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A azia do presidente

Rui Barreiro pediu explicações a vereador sobre declarações prestadas a O MIRANTE

As declarações do vereador da CDU a O MIRANTE sobre a falta de explicações relativas à contratação de serviços na área da comunicação e o artigo publicado na nossa edição da semana passada relativo às edições do Boletim Municipal e Agenda Cultural, causaram visível azia ao presidente da Câmara de Santarém, Rui Barreiro. O autarca abriu a reunião do executivo de segunda-feira à tarde a pedir explicações e a fazer acusações mas foi pior a emenda que o soneto. Mesmo as ameaças veladas de procedimentos “convenientes” contra O MIRANTE só serviram para tentar desviar a atenção de procedimentos que Rui Barreiro criticou ao seu antecessor no cargo, mas que agora assume sem pejo.

O presidente da Câmara de Santarém, o socialista Rui Barreiro, abriu a reunião do executivo de segunda-feira com um pedido de explicações ao vereador da CDU José Marcelino feito em tom pouco amigável. Tudo porque não gostou de ler as declarações do seu adversário político na última edição de O MIRANTE, onde este o criticava por não ter prestado informação ao executivo sobre o processo de contratação de serviços na área da comunicação.Rui Barreiro interrogou José Marcelino sobre a veracidade dos comentários transcritos no nosso jornal, com o vereador a confirmar e a repetir críticas então lançadas. O autarca da CDU recordou que há um bom par de meses que a CDU andava a questionar o presidente sobre a metodologia usada para a contratação de empresas para elaboração do boletim municipal e da agenda cultural. Esforços que nunca tiveram resposta adequada.Só depois da nossa notícia, e após ser novamente questionado pela oposição, é que Rui Barreiro decidiu explicar claramente que as empresas que até agora trabalharam para a câmara foram contratadas mediante ajuste directo, após consulta a várias empresas. Uma situação que se vai alterar em breve, na sequência dos concursos públicos lançados pela autarquia há duas semanas para contratação de empresas destinadas à execução do boletim municipal e da agenda cultural.Rui Barreiro afirma que todo o processo, que redundou agora na abertura dos concursos públicos, decorreu normalmente e dentro da legalidade. O que aliás nunca foi questionado. Só que se esquece das críticas que lançou ao seu antecessor, José Miguel Noras, por este ter estabelecido protocolos na área da comunicação e publicidade sem consultar o executivo. No início do seu mandato, Barreiro propôs a anulação desses protocolos por os ter considerado “secretos”. Mas mais tarde não trouxe à consideração do executivo a questão dos contratos com empresas de comunicação e nunca discutiu com os seus pares a aposta na reactivação do boletim municipal, numa altura de propaladas dificuldades financeiras. Além disso, levou meses a responder a questões da oposição sobre o assunto e só o fez na sequência da notícia publicada em O MIRANTE.BARREIRO ASSUME O PAPEL DE VÍTIMANa reunião de câmara de segunda-feira, Rui Barreiro assumiu o papel de vítima e disse alto e em bom som que havia pedido um direito de resposta ao nosso jornal, além de que se reservava a “outros procedimentos que julgar convenientes” e que não especificou.Mais uma vez, Rui Barreiro não mostrou o jogo todo e omitiu convenientemente aos seus pares da vereação que O MIRANTE lhe enviara uma série de perguntas, por fax, na manhã de sexta-feira, às quais não respondeu. E, até ao fecho dessa edição, teve três dias úteis para o fazer, sem contar com o fim de semana.A estratégia de vitimização do presidente da autarquia saiu aliás furada, já que após ter questionado José Marcelino da forma em que o fez – e que a vereadora da CDU Luísa Mesquita considerou “lamentável” – só conseguiu potenciar as críticas à sua actuação na matéria em causa.“Não me lembro de uma vez, desde que entrei neste executivo, que fosse pedida uma informação e que o senhor presidente nos dissesse que ela vinha 15 dias depois. A maior parte das vezes não aparece ou aparece meses depois”, afirmou Luísa Mesquita, que elogiou o papel do nosso jornal e do vereador José Marcelino para o esclarecimento da matéria em apreço. “A comunicação social está de parabéns. Não fosse ela e as declarações de José Marcelino e ainda não teríamos resposta”.José Marcelino acrescentaria, dirigindo-se a Rui Barreiro: “É pena que tenha sido só através das notícias de O MIRANTE que se tenha esclarecido isto. Ter-se-ia evitado esta discussão e todo esse azedume”.João CalhazQue faz José Cruz na câmara?As vereadoras Hélia Félix e Luísa Mesquita voltaram na segunda-feira a questionar o presidente da Câmara de Santarém sobre quais os serviços ou funções que o eleito do PS na assembleia municipal, José Luís Cruz, presta no município. Mas o socialista Rui Barreiro não deu qualquer resposta concreta.Luísa Mesquita recordou a velha história da mulher de César, sugerindo que o eventual exercício de funções na autarquia por parte desse militante socialista colide com a sua condição de eleito na assembleia municipal. “É uma pessoa do PS que terá responsabilidades numa das empresas que trabalha para a câmara”, declarou a vereadora da CDU.COMENTÁRIOOs Ruis Barreiros da políticaRui Barreiro perdeu as estribeiras quando na última reunião de câmara abriu a sessão a interrogar o vereador da CDU, José Marcelino, a propósito de declarações proferidas a O MIRANTE. Fazendo-o num tom pouco cordial, a fazer crer que ali quem mandava era ele, Rui Barreiro acabou por ter que baixar a voz e refugiar-se em insinuações. Um bom exemplo da fraca personalidade política que desde o início mostrou ter, que nada dignifica o lugar que ocupa nem o prestígio da autarquia escalabitana. Depois de tanto alarido a propósito de alegados acordos secretos, Rui Barreiro acaba de ver cair-lhe em cima a saliva que andou a cuspir para o ar. Costuma dizer-se que quem com ferros mata com ferros morre. Na última reunião do executivo, Rui Barreiro sentiu pela primeira vez o calor da vergonha e, não fosse a sua falta de pudor político, teria aproveitado a ocasião para pedir desculpas pelos equívocos que andou a semear no início do seu mandato.Ouvir um executivo municipal discutir as notícias de O MIRANTE durante cerca de duas horas, é uma honra para quem aqui trabalha, tanto mais que esta empresa não depende, nem em um euro, da publicidade da autarquia de Santarém. Apesar de nos sentirmos discriminados, até porque duas empresas do grupo do jornal têm sede no concelho de Santarém, a ordem na Redacção é trabalhar para provar aos Ruis Barreiros da política escalabitana que o jornalismo é uma actividade mais nobre que a política. Recorde-se ainda aos nossos leitores que para obtermos declarações do senhor presidente da câmara só nos resta apresentar as questões por escrito e que, nem assim, como aconteceu na passada semana, conseguimos chegar à fala com Rui Barreiro.Como diz um provérbio grego “as palavras da verdade são simples”. Rui Barreiro e a sua equipa bem merecem a vergonha que estão a passar. O texto que publicamos ao lado é elucidativo do estado a que as coisas chegaram. “Para pouca vergonha valia mais nenhuma”, diria o provérbio grego se não tivesse sido inventado por um português. JAE

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