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Fusão dos politécnicos é um erro

Walter Lemos nas conferências da Escola Superior de Gestão

A fusão dos institutos politécnicos de Santarém e Tomar poderá representar a “morte” das duas instituições. É esta a opinião do presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Walter Lemos, sobre a possível união dos dois institutos politécnicos do distrito, defendida por muitos académicos da região como ponto de partida para a criação da universidade do Ribatejo.

“Fundir significa reduzir a intervenção da instituição existente. Ao fazê-lo, encaminha-se a instituição para a morte. Abaixo de um mínimo de exigência científica e de recursos não é possível proporcionar um bom ensino. E hoje já não estamos longe desses patamares”, afirmou Walter Lemos.O professor, que falou sobre “Politécnico/ Universidade – que futuro?”, foi um dos oradores do ciclo de conferências “História, Cultura e Desenvolvimento”, que se iniciou terça-feira, na Escola Superior de Gestão do Instituto Politécnico de Santarém.Para o académico a palavra racionalizar, dita por políticos significa cortar e, por isso, desconfia da expressão. “Caso se tenha de «racionalizar» há que fazê-lo onde faça menos diferença. Tirar mil alunos a Lisboa não faz muita diferença. Tirá-los a Santarém, Beja ou Castelo Branco representa a sua morte”, revelou. Para Walter Lemos a questão central é ter instituições “o mais eficazes possível e com condições para que o ensino e a investigação se façam com um mínimo de qualidade”.O presidente do Instituto Politécnico de Santarém, Jorge Justino, garantiu no entanto que teve uma conversa com o ministro da Educação e não houve qualquer alusão à fusão entre os politécnicos de Santarém e Tomar.O professor Joaquim Veríssimo Serrão fez questão de vincar também a importância do ensino superior no interior. “As pessoas de Santarém, Almeirim ou Alpiarça têm o direito de ir às aulas no politécnico, voltar a casa e regressarem no dia seguinte. E não terem que optar por Lisboa ou Coimbra”.A RIQUEZA ESTÁ NA DIVERSIDADEWalter Lemos diz que é frequentemente veiculada a ideia errada de que o ensino superior constitui um problema e representa apenas despesas. “As instituições educativas são a melhor promessa de futuro que a sociedade tem”, garante.Nos últimos 20 anos Portugal deixou o último lugar da lista para se colocar acima da média no que diz respeito aos níveis de escolarização de jovens entre os 18 e os 24 anos.As instituições de ensino superior conseguiram introduzir uma estratégia de desenvolvimento regional, contrariando a histórica tendência de colocação das instituições no litoral.O responsável sublinha que Politécnicos e Universidades são dos poucos serviços públicos sem buracos orçamentais, mas com receitas que são aplicadas em investimento. “Revelam melhor desempenho que a maioria dos serviços públicos”.Para Walter Lemos a desadequação da rede de formação face às necessidades de trabalho não é tão grande como se propagandeia. “Não são fábricas de fazer salchichas”, ironiza.Na sua opinião a riqueza do ensino superior público – que apresenta dois tipos de ensino, ao contrário do que acontece com os privados – está na diversidade.O professor lembra que nas universidades foram criados cursos de conservação e restauro, engenharia do vestuário e higiene oral, ao passo que nos Politécnicos não foram criados cursos tradicionalmente universitários, como a medicina, psicologia ou sociologia. “A competitividade levou à deriva académica dos politécnicos e à deriva politécnica das universidades”, revelou.É por isso que o “biólogo de formação”, defende a diversidade como a melhor estratégia. “É preciso defender uma rede de formação que seja complementar. A repetição de cursos não pode continuar”.Por outro lado o responsável defende que os graus académicos devem ser os mesmos para Politécnicos e Universidades desde que seja desenvolvido um trabalho de “excelência” em determinada área.Em relação ao acesso ao ensino superior, Walter Lemos criticou a filosofia de restrição “administrativa”, argumentando que “não é verdade que a qualidade do ensino resulte da diminuição de alunos”.

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