério da Educação, resolva este problema.Então, o que podem fazer os pais destes jovens, nesta situação? Pelo que vejo…nada!Aquilo que se tem visto, foi um aumento de anos de escolaridade primária, para manter ocupadas as crianças, mas ensinando-se cada vez menos e vendo-se que muitos chegam ao Liceu sem sequer saberem a tabuada.Quando eu acabei a Instrução Primária, em S.Miguel, Açores, ainda tive a sorte de haver Escolas Industriais, a Velho Cabral, e foi para esta que fui encaminhado.Lá aprendi imenso, e contactei pessoalmente, com muitas dezenas de alunos provindos de toda a ilha de S.Miguel.Por motivos de alteração de vida dos meus pais, tive de vir para o continente e, mais uma vez, fui parar a uma Escola Industrial, a Velho Cabral, em Lisboa, escola muito maior do que a açoreana, com enormíssimas oficinas, repletas do melhor que havia em máquinas, para uma pessoa aprender.Em 1951, tendo conseguido emprego em Benavente, ainda vim encontrar uma pequena Escola Industrial, mas passados poucos anos, ela foi fechada.Há pouco tempo ainda tive a oportunidade de ver como estava a ser conservado o material desta escola e até fiquei surpreendido com o cuidado que alguém estava a ter com ele, pois estava todo em muito bom estado.Quando todos sabemos que pagámos milhões de contos para que o Estado montasse tantas e tantas destas escolas, parece-me muito confuso o que entretanto aconteceu, com o seu encerramento e sem nada melhor à vista.A partir do seu encerramento, bem como de todas as outras no país, deixou de haver sítio onde se possa ocupar a juventude menos aliciada pelas literaturas e é o que a gente vê: milhares de jovens completamente abandonados, praticamente até chegar o tempo da tropa.Será que, quem tomou nas rédeas a destruição deste património, se esqueceu destas centenas de milhares de crianças, e pensou que o melhor seria só termos doutores? E é aqui que entra a minha pergunta: porquê?Mário Portugal Faria

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